Uma pergunta que imagino que todo ser pensante se faz frequentemente e
nunca tem um resposta absoluta seja a pergunta sobre o sentido de sua própria
existência. Por que existo? Qual o
objetivo de minha vida? Coisas inanimadas e animais irracionais não podem fazer
esta pergunta porque não têm a estrutura cognitiva feita para ... fazer esta
pergunta sobre o mundo e ao perceber que se inclui neste mesmo mundo saber
também o porque de si mesmo, sua origem e destino, que os filósofos chamam de teleologia
(causa final). O único ser que conhecemos que se faz esta pergunta é o homem, o ser
humano, a gente. Se perguntamos pelo nosso fim, nosso destino, nosso objetivo,
e não apenas perguntamos intelectualmente, mas além, temos também fortíssimos
sentimentos a respeito desta jornada futura, nos fazendo traçar planos de longo
prazo, acreditar, ter fé em realidades que escapam do mundo sensível é por que
algo nos fez assim, algo exterior a nós, ou a natureza, ou a divindade ou o
acaso, uma aleatoridade radômica, uma roleta cega. Só sabemos que nossas
estruturas físicas e cognitivas não fomos nós mesmos que fizemos. Não tenho
liberdade somática para fazer o que quero sempre, nem liberdade psicologica
para muitas coisas. Todos somos asssim. Não fui eu que me fiz a mim mesmo, meu
corpo foi feito a minha revelia, sem meu consentimento, meu local de
nascimento, meu tempo, meus conterrâneos
(ao menos no início) e meus contemporâneos
não fui eu que decidi. Tenho liberdade relativa sobre minha vida, não tenho a inteligência suficiente para saber tudo o
que quero, nem tenho a graça, a beatitude de ser sempre terno, sereno e feliz,
mas na maior parte das vezes me vejo estressado, deprimido e de vez em quando
angustiado. Acho uma grande estupidez que muitos se achem senhores absolutos de
si mesmos e até do mundo, querendo mudar coisas que lhes escapam ao controle, o
mundo ou a História. Revolucionar quase
sempre não é construir algo novo, inventar, mas geralmente vai no sentido de
destruir, de negativizar o que é concreto sem colocar nada no lugar, nada de palpável. Chamo a isto, este desejo
negativo de revolucionar apenas, acabar com as estruturas existentes de
PROLAPSO DA VONTADE, PROLAPSO VOLITIVO. É o desenquadramento da vontade além
das estruturas que lhe foram determinadas "legalmente". (Um
exemplo é um sociopata que tem o desejo, o querer de matar) O desejo normal, na maior parte das vezes é o
de cuidar, proteger, ter afeição pelo outro. O desejo normal é ter sentimentos
afetivos e sexuais de acordo com nossa anatomia de gênero, nossa constituição
biológica. Quando se dá guarida a um fragmento de desejo distorcido e a vontade
permite que ele cresça, vai aos poucos de dentro para fora alterando tudo por
uma força negativizadora que não pode de forma alguma alterar realmente as
estruturas corporais no padrão imaginado e paulatinamente viciado pela vontade.
Veja o caso de um travesti ou transgênero, qualquer um sabe na maioria das
vezes por uma simples olhada que aquela mulher não é uma mulher de verdade,
embora se altere detalhes aqui e ali, até o extremo de mudar os órgãos genitais, a estrutura óssea de um corpo masculino sempre trairá o embuste (e a analise cromossômica também desvelará a empulhação) a
estrutura biológica é muito mais profunda. O desejo contaminou a imaginação que
ampliou o desejo, que artificialmente foi solapando tudo, mentalidade,
trejeitos, voz, corpo, mas nunca será o que não era para ser, apenas um
arremedo refém da vontade livre que se entregou gostosamente ao que lhe dava
prazer. Quando a vontade que é livre me leva a destruir partes minhas e do
mundo para sastifazer um erro incial seu, sou o deus de minha vida, mas apenas
no limite que o Cosmos me outorgou este
direito. A parte do mundo que Deus me permite se senhor é limitada, para além
dela bato de frente com limites extremos com a VONTADE DE DEUS, é me torno uma
anomalia, anomalia prevista, esperada, mas fadada ao fracasso. Oh! Rebelde, crie seu mundo particular, mas
saiba que fora dos limites da sua subjetividade, este mundo é de Deus, quer
queira ou não. "Todo pecado é rebelião" diz a Escritura, e essa
rebelião só é permitida porque a vontade livre não seria vontade livre sem a
possibilidade de atualizar esta possibilidade.
