sexta-feira, 15 de maio de 2015

MAD MAX 4

Em um mundo pós-apocalíptico desertificado o que restou da raça humana luta pelos escassos recursos naturais e a população degenerada moral e fisicamente utiliza-se do que restou da frota veicular propulsionada pelos motores a combustão. Veiculos com adaptações radicais é claro (radicais em todos os sentidos) Com uma cultura e visual adjacendo ao punk e embora no futuro, com um gostinho steampunk mas não deixando de ser um cyberpunk (embora alguns digam que não - Alta tecnologia, baixo padrão de vida)O filme é pura ação alucinada do começo ao fim, com poucas pausas breves para respirar.É um longo processo de runaway, uma perseguição transloucada em alta velocidade pelas paisagens desoladas de um mundo morto. Os personagens do filme aparentam serem completamente malucos e as instituições e subculturas que o filme deixa entrever mais irracionais ainda. É para fixar os olhos e esquecer do mundo real entrando de carona nesta viagem alucinante...Não há quase nenhum tipo de romance mocinho-mocinha (não dá tempo) Apenas um leve esboço inicial (de amizade?) entre Max e a Imperatriz Furiosa ou um sútil começo de enlace entre uma "parideira" em fuga e um ex-soldado das forças antagonistas. Eu não gosto de adiantar nada aos futuros expectadores mas não resisto mencionar o carro com o guitarrista. Dizer o quê? Dizer subentende pensar, mas o negócio aqui é sentir... 

sssS

Para quem é mais novo etariamente poderá soar, ou melhor, se mostrar como algo radicalmente novo (em alguns aspectos sim) Mas este filme é um remake do Mad Max sendo este o mais parecido com Além da Cúpula do Trovão.


É impressionante que os personagens deste filme não expressem absolutamente nenhum tipo de covardia (exceto a cautela de autopreservação mediana). Possuem um total desprezo pela vida e clamam para que testemunhem sua morte em combate. Mesmo o grupinho em fuga das "parideiras" sendo mocinhas frágeis lutam e combatem no limite de suas possibilidades. Quem salva as "donzelas em perigo" é uma mulher. Não há lugar para covardia no filme. A honra guerreira, tipo espartana, samuráica, cavaleira está presente o tempo todo. A desolação, o desespero, as expectativas frustradas exibem-se  a todo momento. No filme não há paz apenas a serenidade de se aceitar que a Esperança é uma loucura. 


" "Quando o mundo desabou, cada um de nós se quebrou de uma forma. Era difícil dizer quem estava mais maluco, eu ou todos os outros".
"Quando uma coisa está quebrada e você não consegue consertar você enlouquece" O Max Maluco.

Sim, a esperança mundana é loucura, mas existe outro tipo de esperança...

Sim, é isso...

quarta-feira, 6 de maio de 2015

TAB

TAB
Marvin - O Robozinho Bipolar

Um nominho até bonitinho para uma coisa curiosa e terrível. Na Classificação Internacional das Doenças, o famoso CID-10, o TAB, Transtorno Afetivo Bipolar está classificado no código CID F-31, incluso nas doenças mentais. (Sobre o qual linko um texto randomicamente). O próprio nome já diz tudo: Transtorno, Afetivo- a doença ataca primariamente o Humor, daí ser chamada também de THB, Transtorno de Humor Bipolar. O descontrole, desequilíbrio é de natureza emocional. Bipolar, dois polos. Ou seja, a doença provoca grosso modo uma fase  alta  e uma fase baixa na afetividade, na bílis, no tônus humorístico.
Mas isto é um resumo simplificado pois ela apresenta várias modalidades e tipos. Mas pior do que esta doença era o nome que ela tinha antigamente, vejam só, PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA. Onde por um lado este nome associava um dos maiores filmes de terror (um clássico) sobre um assassino psicopata de todos os tempos com o inocente portador desta maldição, que no máximo só fará mal a si mesmo. (A maior taxa de suicídio entre as doenças mentais e também o maior consumo de álcool e drogas). E associava também o nome MANÍACO (Maníaco do parque?) a esta doença, cuja fase de elação elevada que o portador apresentava era chamada de fase maníaca. Diante disto TAB foi uma evolução dissipando preconceitos e até mesmo tabus sociais gravíssimos.Um distúrbio emocional com dois pólos é bem melhor que o nome anterior.

