segunda-feira, 19 de setembro de 2011

ENSAIO 03/2011

O BASTÃO DE MOISÉS E A VARINHA MÁGICA



"A religião, nos povos pré-lógicos, é profundamente mítica e afectiva, e ainda não se tornou apenas culto, vazia de sentimento, como vemos nas civilizações já plenamente desenvolvidas. Está ligada à magia, que tem origens meramente afectivas e simbólicas, e não especula filosoficamente sobre os seus principais temas. "


"Essas vibrações explicariam, depois, a noção da intuição, as visões dos profetas, os fenómenos da magia, os misticismos que a ciência havia repudiado por ingénuos. Mais uma vez, num futuro próximo, a ciência casar-se-á com a mística. Ela buscará sua irmã repudiada para que, juntas percorram os caminhos ainda não trilhados que o futuro lhes oferece. (Mário Ferreira do Santos)
Quando se conta uma história os eventos transcorrem dentro de uma normalidade esperada,  com causas e consequências atuando dentro de parâmetros lógicos e as ações bitoladas pelas Leis da física e da química. Em um romance de amor ou policial quando as ações se passam num mundo parecido com o mundo real a surpresa e demais emoções estão intrisecamente embutidas no desenlace, no próprio roteiro e não em detalhes anormais do mundo simulado que em nada difere da vida real. Casas, carros, pessoas, etc, são como esperaríamos nesta vida nossa do cotidiano. Antigamente tinham as pessoas os mitos (como os gregos antigos) e mais à frente na linha do tempo tiveram os medievais seus contos de fadas. Nestes casos dos mitos e contos de fadas somos jogados em um mundo que em quase nada se assemelha a este do mundo real. E a surpresa é produzida não apenas pelo roteiro mas também e principalmente pelos elementos fantásticos contidos na narrativa. A ficção científica e fantástica nos lançam hoje num mundo de fantasia onde vivenciamos estórias alucinantes tal qual o primeiro impacto que tivemos neste mundo chão, quando eramos crianças, onde tudo era surpresa e fascinação. Mais ao envelhecermos quando as coisas mais incríveis se tornam banais, para conseguirmos aquelas primeiras emoções recorremos ao cinema, aos livros e a televisão. Não sabíamos explicar nada deste mundo e tínhamos um pensamento mágico e tudo era mágica. Mas este sentimento vai aos poucos se desfazendo durante o aprendizado de como as coisas funcionam e a magia se torna tecnologia.  Um filósofo candango afirma que
" a maioria dos humanos tem um fascínio irrefreável pelo místico, o ficcionista pode satisfazê-lo pelo simples contato com o mundo ficcional...a ficção funciona como uma válvula de escape saudável para esse impulso, que se devidamente orientado tende a desembocar na intelectualidade, no uso da ficção como ferramenta simbólica e do mito como auxiliar na compreensão da psique."

O sentimento de surpresa  na ficção científica e causado pelos estranhos objetos e fatos que são justificados por uma tecnologia avançada em um mundo futuro ou em um local distante no espaço, sendo assim podemos encarar este gênero de literatura quase como um prolongamento do mundo real,  possibilidades plausíveis que um dia poderão se  concretizar,  como por exemplo o caso do veículo Náutilus do capitão Nemo, do livro Vinte Mil Léguas Submarinas de Júlio Verne  que na época não existia realmente mas hoje é conhecido por submarino. O  nosso Monteiro Lobato no livro o Presidente Negro previu  lá em 1926 (há 85 anos) a própria internet e o jornais eletrônicos na tela do computador. ( além do Obama, leia  e confira)