Muitas pessoas gostam de coisas absurdas, terríveis mesmo e são livres
para gostarem destas coisas, como os zoófilos, pedófilos e cropófilos por
exemplo, mas não era o caminho natural, foi o PROLAPSO DA VONTADE, além dos
limites que lhe foi permitida ir, dentro dos planos de Deus. Mas se querem ir
além o arbítrio é livre. Mas o jogador jogou mal, lance irregular, e terá
ônus. Esse é o pecado original, como a
vontade nescessariamente tinha que ser livre ela infelizmente podia ser livre
para se voltar contra o mundo e contra si mesma. Por exemplo, um alcoolátra, um
drogado, um sujeito que gosta de pinga ou outro que gosta de crack, é evidente
que estas coisas destroem seu corpo, mas ele pode ir até o fim disto
consumindo-se somaticamente para sastisfazer um VONTADE VICIADA, uma vontade
negativa, uma MÁ VONTADE. Que beber
alcool é prazeroso, que usar droga deve ser bom é evidente pois caso contrario
ninguém viciaria a sua vontade a ponto de não mais manobrar para conseguir
comportamento diferente. Todo VÍCIO é prazeroso no começo e doloroso no final,
toda virtude é dolorosa no início e prazerosa no final , como disse um sábio. O
VÍCIO é o caminho mais rápido para o prazer, a virtude um mais longo. E aqui é que começa o JOGO DA VIDA. Uma vida de virtudes ou uma vida de vícios
conduzem a um determimado resultado final,
finais relativos neste mundo temporal ( por exemplo, glorias e
recompesas no caso dos virtuosos) e punições e limitações no caso dos viciosos.
Final absoluto na eternidade com a establização terminal. Tenho uma intuição amorfa, uma opinião sem
figura estável mas com uma certa verossimilhança por muita observação de que o
espírito ao contrario do corpo se "destrói" pelo prazer e se contrói
pela dor. Um corpo, que é um ente que se
localiza no espaço, que tem uma extensão e limites formando uma figura, que tem
começo e fim, uma duração (no caso falo aqui dos corpos animais sensíveis) se
mantêm coeso, com integridade através do mecanismo da DOR, qualquer ataque a
integridade do corpo animal é sinalizado ao sistema nervoso pela dor. Qualquer
perda de integridade, ameaça grave a destruição do organismo causa dor, tanto
maior quanto mais grave for o perigo. Um tiro, uma facada, uma trombada, uma
topada, uma escoriação causam diversos tipos de dores com a intensidade correlata
ao dano que o organismo recebe. Para o organismo a DOR é um alerta de desintegração eminente. Embora psiquicamente
numa mente sadia isto também ocorra na maior parte das vezes, um trauma
emocional é um alerta de desintegração da psique, nem sempre é assim. No começo
um TRAUMA( pancada no original grego)
causa dor emocional, desgosto, decepção, mas parece que somente as
primeiras pancadas psíquicas. Quando o psiquismo está íntegro qualquer ataque a
esta integridade realmente causa dor, mas observo uma contradição nas reações a
desestruturação psiquica, em muitos casos a ruptura psiquica é precedida e
simultânea a um certo prazer anômalo. Talvez não seja o caso aqui de
propriamente mental ou psiquico mas MORAL, que é uma esfera mais abstrata e
sutil da alma, e neste caso toda desintegração moral traz prazer, prazer
vicioso. Sabemos disto intuitivamente
pois chamamos aqueles seres ética e moralmente negativos de DEFORMADOS, DEGENERADOS, CORRUPTOS, o que quer dizer que
estão perdendo a forma, decaindo qualitativamente e apodrecendo (pois corrupção é
decomposição) todos estes termos são tirados do mundo corpóreo e aplicados ao
mundo mental ( ou moral no caso). A queda ontológica do espírito é quase sempre
precedida de um PRAZER MÓRBIDO. Uma esquizofrenia moral, uma desfragmentação
lasciva é o processo de decaimente moral.