 Mas em decorrência das mudanças  afetivas a personalidade também poderá ser afetada. Já leste o livro O Médico e o Monstro? (Eu não li ainda, está na minha lista, mas já vi citações em desenhos animados, filmes  e etc.) Imagino que dá uma idéia das mudanças bruscas e acentuadas de humor de um portador desse mal que menciono. Ora, mudar de humor todo mundo muda cotidianamente o problema deste cacopatho (há há inventei agora, doença do mal) é a profundida ou elevação que ele induz  o seu possuidor a sentir. A ida aos picos mais altos e o mergulho nas fossas abissais mais profundas. Arrastando junto até mesmo uma cosmovisão e personalidades. Criando altas doses de instabilidade na vida da vítima, arruinando uma coerência rotineira do dia-à-dia. Imagine...
Transformar uma perda de emprego ou uma separação conjugal num sentimento desamparador de luto ou tragédia cataclísmica universal ou  pelo simples fato de comprar um carro sair pela cidade dando em cima de todo mundo como o rei da cocada preta...
Este mal é democrático, igualitário, socialista não deixando de fora de seu raio de ação nenhuma classe social, atacando até mesmo famosos pois sua origem principal é genêtica sendo os fatores sociais e ambientais apenas forças catalizadoras ou fundamentalmente predisponentes. Se você é bipolar e se isto talvez traga algum reconforto saiba que ícones e simbólos populares famosos portavam este mal. Infelizmente muitos auto-aniquilaram-se.Veja uma lista de famosos com o distúrbio aqui e outra aqui. Relevemos apenas três exemplos a título de amostragem:
Robin Williams, que durante alguns trechos de sua biografia teve problemas com substâncias químicas e que terminou por se suicidar aos 63 anos. O Sorrisinho triste dele nunca me enganou. Que Deus o tenha!
O não-sei-qualgêsimo presidente dos EUA, Abraão Lincoln. Que considero o rosto mais sombrio e carregado da história pictográfica humana. Tipo uma encarnação da depressão.  Olha a cara dele! "Se tivesse duas caras estaria usando esta?" (Frase atribuída a ele)
Jim Carrey - Hum...está esclarecido. Já descobri de onde ele buscou inspiração para boa parte de seus personagens.

Sou um leigo mas acho que este problema deveria ser reclassificado como um problema neurológico e não mental apenas pois ele ataca neuroquimicamente, ou melhor, ele é uma falha dos neurotransmisores, componentes químicos do cérebro de desempenharem num optimum adequado suas funções precípuas. Ou seja é um DEFEITO NO SUPORTE CORPORAL no substrato físico das emoções.
Não uma falha de caráter, não uma deficiência espiritual. É de algo material, corporal, físico de que se trata. Sendo assim o maior paliativo ou estabilizador de humor seria a medicação mesmo. Que atua ressarcindo quimicamente a falha estrutural básica neuroquímica. E por falar nisto, deve haver algum motivo subjacente ao fato de a coqueluche das medicações no tratamento do Transtornos Bipolares ser feita de um mesmo material que é usada na energização dos telefones portáteis em redes celulares...O LÍTIO.
Extração de Sais de Lítio

Bateria de Lítio


Remédio de maior sucesso em se tratando de TAB. O Carbonato de Lítio


















No mínimo dá para se ter umas idéias para histórias de ficção científica não é mesmo? Hum...recarregar as emoções... Fazendo um
AFORISMAS MARVIANOS
símile da doença com a carga de uma bateria de celular, no caso da fase depressiva a bateria fica tão baixa que não funciona direito e no caso da ciclagem para cima bipolar a bateria ultrapassa o poder de suporte do celular. É uma ciranda de altos e baixos infernal sem a paz da normalidade do "caminho do meio".



Entendeu?