E a ficção fantástica? O que a justifica? Qual a desculpa para dragões, fadas, duendes,varinhas mágicas, poções encantadas e tudo o mais que afasta tão extraordinariamente este mundo do nosso deserto do real como o chama Baudrillard no livro "Simulacros e simulações"? Na ficção científica temos a tecnologia e na ficção fantástica temos a magia. Mas se o poder da tecnologia vem de manipulações das coisas do mundo, das leis da física e  etc, de onde vêm o poder da magia? De manipulações de forças ainda mas sutis?  Na Elfolândia, como chamava ao mundo das fadas  C.K. Chersterton, não se explica nada sobre o mecanismo dessas forças sutis. Segundo o escritor do livro de teologia e filosofia: ORTODOXIA , a Ciderela não poderia pedir explicação sobre porque deveria voltar da festa antes das 12 horas da noite porque   este detalhe não poderia ser explicado sem que se explicasse tudo o mais, como por exemplo uma abóbora se transformar em carruagem , ratos em cocheiros e etc. Ela deveria aproveitar a festa e a oportunidade de estar perto do príncipe, nenhum detalhe poderia ser explicado porque o TODO era inexplicável. De fato neste livro no capítulo A ÉTICA DA ELFOLÂNDIA o escritor afirma que na maioria dos contos de fadas e mesmo nos mitos antigos  havia uma regrinha que não poderia ser desobedecida, nem mesmo questionada, devia-se aproveitar a felicidade que se tinha e não violar aquele preceito ou tabu sob pena de tudo desabar a qualquer momento. Esta é a essência do pensamento mágico. Não questione o detalhe pois o conjunto desabará. Não viole a única regra pois tudo se perderá. Não deixe o sino bater meia-noite, não abra a caixa de Pandora, não estenda a mão e coma do fruta da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois neste mesmo dia, em que fizeres isto, serás expulso do Paraíso.  Chesterton diz que o mundo real é mágico de uma certa forma e os contos de fadas nos fazem lembrar isto.

Assim como na ficção fantástica existe o tabu, a proibição que se for violado acabará com tudo (o elemento negativo),  existe também o elemento positivo que é a causa eficiente instrumental do enredo, que sem ele não poderia haver narração nenhuma. Por exemplo, o Superman é um deus na Terra, tem poderes mágicos, com a única condição de não se aproximar de um certa pedra verde que acabaria com seus poderes. (este é o  elemento negativo)  sua maçã do paraíso  e todas as condições científico-fantásticas (Kripton-Sol-Terra, etc) que possibilitam a existência do Superman terminam com esta coisinha miúda que é a kriptonita.  É o seu badalo da meia-noite.

O ELEMENTO POSITIVO



Conforme já mencionei na ficção científica a desculpa é a tecnologia avançada e na ficção fantástica é a magia , e que a magia é muita estranha e incompreensível .(No último filme do Thor ele fala que em Asgard as duas coisas são uma só, uma TECNOMAGIA?). Disse eu  também que não adiante pedir explicação sobre esta magia, pois o quadro todo em que a magia se enquadra é mágico e escapa da racionalidade, do discurso lógico-analítico  estando apenas submetido ao discurso mitopoético (Veja a teoria dos quatro discursos  aqui). Então  é o seguinte, dentro do mundo fantástico, não me pergunte sobre como isto acontece pois eu não sei, pois não posse te explicar este elemento sem explicar o conjunto.  Mário Ferreira dos Santos diria que, falando da mágica da existência do homem, que se ele não aceitasse o discurso mitopoético bíblico e procura-se fora desta moldura uma explicação para sua origem vendo só um detalhe do quadro (a evolução biológica apenas), perderia a noção do quadro geral mais amplo que só poderia se entendido por símbolos e cairia numa cosmovisão redutivista, se tornaria no final realmente um animal apenas, ou pior. É o que o mundo moderno esta fazendo em muitos setores culturais. Mas voltemos para a ficção fantástica.
Em toda ficção fantástica, contos de fadas e similares há um elemento que possibilita a dinâmica da narrativa e se torna uma desculpa para que a história seja o mais mínimo verossímil (Verossimilhante é similar a verdade)  na Ficção. científica o exótico é mais ou menos explicado, na  Elfolândia, no mundo de Harry Potter ou d'O Senhor dos Anéis por exemplo,  a desculpa para o fantástico vem na forma de uma COISA inexplicável, um objeto, uma substância ou uma força. Para que as situações aberrem da normalidade entra a coisa (objeto) mágico (tecnológico na Sci-fi). A coisa é a causa e a causa é a coisa. Esta coisa não é explicada, mas "explica" tudo dentro da trama.  Você  aceita, engole esta coisa como a pílula vermelha na mão do Morfeu em Matrix e verá coisas incríveis. (Observação: Se bem que aqui, no caso, Neo foi de um simulacro fantástico gerado pelas máquinas para o mundo real, sendo esta pílula mais como uma espécie de kriptonita, um elemento negativo, uma maçã do Paraíso, acabando com a fantasia)

