quinta-feira, 30 de julho de 2015

PIXELS X ÁTOMOS


"Saudações Guerreiro Estelar! Você foi convocado pela Liga Estelar para defender a Fronteira contra Xur e a Armada Ko-Dan". Esta frase eletrizante iniciava um jogo de guerra espacial naquelas antigas máquinas de game no filme O Último Guerreiro Estelar. A máquina na verdade era uma sonda de recrutamento para selecionar guerreiros talentosos para uma batalha espacial no mundo real. A premissa de enredilhamento da narrativa era que o protagonista se tornara tão bom dentro daquele mundo virtual que suas habilidades poderiam ser transposta para o mundo físico (o jogo é físico também), ou melhor para o mundo real (o jogo esta dentro do mundo real também), ou melhor para o mundo extra-digital, tridimensional-corpóreo (assim está melhor). Na primeira vez que assisti tinha 10 anos é gostei muito. 

Depois de 30 anos, nesta semana, assisti outro filme que me lembrou deste. A premissa é um pouco parecida, mas enviesada, retorcida. As habilidades dos protagonistas desenvolvidas num apego obsessivo sistemático aos games são usadas numa guerra no mundo real também. Mas neste caso é contra um ataque alienígena à Terra perpetrado por seres que enviam máquinas (ou algo do tipo) baseados e inspirados em Jogos da linhagem de Pac Man (Come-come), Centopéia, Donkey Kong e outros das antigas máquinas de Fliperama. Os mocinhos são uns nerds (quase geeks) fracassados socialmente (e afetivamente), tipo assim uns zé-ninguém que se tornam heróis universais salvando o mundo inteiro fazendo o que só eles sabiam fazer: serem campeões de games. 
Vale o ingresso, principalmente para quem atravessou os anos 80 na infância. Os mais novos e os mais velhos talvez não irão gostar muito.
Achei interessante uma dificuldade apresentada pelo protagonista principal do filme. Segundo ele os primeiros níveis/fases dos games eram mais fáceis devido a previsibilidade de padrões recorrentes nas ações dos oponentes digitais. Ele reconhecia e ia memorizando os padrões da máquina. A medida que os níveis iam subindo, nas últimas fases do jogo as coisas iam ficando mais difíceis pelo fato de os inimigos se tornarem imprevisíveis, de as reações dos antagonistas se tornarem aleatórias fugindo aos padrões. Então um guri (seu provável futuro enteado) dá a dica : Imagine que o inimigo vai reagir como você, se você estivesse sendo atacado. Ou seja, nós últimos níveis deveria se jogar levando-se em conta uma equalização homem-máquina, a subjetividade baseada no livre-arbítrio contra um simulacro reativo de algorítimos em expansão ao infinito.  Se você já jogou xadrez contra o computador deve ter achado em alguns momentos que o bicho tava realmente vivo não é verdade?



***

Mas por falar nesta dicotomia virtual versus real, pixels versus átomos recordei-me de um filme em que ocorre meio que quase o inverso da premissa subjacente no roteiro deste dois filmes mencionados. Tanto em Guerreiro Estelar como em Pixels é como se os jogos tivessem saído do domínio virtual e vindo para o mundo corpóreo. Em um filme também da década de 80 do século passado ocorre uma inversão, são os protagonistas que saem do mundo real e adentram o mundo virtual. O Filme é TRON, Uma Odisseia Eletrônica. Filme fascinante, principalmente o mais antigo ( fizeram remake).


*** 

Êhh década de 80 saudosa, até hoje ecoa! 

Estou meio que fugindo do assunto mas...

Percorri-a (a década de 80) dos 5 aos 15 anos, será que estou padecendo do Complexo do Paraíso Perdido ou este anos foram realmente uma época fértil, culturalmente criativa e dotados de uma áurea mágica especial?

Até mais...

terça-feira, 21 de julho de 2015

A FUNDAÇÃO IDIOTA-GRUPAL SOCIAL

Há cinco anos atrás escrevi um pequeno texto por aqui (A base imbecil-coletiva da pirâmide) que tentava mostrar um padrão recorrente concernente a umas criaturinhas pequenas, geralmente feias, lerdas, burras, porém trabalhadoras, laboriosas, industriosas, pertinentes a cavernas ou florestas, criaturinhas estas que apareciam nas culturas mitológicas antigas e frequentemente aparecem na cultura popular midiática hodierna. Embora sejam seres mitológicos, estes elementais representariam uma forma de reconhecimento (Aventei a hipótese) que a coletividade social faz de suas castas mais baixas. Eu não tenho nome para esta autoprojeção cultural de partes da sociedade para ela mesma como um todo, nem vou procurar uma denominação, agora, eu acho, talvez. O motivo então de eu postar novamente algo relacionado ao assunto é que ao me enveredar em águas orientais, em regiões culturais pertencentes ao budismo eu topei novamente com a recorrência. E assim en passant, vou deixar registrado aqui...