É uma vida difícil. Considero qualquer forma de Coitadismo uma coisa abominável, cada um deve carregar sua própria cruz. Mas, à título de honestidade intelectual, para dar um fundamento existencial para esta postagem sou obrigado a mencionar que o que escrevi aqui foi de cunho pessoal. Eu próprio que escrevo tenho TAB. Talvez o fato de colocar tantos efeitinhos e coisas meio infantilóides como adornos aos escritos seja talvez devido a algum efeito desse mal.
Bem, eu próprio não tomo nenhum tipo de medicação e exercendo um pouco de amor-bondade posso dar alguns conselhos e sugestões para quem foi acometido desse negócio:



1) Saiba que as emoções são impermanentes e aprenda a tirar proveito das fases. Aprenda a ser nômande e sedentário. Guloso e abstêmio. Palhaço e formalista sisudo. Se o choro pode durar uma noite e a alegria virá pela manhã, lembre também que a alegria pode durar um dia e que o choro virá ao anoitecer. Se muito alegre esteja ciente que que isto é temporário e se triste, isto sem falta mudará. A parte passiva de nossa alma são os sentimentos e ao contrário do que muitos dizem por aí temos muito pouco controle sobre eles. Mas podemos nós concientizar sobre sua fluidez e fugacidade. Sejamos como uma coluna de concreto no meio de ondas emocionais bravias. Sei que as vezes as emoções negativas podem duras semanas ou até mesmo meses, mas mesmo dentro de uma fase alta ou baixa existem pequenas ocilasções de humor, sub-fases dentro das fases também altas e baixas. Aprendar a suportar e entender as emoções. Surfe nelas. 
(1) Fase maníaca
(3) Fase depressiva
(2) Estabilidade ideal. Tentar manter uma linha de convicção nos pensamentos e atividades não deixando que a navezinha (sua vida) sofra alterações de rota, mesmo que acelere ou tenha velocidade reduzida. Aprenda a compensar os repuxos para baixo ou para cima tentando manter o curso e o nivelamento da navezinha. Se as emoções são o motor, canalize esta energia atravéz da inteligência e vontade. As partes da sua psique em que você é ativo.
Veja o que disse um escritor sobre a vida :"Cedo ou tarde, na vida, cada um de nós se dá conta de que a felicidade completa é irrealizável; poucos, porém, atentam para a reflexão oposta: que também é irrealizável a infelicidade completa. Os motivos que se opõem à realização de ambos os estados-limite são da mesma natureza; eles vêm de nossa condição humana, que é contra qualquer "infinito" . Assim, opõem-se a esta realização o insuficiente conhecimento do futuro, chamado de esperança no primeiro caso e de dúvida quanto ao amanhã, no segundo. Assim opõem-se a ela a certeza da morte, que fixa um limite a cada alegria, mas também a cada tristeza. Assim, opõem-se as inevitáveis lides materiais que, da mesma forma como desgastam com o tempo toda a felicidade, desviam a cada instante a nossa atenção da desgraça que pesa sobre nós tornando a sua percepção fragmentária, e, portanto, suportável. 
E este outro:"...O segredo da felicidade, apesar de alardeado como tão misterioso, é tão estranhamente simples que por vezes pode escapar de vista pelo simples fato de insistirmos em procurar em contextos mais complicados.
Em síntese, podemos descrever tal “segredo” na forma de duas proposições praticamente axiomáticas: Reconhecer que toda e qualquer coisa apresenta aspectos agradáveis e desagradáveis, e agir de modo a maximizar os aspectos agradáveis e minimizar os desagradáveis 
Toda e qualquer coisa” significa literalmente qualquer tipo de fenômeno existencial concebível e vivenciável. A vida mais luxuriosa, abastada e despreocupada possível apresenta os aspectos negativos da falta de desafio, da possibilidade do tédio, da desilusão, do medo da perda etc.
A situação mais desprezível, miserável e aversiva possível apresenta os aspectos positivos da possibilidade de fortalecimento, de conhecimento de situações adversas, da oportunidade de demonstrar superação e heroísmo.
A pessoa feliz, bem como o otimista, se é que haja alguma diferença, é simplesmente alguém que enfoca os aspectos naturalmente agradáveis da situação, e como a grande maioria de nós vive longe desses extremos acima concebidos, o leque de escolhas sobre o que valorizar e maximizar é, em geral, bastante vasto. Assim, justificamos a noção trivial de que a pessoa otimista se sente feliz pelo que já conquistou e se sente animada pela possibilidade de conquistar mais, enquanto o pessimista despreza o que conquistou e sonha com o que não conquistou, e ou se concentra em sua incapacidade de conseguí-lo..."