Mas continuando, dizia eu que aceitando-se passivamente a COISA mágica sem pedir maiores explicações então podemos curtir uma história empolgante que nos emocione tal qual quando erámos bebês idiotas neste mundo real. As premissas da história fantástica se fundamentam na coisa que se for explicada (se fosse possível) anulariam a própria estrutura dos fenômenos da história. Você já se perguntou o que cargas d'agua é uma varinha mágica?  Como funciona? Um controle remoto eu sei mais ou menos e ela?  Que mecanismo e leis sutis estão por detrás de sua ação? NÃO PERGUNTE,  APROVEITE! 
Faço aqui uma "profecia":  Segundo o mistérioso   Renê Guenon o mundo moderno pricipalmente a civilização Ocidetal caminha para uma matematização e racionalização aprofundada  e irreversível, uma " solidificação", um "Reino da Quantidade", um abandono do discurso mitopóético em direção ao lógico-analítico e baseado nisto eu prevejo que isto vai afetar, digo, levando-se em conta esta estimativa, vai afetar também profundamente a ficção fantástica pois o pensamento mágico vai recuar e contos de fadas serão quase destruídos por dentro pelo discurso lógico-analítico ( e a ficção científica). Você nunca reparou que a tendência constante na ficção é colocar o que antes era mágico em termos científicos?  Antes zumbis e vampiros eram seres sobrenaturais hoje são seres afetados por doenças, a tendência é ir do Golem(fruto da magia)  ao Frankenstein (produto da "ciência"), da alquimia para a química, da astrologia para a astronomia,  os portais mágicos de ontem são hoje portais dimensionais, vórtices, buracos de minhocas científicos, e por aí vai. Talvez a ficção científica seja o gênero literário predominante nas décadas futuras.  É interessante que até mesmo os religiosos que são os guardiões do discurso mitopoético de Gênesis querem que o discurso lógico-analítico invada o mesmo tentando enquadrar a evolução dentro da Bíblia ou conciliar uma coisa com a outra. Eu não estou dizendo aqui que Gênesis é uma bobagem mas que pertence a outra categoria de discurso.
A COISA QUE CAUSA

No filme Hylander quando uma menininha é salva pelo protagonista e logo em seguida após o mesmo ser alvejado por projécteis de arma de fogo e  sobreviver, ela pergunta para ele como  foi possível ele não ter morrido após os tiros e ele diz: É mágica. E no mundo da ficção fantástica esta é a resposta padrão.

O que lhe vêm  a mente quando escuta cristais tilintando e luzezinhas brilhando flutuando no ar, o que lhe lembra o símbolo de um pózinho brilhante?  Mágica?   Esta associação encontrá-se em muitas histórinhas hordiernas. Desde o pó de pirlimpimpim da Emilia de Monteiro Lobato, passando pelo pó da fadinha do Peter Pan, pelas  luzinhas tilintantes da fada azul do Pinóquio e por ai vaí.
 Mas além deste símbolo visual-auditivo da mágica existem outros artefatos e poções que movimentam histórias, vou citar só alguns como exemplo pois a lista é virtualmente infinita:

O ESPINAFRE do Popeye é a coisa que permite ao mesmo ter força sobre-humana, conseguir derrotar Brutus e salvar Olívia Palito.



O SUCO DE FRUTAS GUMMY é a coisa que permite aos ursinhos Gummy pularem como super-cangurus e vencerem os poderosos Ogros.