A fórmula é : um grupo padronizado, uniformizado, meios retardados mentais, mas trabalhadores. Que refletiriam as castas, estamentos, classes sociais mais baixas... Tal qual se explana no livro de Aldous Huxley, O Admirável Mundo Novo, onde o grupo na base da pirâmide social, que são responsáveis pelos trabalhos braçais são  "Os Semi-aleijões Ypsilon-menos, dos grupos gêmeos Bokanowiski, imbecis, felizes e dedicados."(#)





Sim, Então outro dia, enquanto me encontrava lendo umas escrituras budistas (os suttas), apareceu novamente a recorrência semi-arquétipa. Eram os tais de Yakkhas ou Yakshas que é  "o nome de uma ampla classe de espíritos da natureza, geralmente benevolentes, que são responsáveis ​​pela manutenção dos tesouros naturais escondidos na terra e das raízes das árvores."  São os sete anões, trolls e gnomos, smurfs daquela região oriental





É isso, (KKKKK!).

Registre-se...
Deus Vulcano, feio e trabalhador...
.

Ps: Levei os guris ontem para assistir o filme dos Minions. O sonho da vida deles (dos minions), seu anseio, desejo, anelos mais profundos era... encontrar um vilão para serem capachos dele. Que coisa mais deprimente...
Os outros "servos-escravos-paus mandados" pelo menos obedecem "patrões-senhores-amos" bons como é o exemplo dos duendes que são os ajudantes do Papai Noel.

É um negócio masoquista ficar repetindo o mantrinha: Chefinho, chefinho, chefinho... Af! (KKKKK)



Até....

segunda-feira, 13 de julho de 2015

O EXTERMINADOR DO FUTURO - GÊNESIS

Não vou dizer que entendi totalmente o roteiro de O EXTERMINADOR DO FUTURO - GÊNESIS pois estaria sendo inexato e insincero. Mesmo porque já assisti a todos os episódios passados incluindo suas derivações e ramificações forçadas e é tanta volta e nós temporais, tantas manobras quânticas e acrobacias cronológicas que teria que tirar tempo pessoal para me tornar um Expert neste filme para poder entendê-lo. Mesmo assim gostei do filme e recomendo, principalmente para os aficcionados nos Exterminadores do Futuro passados. Os elementos, as marcas digitais, está tudo lá: Skynet, Sarah Connor, Jonh Connor, o Exterminador T-800 prefigurado por Arnold Schwarzenegger (este nominho eu tive que ver no google como se escreve realmente), Sendo que este Exterminador é apresentado no filme com três versões cronológicas. Um novo, um de meia-idade e um quase idoso.
"Velho, mas não obsoleto" como afirma o próprio Exterminador chamado no filme de Papi por Sarah Connor, porque nesta versão do filme um exterminador fora enviado do futuro para uma época no passado em que Sarah Connor tinha apenas 9 anos de idade e que após a morte de seus pais por um T-1000(aqueles de metal linquido) passa a cuidar da garota como um Pai. Nesta versão paralela de um universo alternativa a personagem Sarah Connor se mostra mais autêntica do que em todas as outras versões da série. Idem para o legendário herói da rebelião humana contra as máquinas, Jonh Connor.


Ao invês de encontrar uma inocente garçonete  o sargento da Resistência Kyle Reese já começa sendo salvo por uma Sarah Connor guerreira, treinada desde a infância pelo T800 que a salvara.

***




Sempre achei curioso que no inglês o título do filme aparenta ser como O Terminador do Futuro, o Finalizador...


Também sempre achei sedutor este tema de viagens no tempo como em Operação Cavalo de Tróia por exemplo (onde o futuro poderia ser alterado) ou Os Doze Macacos (onde o futuro não podia ser alterado).