Aprenda a domar as emoções com inteligência e vontade. Sei que se para alguns isto pode ser assim:



Para outros, coitados, pode ser assim:


Alguns, até mesmo assim:




Mas se "até no riso tem dor o coração, e o fim da alegria é tristeza" (Provérbios 14:13) Evidentemente até no choro tem prazer o coração, e o fim da tristeza é alegria.

2)Mas se não puderes suportar as ocislações de humor procure um estabilizador químico mesmo. Como este mal é progressivo/degenerativo, a medicação poderá poupar ou retardar os danos neuronais. 3)Em todo caso recomendaria encarecidamente ouvir o que este cara tem a dizer:
Não, não, o Keanus Reeves não, o BUDA.

As emoções são relativas, só o intelecto é...


ABSOLUTUM

terça-feira, 28 de abril de 2015

OS ELEMENTOS SÃO QUATRO...

Algumas coisas que pensamos serem novas e modernas podem na verdade serem bem antigas e mesmo milenares. Excetuando-se a Tecnologia muitas idéias, conceitos, fórmulas intelectivas e etc talvez estejam flanando no ar por eões apenas adquirindo novas roupagens e persistindo ou seja, insistindo em existir, sem nunca serem aniquiladas por completo. Talvez mesmo diante de nossos olhos, o passado arcaico esteja se exibindo e nós quem sabe achando que aquilo é um broto tenro de algo novíssimo. Uma novidade no ser. Estava outro dia saboreando um velho livro  e ao chegar em certo trecho notei alguma semelhança com algo que já tinha visto. O livro discorria sobre uma civilização antiga e sua religião e mencionava também a teoria dos elementos mencionada por muitas culturas e povos antigos. Veja alguns textos sobre isto aí embaixo:

1)FILOSOFIA ELEMENTAL 
2)QUATRO ELEMENTOS
3)DOS QUATROS ELEMENTOS AOS SEIS COMBINADOS.

Consciente ou inconscientemente, não sei, os autores de entretenimento da cultura Pop buscaram inspiração em conceitos "ultrapassados". Ao chegar no trecho do livro que falava sobre os tais dos elementos, eu me lembrei novamente do quarteto fantástico.(que foram inspirados nos quatro elementos). Isto já sabido antes, como pode-se constatar pelo que exsurge das elucubrações nos textos dos links supra mencionados.Mas um detalhe novo eu descobri. E muito interessante. Mesmo até nos detalhes mínimos. Paralelos dos quatro elementos com as capacidades e mesmo personalidades dos membros do quarteto.O bruxo do capeta como alguns crentes-protestantes o qualificam, autor do livro que eu estava lendo expôs em determinado momento que a gravidade exercendo sua influência sobre os quatro elementos os condicionam localmente e formalmente. Executando instintivamente a manobra cognoscitiva de puxar da memória os dados do quarteto e cotejando com os dados da leitura em atualização, me impressionei que o criador do quarteto fantástico copiou até mesmo o efeito que a gravidade exerce sobre os elementos do quarteto em comparação com o efeito sobre os quatro elementos nos "Dados Tradicionais".
Crendo que já seja desnecessário mais dados tendo em vista os links acima, vamos lá:


TERRA - COISA


A TERRA é o mais compactado, mais sólido, mais sujeito a gravidade(por causa do peso) dos quatro elementos.A personalidade de Ben também reflete isto, ele é brutão e mais fixo no chão. E mesmo ele é feito literalmente de terra petrificada.Tá na hora do Pau!