A PORÇÃO DRUIDA do Asterix e Obelix é o que torna possível a eles e aos demais gauleses vencerem as poderosas legiões romanas de forma extraordinária.




O TEMPERO de Paul Moadib em Duna é o que possibilita os seus poderes ( É ficção científica mas com componentes de fantástica.)
AS MIDICLORIANAS como interface para a FORÇA em Star Wars é a desculpa  para os poderes de telepatia, telecinesia e outros. ( O mesmo comentário acima)

A ESPADA DE Greyskul do He-man...
A ESPADA  de Thundera de Lion...
OS SAPATOS de cristal  de Doroti  e da Cinderela...
ETC.... etc.. etc..
Só para fixar, vou lembrar novamente dos  elementos negativos que ao invéz de levarem a um mundo mágico o destrói: a caixa de Pandora, o Fruto Proibido, A pílula vermelha em matrix, a kriptonita   e etc. Estes nos fazem lembra que  a felicidade ( o conto de fadas) é frágil.
É grande a lista destes Gadgets mágicos positivos ou negativos e os livros e a televisão estão repletos deles, os que levam para a fantasia e os que arracam de lá.

E a propósito, onde se enquadraria o pozinho da cocaina aí? E o césio 137?  Tiram da realidade para uma supra-realida ou um infra-realidade, um mundo de fadas às avessas, um conto de terrror? (Não estou misturando ficção e realidade á toa, pois os contos de fadas são uma metáfora da realidade).
A etimologia na palavra mágico tem a mesma raiz da palavra meigo, e é assim o mundo dos contos de fadas baseados no pensamento mágico, que é parte do intelecto humano completo. Lembrando que o pensamento mágico é uma coisa e mágica é outra.
Há uma mensagem oculta em Star Wars (além de outras) sobre o combate entre a Tecnologia (e racionalidade)  e a Magia ( como símbolo da intuição, do mitopoético). Quando Ben Kenobi está treinando Luke dentro da Milenion Falcon ele coloca um capacete com uma viseira opaca para que ele usasse algum sentido oculto, às cegas e se defendesse dos raios do dróide de treinamento, tipo algum sexto sentido, intuição misteriosa. Também quando Luke destrói a primeira estrela da morte ele desliga os sensores e marcadores eletrônicos da nave e confia "na Força".  É como um duelo entre a poesia e a matemática.
 É como diria Darth Vader a Morff  Tarkin na estrela da morte: "Todo este terror tecnológico é nada comparado ao poder da FORÇA."


ABSOLUTUM.

Observação: Na remota possibilidade de alguém ainda não ter entendido, este é um hipertexto e todos as palavras em cinza são hipelinks para outros textos  e livros virtuais.

terça-feira, 19 de julho de 2011

ENSAIO 02/2011

CREMOSOS OU CROCANTES?