No caso do corpo biológico como já disse a quebra de integridade causa
dor no caso do "espírito" a perda da integridade causa prazer. Todos
os pecados listados pelas religiões são prazerosos, mas são eles os
responsáveis pela degeneração moral, o aprodrecimento do espírito. A mentira é
prazerosa para o mentiroso, mas quando mais ele se entrega prazerosamente a
mentira, mas ele perde contato com a realidade, pois numa cadeia de mentiras
ele pode chegar no final a não saber mais se esta fingindo para os outros ou
para si mesmo, e achar que todos são mentirosos e não confiar mais em ninguém,
nem em si mesmo. Um estelionatário angaria prazer egoista de
suas ações fraudulentas, um ladrão adquire prazer do produto do furto, um
assaltante ganha algo quando age violentamente, ganha com um prazer físico mas
perde o estatus ontológico, degenera moralmente. Este é o grande jogo da vida.
Um bichinho inferior busca o prazer e foge da dor, um rato por exemplo busca
queijo para o alimento e uma ratinha
para a cópula por prazer e foge do gato por temor da dor. Nos humanos a coisa é
mais elaborada, mais sutil e refinada, nosso alcance do futuro e extenso, para
muitos atinge distâncias teoricamente eternas.
No homem não é tão simples como
no rato, não é fuga da dor e busca do prazer tão simples assim, para o alcance
humano, para sua capacidade estimativa, prospectiva, muitas coisas que são
prazerosas no final causam um ôNUS tremendo e muitas coisas que são dolorosas
trazem no termino um BÔNUS recompensador. Uma quadrilha de assaltantes adquire
uma posse de uma soma grande de dinheiro mas depois é presa e passa anos sem
liberdade, ou mesmo são mortos, um prazer (o de ter a posse do valor monetário)
causou uma dor de se ver encarcerado por longos anos. No outro extremo um atleta sofre extenuantes esforços físicos
dolorosos mas no final do campeonato tem a glória da vitória, a dor
causou um prazer. Mas as vezes dor causa mais dor e prazer causa mais
prazer, e saber agir corretamente para
ser recompensado no final é o drama humano sobre a Terra, é o jogo vital. Qual será o resultado final de nossas ações
de nossa vontade é a questão que precisamos responder, não intelectualmente
mais existencialmente, com nossos pensamentos , sentimentos e vontade. No momento em que percebi que me percebo, que
tomei autoconsciência de mim mesmo e vi que uma ação gera uma reação, e quando
a regra do jogo não é muita clara, é difusa é antagônica às vezes, me vejo em
dilemas, em aporias e dúvidas atrozes, para os sinceros é um problema, para os
outros que sabem o que devem fazer e não fazem, para mim é um mistério. No Budismo cada vida que você perde no Game pode ser dado o start e se começar de novo. Como um subdeus em um nível acima ou um macaco-prego imbecil no reino animal inferior. No cristianismo o jogo é um só, decisivo, ai da morte súbita sem preparação. Se você perder o jogo é GAME OVER! Ainda bem que o projetista do jogo decidiu criar um AVATAR de si mesmo e entrar dentro do GAME, para nós ensinar como jogar melhor e se necessário nos dar uns bônus de graça e fé. É claro que o resultado final do jogo se dará em outro plano que é o mesmo plano da alma que está jogando o jogo. Corporalmente, materialmente para nós todos, seja bom ou mau jogador, o jogo já está perdido. Não é da vida biológica que estou falando. O corpo foi gerado, não criado. Será corrompido necessariamente. A alma foi criada não gerada, só podendo ser aniquilada por um ato direto de Deus. É a alma então que ganha ou perde o jogo. A vitória no Céu para as almas puras ou o envio das almas de baixa qualidade para a dejeção no Inferno.