ÁGUA - BORRACHA

No capítulo IV do livro em foco (A Teoria Hindu dos Cinco Elementos -o quinto é o éter)o autor começando lá pela página 22 diz também que a água, assim como a terra é mais sujeita a gravidade, mas possui maior fluidez, mais maneabilidade, disformalidade. Bem assim é o Senhor Fantástico que com estas capacidades pode se libertar mais da gravidade, se esticando...(o livro fala sobre muito mais coisas mas não vem ao caso agora e os elementos no oriente não são exatamente como os gregos-ocidentais). Mas assim como o Coisa-terra, o Borracha-água não podem voar, presos no campo gravitacional da terra.A personalidade dele também é a mais razoável, dócil, flexível...


AR-MULHER INVISÍVEL

Assim como o ar ela pode ficar invisível,e usando seus poderes de criar campos de força pode flutuar ou levitar.  Ela tem mais liberdade contra a gravidade é como o ar.

 FOGO- TOCHA HUMANA

Tirando-se o Coisa, o elemento que ele representa é evidente. O Doutor e a Senhora não são feitos do elemento que representam, somente suas faculdades suprahumanas lembram dos outros dois elementos. A fluidez da água em simbolo da elasticidade do homem-borracha e a invisibilidade, flutuabilida da mulher, tendo como simbolo o ar.Agora, o Coisa é feito de pedra (elemento terra) e o rapaz se torna em fogo. A personalidade do tocha-humana também é irresponsavelmente ignea e de todos ele é o que mais pode voar, rasga os céus em colunas de fogo, pois o fogo elementar só queima para cima. 

Sintetizando. O quarteto fantástico é uma homenagem aos quatro elementos que foram muito usados e estudados na idade média.

Uma curiosidade. Em muitas paródias do quarteto fantástico podemos perceber a presença dos 4 elementos. Em uma parodiazinha, que na verdade não sei se é paródia mesmo. Existe a presença de 3 personagens que no fundo são apenas um é representam o elemento Água: OS IMPOSSÍVEIS. Com os mesmos poderes em várias formas e intensidades.


O Macaco Renascido (É isto que significa René Guenon) expõe em seu livro que nas antigas religiões tradicionais e no Ocidente até a época medieval a cosmovisão era pautada e explicada pela presença da teoria dos Elementos. Nela os elementos eram listados a partir do mais denso até o mais sutil, sendo pela ordem TERRA-ÁGUA-AR-FOGO, sendo esta mesma ordem a de poder de escape da gravidade.Sendo que existe o quinto elemento o Éter como o mais elevado e o mais sútil de todos. Sendo que podemos mencionar que no caso do Quarteto foi o acidente espacial com a Radiação que lhes deu o poderes, sendo assim esta força exógena seria o Éter, quinto elemento.



Existem mais coisas a serem mencionadas sobre isto mais por hora basta o acima.

Absolutum












DIGITANDO

segunda-feira, 27 de abril de 2015

ANUINDO GOSTOSAMENTE

O Campineiro... chamemo-lo assim. Não chamam Aristóteles de o Estagirita por causa da cidade onde nasceu? E não apelidam São Tomás de Aquino (rogai por nós) de Aquinatense porque sua família era proprietária de uma região neste condado? O Campineiro... chamemo-lo assim então para homenagear este BRASILEIRO cuja busca filosófica assintoticamente vai tangenciando Estagira e Aquino, metaforicamente falando.  O Campineiro chamemo-lo assim... para também evitar de digitar seu nome neste blog e ativar os sensores de drones patrulheiros cujos mecanismos internos impulsionados pela malícia, burrice invencível ou mesmo a loucura possam ser ativados à simples menção de seu nome e venham pertubar uma anônimo inofensivo com enormes basucas e mísseis carregados e abastecidos com toneladas de percolados ou joguem sobre esta pagininha irrisória quilolitros de chorume. Sou apenas um alevino de peixe piloto na cata de migalhas  que posso alcançar por todos os meios que este tubarão intelectual que menciono deixa escapar. Chamemo-lo O Campineiro então... para o homenagear e concomitantemente, covardemente, manter uma certa distância. 