                            Ao longo de minha infância e adolescência tive muitos amigos e conhecidos, destes relacionamentos algumas coisas foram agradáveis outras muito negativas,  no transcurso de minha vida compartilhei eventos e situações com muitas pessoas e pude observar que tanto elas como eu realizávamos coisas legais e outras coisas não tão legais assim. Abstraindo o julgamento sobre minhas próprias ações e intenções e focando na passividade do que recebi das outras pessoas nestas interações pude observar que ao passo que algumas pessoas se mostravam para mim agradáveis, me  faziam crescer emocional e intelectualmente outras pessoas me eram extremamente desagradáveis, prejudiciais e o intercâmbio com elas me fazia perder algo, diminuir emocional e intelectualmente, elas me eram nocivas, sendo que após algumas interlocuções e interações passava a evitá-las sistematicamente, isto quando era possível pois às vezes era de todo impraticável a segregação de tais criaturas,  como no colégio ou no trabalho, em que se impunha a obrigatoriedade da convivência. Vocês devem saber de quais pessoas estou falando, são pessoas que  habitualmente tem comportamentos prejudiciais como o da calúnia, difamação, intrigas,  emulações  sistemáticas (por performances profissionais, bens, poder ou habilidades)  orgulhosas demais,  agressivas, xingadoras, humilhadoras, dominantes. No outro oposto havia pessoas que tinham comportamento totalmente contrários, eram pessoas humildes, compreensivas, etc. Damos a estas últimas o nome genérico de pessoas BOAS e aquelas de pessoas MÁS.  O que significa isto? Porque umas são de um jeito e as outras de outro? Esta pergunta sempre me intrigou, umas me adicionavam algo outras me subtraiam algo. embora isto fosse muito sútil, quase imperceptível, mais a nível intuitivo meio assim  obscuro, eu nem tomava consciência plena dos efeitos destas interações e ia recebendo doces e flores aqui e porradas e agulhadas ali, ia seguindo no sistema "sociável"  sem conseguir sistematizar os dois times. Sem conseguir estabelecer limites definidos. Poderia fazer isto com os criminosos que decididamente são malignos e me afastar definitivamente e com os santos, que são realmente pessoas especiais da quais só ouvi falar e nunca conheci nenhuma.  Cheguei até a escrever um breve texto sobre isto (O Espectro Moral) para tentar trazer ao nível racional estas intuições. Mas enquanto não chego às profundidades deste enigma posso navegar na vida examinando os outros entes com as categorias amplas de que disponho e me aproximando sistematicamente dos bons e pondo de quarentena os maus. Os relativistas podem dizer que não sou capaz de julgar moralmente as pessoas, que isto de bom e mau é relativo, subjetivo, os religiosos podem dizer que só Deus é capaz de julgar as pessoas, e eu concordo, mas que algumas pessoas me fazem um bem danado e outras um desconforto terrível isto não posso negar e a partir deste efeito, desta recepção, absorção, posso julgar se não o interior pelo menos o resultado que umas e outras trazem sobre mim.
Durante o transcurso de anos, com as interações com estes dois tipos de seres, pude  notar que ao contrario de uma perspectiva maniqueísta (que ) positiva o malque o descreve como algo concreto, uma coisa, algo como um petróleo escuro, uma gosma negra, em luta com a luz, notei que nestas pessoas, havia algo, ou melhor, faltava algo, percebi que nas pessoas que eu considerava como boas, estava presente traços que nas que eu imaginava como más faltavam. Os maus era pessoas "boas" que estavam faltando algo, que as outras tinham. Amor por mim, por exemplo. 


Visão maniqueísta do bem e do mal:




Pode parecer rídiculo, e deve ser, mas não conseguia uma imagem mental que explicitasse este conceito a não ser os zumbis, e especialmente os semi-zumbis do desenho animado dos Spiral Zone, as pessoas más tinham uma doença, que percorriam toda uma gradação e como os personagens deste desenho animado, os vilões tinham manchas não no corpo, como as do Overlord, mas na alma, decididamente  aqueles canalhas eram deficientes em algo espiritual, tinham zonas escuras, manchas, estigmas, máculas na alma.

O mal moral é algo positivo que domina o homem?
 Não tinham algo concreto que as faziam ser más, mas não conseguiam ser boas por lhes faltarem características que não vieram à manifestação por algum motivo. No princípio me lembrava do filme alien o oitavo passageiro e achava que tinham um monstro dentro do peito (algo positivo) inoculado por forças malignas (como demônios judaicos-cristãos)  ou energias negativas (como uma espécie de radioatividade)  como a   Aki Ross de Final Fantasy, uma doença, um espectro. 

Mas  percebia que nestes dois últimos casos, o alien e o espectro são algo real, como o vírus da Aids nos soro-positivos. Não, o mal moral não é um ente real que se apossa de um hospedeiro, mas uma negativização, uma nadificação, em algumas setores do ser.