Veja uns interessantes textos sobre viagens temporáis:







Mas quem jogou a pá de cal em qualquer pretensão de uma crononavegação no mundo real, explicando sua impossibilidade pura e simples foi um Campineiro em um interessantíssimo livreto denominado Edmund Husserl Contra O Psicologismo, onde além de provar que a lógica e a matemática não são criações do psiquismo humano, falando sobre o Exterminador do Futuro o autor afirma que o fato de existirem dois personagens que são o mesmo, um no futuro e outro no passado viola o principio de identidade e demais leis da lógica, vou transcrever as partes em que ele cita o filme:

TRECHOS DO LIVRO EDMUND HUSSERL CONTRA O PSICOLOGISMO (download) ONDE SE MENCIONA O FILME O EXTERMINADOR DO FUTURO

"...Como leis reais, as leis das verdades seriam regras da coexistência e da sucessão. Então uma lei prescreveria o ir e vir de certos fatos, chamados verdades; e entre estes fatos deveria encontrar-se, como uma a mais, a lei mesma. A lei mesma nasceria ou pereceria segundo a lei... patente contra-senso... Se fosse possível isso, deveria haver uma lei que regrasse a coexistência e a sucessão, e que dentro dessa sucessão passaria a ser verdade a mesma lei que regra essa mesma sucessão. Isto aí parece o “Exterminador do Futuro”A lei passaria a ser verdade. Aí você teria uma lei que regraria uma determinada sucessão  dentro da qual a mesma lei que regra essa sucessão passaria a ser verdade a partir do momento que acontecesse, e não antes. Aliás, falando em “Exterminador do Futuro”, saiu um artigo em São Paulo, do Conrad Lorentz, chamado “O Exterminador da Lógica”, porque o Exterminador do Futuro voltava para o passado para impedir que acontecesse uma coisa no futuro, futuro esse no  qual ele também estava. De modo que o efeito teria o poder de retroagir sobre a causa, e anular a causaO curioso é que as pessoas vêem esse filme e elas sentem as emoções do filme como reais, embora ele se fundamente numa hipótese que é impossível. Não é a mesma coisa que uma ficção científica qualquer que nega apenas as condições presentes da percepção do indivíduo. Você pode supor estórias onde todas as leis da Física e da percepção ...(?)... das revistas, e a imaginação pode operar esta mudança. Você pode inventar uma outra realidade partindo do princípio da sua possibilidade, ou seja, não é impossível que fosse assim, e o fato não ser impossível, embora altamente inverossímil, é que permite que você creia por uns instantes.

Agora, se você crê na verossimilhança da impossibilidade, então para isso você tem que desligar o seu cérebro completamente.
Se você pensa que uma coisa é impossível, você matou a verossimilhança dela, aliás, a coisa é impossível em si mesma. 

É impossível em si mesma que uma coisa aconteça e não aconteça. Ou você conta a estória, ou você não conta a estória; ou o personagem existe, ou não existe; ou ele existe sob uma forma, ou sob outra, ou existe sob várias, porém, se uma coisa é intrinsecamente impossível, não extrinsecamente, a condição que possibilita a crença à verossimilhança foi solapada. 


Se você olhar lá a metamorfose de Kafka, e o nego virou barata, você sente aquilo como uma possibilidade, que se não é verdade ao princípio da percepção dele, tem que se dar de alguma outra maneira. Ele toca de algum modo. Mas se você disser que ele virou barata, embora não tivesse virado barata de maneira alguma, qual emoção você vai ter? Zerou, a imaginação não pode prosseguir. Não dá para entender. Agora, se você faz o nego virar barata na página x, daí lá para diante você continua a estória como se ele jamais tivesse virado barata, é um outro pedaço da estória totalmente independente do primeiro, você mudou de estória no meio e não percebeu.
É ´E

É exatamente isso que faz o “Exterminador do Futuro”, são duas estórias, totalmente superpostas, e uma não tem absolutamente
nada que ver com a outra. O sujeito que bolou isso é muito inteligente. Ele bolou para sacanear mesmo.

[ Stella: como assim “2 estórias”? Você tem o mesmo personagem...
]
O quê quer dizer “o mesmo”? Você contou duas estórias como se fosse o programa “Você Decide” (Rede Globo). Você conta uma estória, e conta outra estória alternativa; ou esta, ou aquela...