O Campineiro usa muitas expressões de linguagem, fórmulas verbais, figuras e etc. Sem mencionar as expressões latinas e a coprolalia defensiva-punitiva-corretiva mimetizando uma Síndrome de Tourette que em parte já esta esclarecida. É... faz sentido. Uma dessas expressões que detectei é um advérbio de modo que ele gosta de usar associado a verbos que expressam uma anuência, aceitação,  concordância, aquiescência, assentimento, consentimento e etc. A idéia que a expressão passa é a de uma entrega lascíva, se deixar levar pelo prazer. Li muito esta fórmula verbal em seus textos. Então, lendo os textos de um entre alguns de seus gurus que ele mesmo indicou, pude constatar a fonte desta expressão.



Renê Guenon a usava de vez enquando e provavelmente foi com ele que o Campineiro a adquiriu. Sendo este cacoete estilístico um possível indicador do peso de Renê Guenon no seu filosofema. Mas falar ou escrever é uma coisa, pensar, ou melhor, inteligir é outra e talvez eu esteja exagerando, deduzindo da forma a matéria, do continente o conteúdo. Mas só quero compartilhar com você esta curiosidade literária. Esta expressão que o Campineiro usa era muito usada por Renê Guenon.  Advirto. Não estou refutando, nem sequer tocando na filosofia do Campineiro, só recortei um quadradinho, um tijolo do edifício de seu, não digo nem filosofia, mas estilo de escrever e expor as idéias.




Vejamos:


" ...seria muito difícil fazer compreender esta diferença a matemáticos que se imaginam gostosamente que toda sua ciência não é nem deve ser nada mais que uma «construção do espírito humano" (Renê Guenon - Calculo Infinitesimal




"Ciertamente, si la erudición consintiera en atenerse al rango de auxiliar que debe corresponderle normalmente, no encontraríamos nada más que decir a su respecto, puesto que por eso mismo dejaría de ser peligrosa, y puesto que entonces podría tener alguna utilidad;
así pues, en estos límites, reconoceríamos gustosamente su valor relativo. " ( Renê Guenon - Oriente y Ocidente)


"Es curioso constatar cuán rápidamente llegan a extenderse y a imponerse algunas ideas, por poco que respondan, evidentemente, a las tendencias generales de un medio y de una época; ese es el caso de estas ideas de «civilización» y de «progreso», que tantas gentes creen gustosamente universales y necesarias, aunque, en realidad, son de invención completamente reciente, y aunque, hoy día todavía, las tres cuartas partes de la humanidad al menos persisten en ignorarlas o en no tenerlas en cuenta para nada." (idem)



"Así, nós mismo decimos gustosamente que existen «civilizaciones» múltiples y diversas. (idem)



"y los racionalistas actuales lo hacen quizás más gustosamente que sus predecesores" (idem)



"que la humildad se acompaña gustosamente de un cierto género de orgullo..." (Idem)





"Para designar cosas de este género, empleamos gustosamente la palabra «pseudoreligión» " (Idem)


"toman los efectos por las causas, y creen gustosamente que lo que no ven no existe (Idem)

"...porque llevan nombres orientales, se les cree gustosamente
y, como faltan los términos de comparación..." (Idem)

"...y lo haremos tanto más gustosamente cuanto que eso puede ser una excelente ocasión 
para precisar nuestro pensamiento sobre algunos puntos." (Idem).



Foi pela leitura repetida que reconheci no Campineiro  a recorrência mencionada, agora, para facilitar posso usar o mecanismo de busca de seu site e ao digitar GOSTOSAMENTE  aparecerá 25 resultados.  (Não falemos dos livros, palestras e etc.)
Fiquemos só com alguns exemplos:


"...onde o arbítrio de tiranetes reina gostosamente longe de toda fiscalização pública." (A Ditadura Minimalista)


"que, ao falar de seus desafetos ideológicos, não se permita gostosamente aplicar-lhes o tratamento Lenin-Peters" (Veneno Santo).