 O filme que passava no SBT nos anos 80, A Coisa (The Stuff), também me permitia uma analogia aproximada com o fenômeno que tento explicar, embora o yourgute/sorvete Stuff fosse algo possitivo. O creme comia as pessoas por dentro mas era algo, um ente positivado. 
 Mas o mal moral embora se  me assemelhava como uma amputação ontológica não tinha nenhum agente positivo, mas sendo assim o que causava isto? A maioria das doenças tem os vírus, bactérias, etc, qual então o germe do mal?   Na minha imaginação classificava as pessoas "boas" de cremosas, por serem mais densas, mais reais, e as pessoas "más" de cocrantes, por terem buracos na alma, falhas, fragmentações, e por serem menos ductéis, maleáveis, mais duras no trato. A imagem que ficou é que aquelas pessoas "más' tinham uma carência, uma negativização. Eram menos existentes por assim dizer, e a essência  que deveria se atualizada, manifestada plenamente as tornando cremosas,  era obstaculizada por algo, que não deixava vir plenamente a manifestação toda sua potencialidada as tornando crocantes, com espaços vazios internos, faltando plenitude. O que causava isto? Sem rodeios, era sua prórpia vontade.  Das três deficiências da alma (burrice-loucura-maldade), só a maldade é voluntária, ninguém é burro porque quer, nem louco de propósito, mas é mal por opção. Poderia escrever mais sobre isto, mas o tema deste ensaio e simplesmente sobre a diferença entre as pessoas boas e más e o que viria a ser grosso modo, isto o que elas são.  Quando era pequeno, quando via uma certa fruta que não tinha crescido de modo normal e ficava atrofiada e perdia o valor comestível ainda que estivesse grudada na árvore,  as pessoas mais antigas a chamavam de "pecada", esta palavra é um regionalismo, talvez você nunca tenha ouvido ela, mas ela transmitia a nota conceitual de algo mirrado, atrofiado, de uma fruta que por algum motivo, não amadureceu como deveria e ficou no árvore, até cair sem prestar para nada, nem mesmo para produzir sementes de outras árvores, em muitos maus, este é o caso que se deu.
 Achando eu que já transmiti a mensagem pelo menos nas linhas gerais,   vou a partir de agora argumentar balizado pelo pensamento de um filósofo brasileiro (Mário Ferreira dos Santos)  que diz que (estou parafraseando):
O bem é algo que pode ser sinônimo de ser,  na ontologia ser e bem se convertem, para o sujeito todo ser é apetecível e é um bem, mal é o posto disto é tudo que contraria os desejos e exigências dos seres (como ser bem tratado pelos colegas por exemplo), o que no caso do homem origina sofrimento e dor. Existe o bem e o mal no sujeito e o bem e o mal para o sujeito. Todo ente, tem uma intesionalidade, tudo o que existe tem um fim, uma intensão, tende para algo. Esse algo é revelado no devir. Este caminho dos entes no devir, segue uma via, balizadas por coordenas, multifatores, e pode se obstaculizado. O bem é o que favorece a realização plena desta tensão para dentro da existência (intensão), e o mal o que atrapalha, que o que era para ser ser torne plenamente o que era a intensão. (um pilantra ser gente boa por exemplo). O fim para o qual tende o ser pode ser embargado no terreno da ação pelo mal. No terreno metafísico o mal é a IMPERFEIÇÃO. No campo físico é o SOFRIMENTO  e na área moral é o PECADO.
O mal metafísico se caracteriza pela imperfeição,  pela privação do que lhe seria natural, a falta de visão em um homem ou de asas num pássaro. Não tê-las é um mal. Se o homem tivesse asas seria mais perfeito, como não têm é privado deste atributo e por isto sofre de um mal também, O MAL METAFÍSICO, que sofre todas as criaturas por não serem mais perfeitas do que são. O MAL FÍSICO é a dor e acontece quando estamos em sofrimento. O MAL MORAL CONSISTE NA PRIVAÇÃO DE UM BEM MORAL QUE DEVÍAMOS ATINGIR, COMO SE DÁ NO PECADO. Um coxo sofre de um mal físico que lhe impede de ter a proporção corporal que lhe permita andar bem, o mal moral consiste na privação de atributo que deveria ser atingido para o ser  atingir sua finalidade. O mal moral é uma desviação ou falta de ordem devido a VONTADE LIVRE e sua ação correspondente a respeito da normas de ordem moral.
DEUS E O MAL
Este o maior argumento contra a existência de Deus, pois é inadmissível que Deus não possa querer e poder acabar com o mal, ELE QUER E PODE, só existe este caminha lógico-teológico, outras altenativas não estaríamos falando de Deus. Se ele QUER E PODE, que contradição é esta com este vale de lágrimas, este deserto do real?
Bem, o mal metafísico não existe a não ser como conceito, é a percepção de não ser mais perfeito, o que para as criaturas seria uma imperfeição, o mal físico não é um mal absoluto, é relativo e esta na ordem do ser, para existir o prazer teria que haver a dor. o mal moral nasce da vontade do homem, da liberdade, a liberdade é um bem, alguém diria que a liberdade da vontade é um mal? Um rôbo seria mais perfeito que um homem com vontade livre?  Quanto mais cerceam nossa vontade, para nós não é isso cada ve mais maligno? Quando esta vontade é usado para fins afastados do bem superior entra o MAL no mundo. Por escolha livre do homem, o mal moral. A carência de ser e a carência de bem são exatamente a mesma coisa, o mal é uma carência, como já foi afirmado. E no caso do mal moral é o exercício da vontade em desacordo com os parâmetros absolutos do ser.  Por isso sempre achei que os crocantes eram menos existentes, tinham menos consciência (moral ou psicológica) que os cremosos que eram mais densos, mais plenos, mais existentes.
Talvez eu possa estar equivocado nesta minha "leitura" do livro de Mário Ferreira dos Santos (O Homem Perante o Infinito) especialmente do Tema VII, artigo 2, (O problema do mal), talvez não esteja compreendendo com exatidão a intricada e pesada terminologia escolástica, mas pelo menos deixo a preciosa referência para consulta, e se este artigo não acrescentou nada pelo menos espero que seja uma brecha no chão para que brilhe o tesouro oculto no solo nacional da obra de Ferreira.
Continuando na minha interpretação/paráfrase de Mario, o mal enquanto carência e privação só pode estar presente no bem, num sujeito eu entidade positiva. O mal é o nada é carência de ser e para que o universo seja perfeito é necessário que exista desigualdade nas coisas para que se cumpram nele todos os graus de bondade.
Concluindo, os malvados são seres da negatividade, embora sejam positivos e ajam para conosco com ações reais e positivas, para a totalidade são menos existentes...