Só que este ou ele trocou por e; esta e aquela. Então, numa o sujeito matou a mulher, no outro ele não matou a mulher. Você conta as duas estórias, você  sente, você vivencia a primeira, e você vivencia a segunda. Ele conta as duas, que são estórias alternativas, e simplesmente diz que não é alternativa, mas que é soma.


E você aceita. Quer dizer, não é uma verdadeira ficção, são duas ficções.

[ Stella: mas onde é que está a raiz disso ser admitido como  verossímil? ]

Não, isso não é admitido como verossímil, isto e vivenciado como verossímil. Agora, a pergunta e a seguinte, “Por que é que o sujeito se emociona com isso?” Ele se emociona porque as emoções (no caso(?)) são independentes do sujeito ter voltado para o passado ou não.


O fundo lógico é a própria trama. O que é uma trama, não é uma relação lógica? O espectador ignora que são duas estórias, ele 
vivencia as duas estorias, que não se misturam de jeito nenhum, e que são mostradas como independentes, e a suposição de que existe uma relação entre passado e futuro é acrescentada de foraela não é vivenciada, prestem bem atenção.  Isto não é vivenciado como noção estética um único momento. Não é possível. Tem uma estória aqui e tem outra estória alí. Não é que esta é a mesma e a questão  lógica, prestem bem atenção. Este e ou/ou é uma questão meramente lógica, esta ´é que ´é lógica. Se as duas ´estorias são vinculadas por alternativas, ou por uma conjunção este e que é o enlace lógico. E este enlace permanece puramente lógico, e não estético, ele não faz parte da estória, não faz parte do filme.


Se aparecesse, p.e., o bandido perseguindo o mocinho é querendo matá-lo, e você vivencia isto. Daí aparece o mocinho dando um “amasso” na mocinha, e voce vivencia isto. Onde que você vivencia o antes e o depois, o transcurso retroativo de tempo?
Não há no filme nenhuma emoção relativa a um transcurso retroativo de tempo. Prestem bem atenção, é uma relação externa que simplesmente é afirmada. ´

[ Pergunta: o filme não mostra esse momento de volta ao passado? ]

Isso não é vivenciado, simplesmente se superpõe. Claro que tem algo que representa, que faz o gancho, mas o gancho permanece externo.

[ Stella: não é como “a árvore que fala”? ] ´
Não! Não é como “a árvore que fala”. De jeito nenhum! Se a árvore fala você  pode ter uma emoção de quem vê uma árvore falando; se um burro voa você pode ter a emoção de quem vê um burro voando; se aparece o ET, que é uma meleca falante, você pode ter a emocão de quem vê essa meleca falando. Por que o ET emociona? Porque ele é  feio, esquisito, e fala de sentimentos humanos. Ele é uma síntese! E uma síntese estética!  O ET é mostrado tendo sentimentos humanos e você vivencia isto. Agora, o homem que volta ao passado para retroagir sobre o futuro, ele não é mostrado fazendo isto. Ele é mostrado agindo num transcurso normal de tempo e afirma-se, no cartaz do filme, que ele fez isso.  Só se informa. Você pode informar  no próprio filme, mas não como um elemento que faça parte da própria trama. P.e., é que nem contar uma estoria e dizer que essa estória se passou em 1725. A data fica externa. Ou então, mostra um filme que se passou todinho dentro de uma sala, e informa que isso aí se passou na Russia, p.e.
Você não viu Rússia nenhuma, nada, nada, nada. Você superpõe a informação. Você superpõe logicamente, e não esteticamente, prestem bem  atenção! Você trocou um ou por um e, esta é uma operação puramente lógica, que não poderia ter uma tradução estética porque a narração, ou ela segue um tempo que vai do tipo de trás para frente, ou ela tem que (picotar(?)) e mostrar várias narrações, p.e., você pode mostrar uma parte que se passou em 1960, outra que se passou em 1910, mas quando está se passando em 1910 faz de trás para frente, ou seja, cada uma das sequências segue uma seqüência de tempo normal, linear para frente, e não para trás.  Não é  possível a narração para trás, não é  possível. Não é “ananab”, é “banana”. ´


Se você diz que tais coisas aconteceram depois, e que tais outras aconteceram antes, mas você não mostra nenhum transcurso, o transcurso não foi narrado, ele foi simplesmente afirmado. Então, a reação normal seria dizer, “ É empulhação, porque você disse que ia me mostrar que ele volta no tempo e você me mostrou um cara aqui no tempo normal, agora, você me disse, me afirmou  que era num tempo anterior! Mas eu não vi isso...”  Em qualquer ficção você pode fingir as condições físicas, psicológicas,
etc, etc, mas as condições lógicas você jamais desmente, porque a imaginação está rigorosamente encadeada  ´ a lei `
das possibilidades, aliás, são as únicas que ela conhece. 