"Não é de espantar que, longe de fugir das ideologias revolucionárias, essa corrente se deixasse gostosamente contaminar por elas..." (Qual é o problema)

" E fazem isso sem nenhuma unidade doutrinal, antes curtindo gostosamente a nebulosidade e a indefinição cuja fecundidade estratégica e ..." (O Dever que Nos Espera)

E por aí vai:

"Se deixou cair gostosamente..."


"Aderissem gostosamente"


"Por have-la praticado gostosamente"


"...À penetração extrangeira no campo econômico e se abre gostosamente" (Credo).


"E se gaba de ter metido gostosamente o bedelho..."


"...permitem-se gostosamente todas as mentira"


"Pode-se entregar gostosamente a auto-adoração"


"Armando-se de prevenções contra os EUA e abrindo-se gostosamente aos detonadores..."


"...que orientavam a sua economia e entregar-se, gostosamente, às abomináveis delícias do livre mercado."


Acho que já chega, já deu para sacar, não é mesmo? Eu não vejo nada de errado em se deixar gostosamente levar pelo uso de uma expressão de assentimento prazeroso ou mesmo copiar o estilo de Renê Guenon. Não estou julgado ninguém nem a filosofia de ninguém, não sou capaz. Estou apenas registrando gostosamente uma curiosidade que detectei no estilo do mestre. E ele tem razão, ele sempre tem razão...



Mas acho que ele já respondeu diagonalmente este post num texto de 2010, o que o cara fez foi parecido com o que eu fiz com os textos dele embora por outros motivos:


Mea Culpa



Recebi outro dia mais um rosário de queixas contra a minha pessoa e os meus escritos, onde o remetente acreditara encontrar provas inequívocas da minha maldade, prepotência e demoníaca soberba, além de uma infinidade de erros lógicos, factuais, morais e gramaticais que, se comprovados, bastariam para fazer de mim um forte candidato a ministro da Cultura do governo Dilma Roussef.

Como em geral acontece nesse gênero de mensagens, porém, os erros que o sujeito me imputava eram apenas aparências de erro nascidas de uma leitura mal feita, se não de uma percepção estruturalmente deformada, o efeito mais geral e permanente daquilo que no Brasil se chama, por motivos insondáveis, “educação”. Só para dar um exemplo, o cidadão se dera o trabalho de revirar o Google para saber quantas vezes eu repetira tal ou qual termo técnico, expressão latina ou alusão literária e daí concluir, por um salto lógico imensurável, que eu não tinha o direito de acusar os esquerdistas de escreverem todos da mesma maneira, com cacoetes de linguagem que os identificam à distância. Em suma, ele confundia aquele conjunto de cacoetes personalizados, que assinala a presença de um estilo, com a perfeita falta de estilo que se observa na repetição coletiva de cacoetes uniformes. Felizmente, o signatário estava tão brabo comigo que prometia não ler nenhuma resposta que eu lhe enviasse, o que me eximia de tentar destrinchar uma por uma – como se isto fosse possível! -- as suas prodigiosas confusões mentais. Gratíssimo por essa gentileza, contentei-me em enviar-lhe o breve conselho de que parasse de se masturbar diante da minha imagem, e dei o caso por encerrado.

No entanto, depois, refletindo mais longamente, descobri por baixo dos erros aparentes denunciados pela criatura alguns vícios reais da minha escrita, que dão margem a equívocos sem fim quando caem ante os olhos de leitores ineptos ou maliciosos, sem contar os ineptos e maliciosos.

O mais letal desses vícios é cortejar os leitores em geral, e os mais burros em especial, mediante uma falsa impressão de simplicidade e clareza, buscada com as mais lindas intenções didáticas mas que, no fim das contas, induz o primeiro recém-chegado a crer que tudo compreendeu à primeira vista – senão a imaginar que apreendeu o conjunto inteiro do meu pensamento pela leitura de algumas amostras casuais --, e a reagir de pronto mediante alguma opinião fácil, já imunizada no berço contra aquela exigente confrontação de hipóteses que é a única via para se chegar à verdade, tanto na interpretação dos fatos quanto das palavras.