(incompleto...)
      continua....
ABSOLUTUM

quarta-feira, 18 de maio de 2011

ENSAIO 01/2011

O ÚLTIMO GRAAL DA TERRA DE SANTA CRUZ



Quem já assistiu o filme Indiana Jones e a Última  Cruzada ou quem já tenha lido o livro de Dan Brawn O Código Da Vince (ou O Sangue de Cristo e o Santo Graal) foi informado a respeito do lenda Cristã a sobre a busca de cavaleiros medievais pelo Santo Graal, uma relíquia sagrada que foi supostamente usada por Cristo na última ceia e que também foi utilizada para recolher  parte do sangue dele na sua execução na cruz no Gólgota. A versão gnóstica anticristã de Brawn é que o Graal seria uma forma cifrada de se indicar que a taça contendo o sangue sagrado de Jesus seria o útero de Maria Madalena  carregando o "sangue" ou a linhagem sagrada do Messias através de sua filha  em gestação que daria inicio a uma dinastia de ungidos herdeiros do reino de Cristo na Terra. Santo Graal seria segundo o autor do Código da Vince sangreal ou sangue real. Essa história é cabulosa...

O GRAAL

De origem anterior ao Cristianismo (Celta) a lenda do graal foi incorporado ao mesmo e teve uma fase de maior divulgação ou força num certo período da Idade Média.  Segundo algumas versões da lenda aquele que tomasse do santo graal e ingerisse seu conteúdo teria vida eterna. Por causa destas associações o graal ficou identificado  com a busca de objetivos inalcançáveis, nobres, como a felicidade por exemplo. Em outras e outras  versões o graal seria um livro ou uma jóia arrancada da testa de Lúcifer na guerra com o arcanjo Miguel. O terceiro olho que seria o senso de eternidade, o orgão espiritual que foi perdido que doravante todos buscariam.