[ Stella: e esse filme que esta aí, que e baseado no romance da Virgínia, “Orlando”, onde ela não só vive 400 anos, mas como ela
muda de sexo? ]
E isso é logicamente impossível? Vocês já deveriam ter percebido a diferença entre uma impossibilidade física e uma impossibilidade lógica. Viver 400 anos é uma impossibilidade lógica? Mesmo se você disser que esse quadro é realista, o sujeito durou 2000 anos, isso e uma impossibilidade lógica? Não é impossibilidade lógica, no máximo é inverossímil. Todas as ficções se baseiam no improvável e no inverossímil, e os padrões do improvável e do inverossímil se baseiam na possibilidade lógica, que são as únicas leis que a imaginacão reconhece. “Ele viveu 400 anos, embora tivesse vivido apenas uma semana”, isso e que é ilógico! A impossibilidade física é meramente relativa, porque é improvável, “Neste mundo não acontece...”, quer dizer, desmente as condições da sua intuição do mundo sensível, desmente as suas convicções profundas adquiridas pelo longo hábito, sedimentadas por um hábito humano milenar, mas não é impossibilidade intrínseca. 


A imaginacão não está  presa as leis do bom-senso, da percepção comum e corrente, etc, etc. As únicas leis que existem para a imaginação são as leis da possibilidade pura
Agora, “O Exterminador do Futurodesmente exatamente estas leis. E o que me espantou e que as pessoas não exigissem do filme nenhum sinal de que aquilo realmente é do futuro, ou do passado, e aceitar aquilo que esta dito no cartaz, ou no título.




É como se eu dissesse assim, eu vou mostrar para vocês uma estória de um faroeste, e ao invés de eu mostrar a estória, eu digo, “Nessa estoria há um personagem que corresponde ao conceito de mocinho e que age de acordo com as determinações lógicas do seu papel, etc, etc”, quer dizer, eu falei sobre o filme, eu não mostrei esse troço! Eu fiz um comentario externo. No filme “O Exterminador do Futuro” o núcleo do enredo é um mero comunicado externo, que não acontece, que não está lá, e que você aceita como uma referência externa. Que o espectador veja isto, e que ele saia contando a estória como se ela tivesse acontecido é sinal que ele conta uma estória diferente da que ele viu no filme. Ele conta a estoria logicamente!... Ele la viu uma estória cronológica, e a estória que ele sai contando é a relação lógica que ele mesmo inventou e que não está lá. E ele acredita que ele viu aquilo! Que o sujeito faça isto e não perceba é  sinal de que chegou num nível de imbecilidade atroz, e eu acho que esse filme foi feito justamente para testar isto, “Vamos ver como e que as pessoas engolem...” Engolem qualquer coisa. O cara não foi para o passado, você é que quis que ele fosse. Não foi isso que foi mostrado no filme, foram mostradas ações que transcorrem num tempo qualquer. Não é uma coisa que você vê, não é essa coisa física, estética, é uma relação lógica, que não está no filme, que está apenas proposta, dita, e que você acredita que viu. Vejam, até que ponto você está disposto a aceitar uma mentira para atender um desejo? Eu diria, “A imaginação está limitada pelas leis da impossibilidade intrínseca!” P.e., você pode imaginar que você fosse uma outra pessoa vivendo em outra época, “Eu sou um príncipe que mora no Afeganistão, num palácio de marfim, com 40 princesas...”, você pode imaginar tudo isso. Agora, quem era esse príncipe? Era eu, e eu vivi as experiencias do príncipe com o meu ego, eu sentia. Ou era um outro que sentia? Aí entrou a impossibilidade lógica, porque eu posso supor que eu era o príncipe, mas algo de mim tem que se conservar. Se eu dissesse, “Eu era totalmente diferente, e tinha inclusive outras memorias, a minha memória era outra, ...”, então não era eu! Um 
pouco o pessoal que fala de reencarnação fala isso. Se você não tem memoria pessoal então você não tem utilidade para o ego e consequentemente não é você. Você pode satisfazer os desejos através da imaginação contanto que você não negue o eu que é  o detentor desses mesmos desejos. Agora, se você está  disposto até a isto, é a mesma coisa que você cortar a cabeça para curar a dor-de-cabeça , não é? Quer dizer, é uma proposta sub-humana. Ninguem jamais deveria aceitar uma  coisas dessas. Eu poderia contar uma estoria que se passou comigo, sem eu ter nascido?