A clareza, dizia Ortega y Gasset, é a cortesia do filósofo. Iludido por essa promessa barata de fazer de mim um tipinho simpático aos olhos do mundo, acabei por esquecer que “cortesia” vem da mesma raiz de “cortejar” e “cortesão”, e que o conselho do grande prosador espanhol ameaçava jogar-me, das alturas espirituais em que eu acreditava mover-me, ao fundo do mais abjeto e imperdoável puxa-saquismo literário: a prática de um estilo tão sedutoramente claro e límpido que faz o leitor imbecil sentir-se inteligente ao ponto de querer puxar discussão comigo antes de ter tido sequer o vago e fugaz impulso de discutir consigo mesmo. Esse efeito é inevitável desde o momento em que se adote aquele estilo, pois a coisa mais impossível para o imbecil é discutir consigo mesmo, em voz baixa, sem o apoio de um interlocutor de carne e osso: defrontado com alguma afirmação que lhe soe estranha ou desconfortável, esse tipo de leitor não resistirá à comichão de impor à força as funções de interlocutor real, e não simplesmente mental, ao infeliz autor daquilo que acaba de ler. É assim que acabo me transformando, para toda uma categoria de leitores – mais numerosa no Brasil do que em qualquer outra parte do mundo --, naquilo que em psicoterapia se chama ego auxiliar, uma boa alma encarregada de completar no mundo físico, para maior clareza, os pensamentos que o paciente, por si, não tem energia bastante para pensar por inteiro nem coragem bastante para admitir que os pensou. Contando comigo para o desempenho desse trabalhoso ofício no seu teatrinho mental, o cidadão me envia então os mais toscos e informes pensamentos semipensados, forçando-me a acabar de pensá-los e a compreendê-lo, portanto, melhor do que ele próprio se compreendeu.

Ao contrário, porém, do que acontece nas psicoterapias propriamente ditas, onde o sujeito sabe que foi lá para que o ajudem a pensar em voz alta, os remetentes dessas deformidades não têm a menor idéia de que estão me pedindo socorro terapêutico. Em vez disso, enviam-me aqueles rabiscos de pensamentos possíveis como se não fossem apenas materiais brutos para uma possível elaboração interior e sim idéias já maduras e firmes, claras e bem definidas, prontas a ser discutidas, provadas ou refutadas. Pior ainda, quanto mais intenso o seu desconforto interior, quanto mais agitada a sua confusão de imagens e sensações, quanto mais aguda a sua impossibilidade de pensar, tanto mais o desgraçado interpreta esses sentimentos como se fossem expressões formais de uma discordância intelectual, e tanto mais ousado e desafiador é o tom em que me escreve. O sentimento que essas mensagens me infundem é de uma comicidade triste, pirandelliana, onde o deslocamento radical entre as palavras ditas e a situação psicológica de onde emergem, ou, dito de outro modo, entre consciência e realidade, raia a loucura pura e simples sem chegar a ser loucura em sentido clínico, detendo-se naquele perigoso meio-termo que é a loucura socialmente legitimada como normalidade.



A culpa, reconheço, é minha. Se eu escrevesse de maneira complicada e obscura, se eu pelo menos me abstivesse de usar certos truques pedagógicos para despertar a intuição no leitor, nem o mais presunçoso dos imbecis julgaria me compreender: todos se recolheriam àquele silêncio humilde que, a longo prazo, pode ser propício a um esforço de meditação. Mas também não posso me acusar além da medida justa. Se infundo nos imbecis uma confusão de sentimentos, provocando situações que acabam por ser incômodas para mim mesmo, o fato é que não fui eu quem povoou dessas criaturas esta parte do mundo, nem lhes ordenei que crescessem e se multiplicassem. Isto é mérito exclusivo do establishment educacional, ou dele em cumplicidade com a mídia, os políticos e os “formadores de opinião” em geral. 
(Fonte original)



Despeço-me gostosamente...

ABSOLUTUM