SIMBOLISMO DO GRAAL

O graal é um receptáculo, um continente, um vaso, uma taça e por isto mesmo está associado também ao aspecto feminino como mencionado na versão gnóstica de que seria Maria Madalena ou... seus genitais. Neste sentido tirando os homossexuais masculinos todo homem busca este graal, não o dela é claro. Se bem que me lembro de uma cena no filme o Poço e o Pêndulo em que o inquisidor veste uma suspeita herege com as roupas de uma santa e começa umas fantasias esquisitas.

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Em antigos hieróglifos egípcios um vaso era o ícone que representava o coração a sede da vida biológica o vaso que  é fonte do sangue da vida. também existe esta associação arquétipa de um vaso com o coração no cristianismo e outras tradições antigas, segundo Rene Guenon.

Santo Graal é similar ao Sagrado Coração de Jesus, o centro de onde emana nossa vida e nossa salvação.

 As associações simbólicas com o Graal são segundo ele resumidamente:


GRAAL 


            CÁLICE =CORAÇÃO=TRIÂNGULO=ROSA



O cálice tem participação emblemática com o sangue de Cristo, com a última ceia  bem como com sua paixão e morte





O coração seria o que foi ferido pela lança do centurião chamado Longinus.











 Um triângulo como símbolo do cálice, coração, flor e... (lembra do graal de Madalena?)











A flor, a rosa um desabrochar místico, mas também um cálice, um coração...






Segundo Guenon o triângulo como também a rosa  seriam uma representação da taça ou coração, tanto o triângulo  como a taça o coração e uma flor, todos os quatros tem a parte maior para cima e uma ponta menor para baixo.





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 Veja no peito do "Cristo" dos super heróis o superman o triângulo com o S, é o coração do superman simbólica e longinquamente, o sagrado coração. 

 Triângulo-taça-rosa-coração.(o símbolo do herói se parece também com um diamante esculpido, um diamante triangular trabalhado, com a ponta para baixo) 


Que meteu o superman na história fui eu mesmo mas veja aqui (link) o livreto interessante de Renên Guenon.

Uma cruz com um coração no meio ou uma rosa (rosa-cruz) é um símbolo muito presente em antigas representações cristãs. Segundo Guenon a busca pelo Santo graal seria a busca pelo senso de ETERNIDADE perdido pelo homem preso ao tempo e a limitação  matéria ambos entropistas e dispersantes, a busca pelo Graal é a busca pelo centro vivificante, unificante e eterno.

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Na Terra da Santa Cruz parece que aparentemente esta busca deixou de ser empreendida há muito tempo mas existe um simulacro secular, um símbolo unificador que de quatro em quatro anos é trazido ao foco. A COPA DO MUNDO.
11 cavaleiros são enviados em busca da taça do mundo, do caneco, é a paixão nacional, é a parte que nos cabe neste latifúndio.

Se você acha que a associação é frouxa veja com atenção o simbolismo, no nome e na figura, da copa
COPA É TAÇA (QUE APELIDAMOS CANECO)
É por ultimo pegue um baralho é veja o que é uma carta de copas é uma carta com um coração trazendo novamente o simbolismo das quatro associações mencionadas acima:



Deixa eu fazer uma colocação pessoal aqui: Só assisto futebol de quatro em quatro anos na copa e nesta época minha torcida é realmente sincera  por este graal.
Mas não poderia haver outro símbolo não esportivo que unificasse os brasileiros numa causa maior algo mais nobre?


É HEXA BRASIL, TRAZ A COPA-TAÇA-CORAÇÃO!


ABSOLUTUM

Observação: Tanto Dan Brawn como Rene Guenon são suspeitos, mas estou checando as credenciais deste último por indicação de Olavo de Carvalho. (Não me leia O. Fedelli...)
Referência : O Santo Graal e o Sagrado coração, Rene Guenon