Eu não posso!... O meu nascimento é um pressuposto de que eu possa ate ter desejos. Então, esse ponto a imaginação humana jamais violou essas coisas, porque se ela viola, ela se desliga automaticamente. Você fecha o ...(?)..., porque você substitui por uma espécie de combinatória lógica de computador. Você  acaba com o próprio desejo. Seria assim como, você deseja tanto a fulaninha que você queria ser ela, p.e. Isso e demência, não é? Se você é ela, você não a deseja mais, você  esqueceu o que você queria. Isso aí nega a própria condição do desejo. Se o sujeito chegasse a esse ponto, como o esquizofrênico apaixonado, que se identifica com o ser amado, alias, outro dia passou um filme com o Antony Perkins, que só faz papel de louco, e tinha uma moça que era secretaria de dia e prostituta à noite, ele vai lá, fala um monte de coisas esquisitas para ela, e ela pergunta, “Mas quem é você?”; ele fala, “Eu sou você. O cara está muito louco. Não é? Isso aí já transcendeu os desejos. Porque nele o desejo de possuí-la se mistura com o desejo de que ela o mate. Que raio de desejo é esse? É um desejo que tem a sua própria negação no mesmo ato, e que não pode ser atendido em hipótese alguma, na verdade, é outro desejo, é a destruição total. A partir do momento onde o espectador começa a aceitar esse monte de coisas é porque entrou num estado de depressão tão grande, mas tao grande, que ele para atender o seu desejo de imortalidade ele concorda em jamais ter existido, p.e. Aí é o niilismo total, é a paralisia total da imaginação, da inteligência, de tudo. É uma coisa muito grave. Se você aceita a hipótese psicologista você acaba aceitando tudo isso aí. As formas da imaginação, as formas da arte, tudo isso vem do horizonte que a inteligencia humana é capaz de abarcar num certo momento. Se a inteligência humana não chegou a abarcar essa contradição do psicologismo, aí vale tudo! Os artistas são antenas, eles captam coisas que estão no ar, que eles não sabem de onde vem e expressam aquilo imaginativamente como podem. Seja um artista grande ou pequeno, ele vai captar formas imaginarias que não são criadas inteiramente por eles, não poderiam criar do nada. São emoções, e valores, e imagens, que estão por aí pelo (cosmos(?)). 



Quando você vai ver o que que está por aí voce vê que é o psicologismo. O “Exterminado do Futuro” e a mesma lei de sucessão que se torna verdadeiro a partir de um dado momento da mesma sucessão, mas que faz parte da mesma sucessão. E exatamente isso! E isso que ele (Husserl) disse aqui, é a lei que regra uma sucessão, mas que faz parte da mesma sucessão, como fato, de modo que ela se torna verdadeira a partir do momento onde ela acontece.

Isto é o “Exterminador do Futuro”.

Vamos supor que fosse, p.e., a lei da evolucão das espécies; mas acontece que a lei da evolucão das espécies, nessa hipótese, ela  seria uma espécie de bicho. Além dela ser a regra do conjunto ela é uma espécie de bicho, e ela só passa a ser verdadeira a partir do  momento onde essa espécie de bicho surge, embora ela já regrasse  toda a evolução anterior.. É uma loucura! Isso é impossível! Numa sociedade onde se aceitou a hipótese psicologista, o “Exterminador do Futuro” tem todo o direito de exterminar o que ele quiser. Isso é uma maneira de você fazer um sujeito acreditar que ele viu uma coisa que ele não viu, que ele mesmo colocou lá! É mais ou menos como na propaganda subliminar. Assistam ao filme e vejam se existe algum sinal que possa fazer você ter a menção de retorno ao passado. Isso é mais ou menos ´ aquela estoria do Barão de Itararé, “O jovem D. Pedro I era pai do  velho D. Pedro II”." -


FIM DO TRECHO DO LIVRO





Extraído daqui


Mas...me engana que eu gosto:


 


Até o próximo!