quarta-feira, 18 de março de 2015

PITAIA

Um certo dia quando eu era menino, creio que tinha uns 09 anos se não  me engano quando vinha de um banho em um córrego  não muito próximo de casa, mais alguns amigos, observei uma certa frutinha vermelha que nascia em uns mandacarus ou xique-xique (uma espécie de cactus). O pessoal da região nunca come este treco pensando, eu acho, se tratar de uma flor ou algo não comestível. Como achei pela cor e formato que aquilo deveria ser um fruto e talvez ser de um sabor agradável, experimentei. Até que o gosto não foi ruim. Desde então sempre que vejo um pé de mandacaru carregado com estas frutinhas vou lá colhe-las e levo-as para casa. O pessoal às vezes estranha. Tenho o hábito de experimentar frutas e outros alimentos exóticos pois acho que a língua está para os alimentos assim como os olhos estão para as formas e cores (leituras incluso) ou os ouvidos estão para os sons (música clássica incluso). Sempre que faço compras no supermercado ou vou no mercado público, fico procurando por surpresas gastronômicas ou novas "informações linguais" (há há). Já comi jacaré frito em óleo de banha de sucuri, rã (que aqui a gente chama de GIA) e outros animais que o Ibama não aprovaria. Quando vou no supermercado e tem aquela sessão de frutas exóticas quando vejo uma que ainda não degustei, levo uma unidade para conhecê-la. Levo uma unidade porque realmente é só o que consigo comprar pois elas custam os olhos-da-cara. Depois do primeiro episódio com a frutinha vermelha do xique-xique passaram-se um, dois, três anos... e mais uma, duas, três décadas e então um dia desses, eu já com meus quarenta anos redondos vi esta semana no supermercado uma fruta inédita (Para mim pessoalmente, é claro). 

Me chamou a atenção por parecer uma flor e ao manuseá-la de perto ela me lembrou da fruta do mandacaru. Li na plaquinha: PITAIA. O gosto era parecido com o Kiwí e as frutinhas que eu degustava quando menino. Ao chegar em casa pesquisei no onisciente Google sobre pitaia é não é que minha indução estava certa! A fruta que incorporei ao meu banco de dados gustativo era parente da mesma frutinha do cactus. Ela também nascia em cactus. Que curioso há há. Desde as regiões da multiplicidade e diversidade infinita manda mais outra Senhor Jesus!