domingo, 13 de setembro de 2015

O BODE EXPIATÓRIO


"A expressão mais óbvia de toda e qualquer hierarquia social é a "discriminação": a distinção entre seus membros mais valiosos e menos valiosos, conforme sua contribuição -- real ou suposta -- à consolidação ou destruição da ordem. Uma sociedade sem discriminações é a mesma coisa que um código penal sem punições. Sociedade é discriminação. As sociedades diferem apenas pelos critérios de discriminação, que vão desde a separação racional entre os elementos benéficos e nocivos até às formas mais extravagantes de exclusão baseadas em temores mitológicos, orgulho racial demente, preconceitos ideológicos de classe etc." -O deC.


TOMO I




“E tens de tomar os dois bodes e fazê-los ficar de pé perante Jeová à entrada da tenda de reunião. E tens de tirar sortes sobre os dois bodes, uma sorte para Jeová e a outra sorte para o bode expiatório (aquele que leva embora, afasta o mal)”. Bíblia Judaico-Cristã, livro de Levitico capitulo 16, versículo 7.




Observando o desenrolar dos eventos históricos, atentando para a maneira como as pessoas trataram as outras durante as eras passadas, analisando os acontecimentos hodiernos, onde os atos que foram perpetrados em tempos passados se repetem, hora aqui hora ali em determinado lugar, podemos ser surpreendidos por um padrão emergente desta profusão de acontecimentos para com as ações dos homens. Notamos primeiramente pelas nossas observações pessoais do senso comum, ou através dos telejornais, ou nas revistas, ou nos casos que ouvimos falar, etc, que sempre ou quase sempre que atos criminosos foram praticados, existia uma determinada configuração que geralmente se repetia, uma matriz recorrente. Pelo registro impresso presente nos inquéritos policiais, a análise  destes revelou o mesmo quadro redundante no fenômeno de prejudicar (no sentido de lesar e no de julgamento prévio) aos outros que ocorreu e continua ocorrendo na nossa história sobre a face da Terra. Os tipos de atos delituosos, crimes, transgressões, são muitos, e de diversas modalidades, mas mesmos que na esmagadora maioria deles as mesmas variáveis se apresentem, existe uma determinada classe de lesões ao semelhante que pela gravidade ou pelo grau de iniqüidade contido, nós fazem tomar nota mais detida dos mesmos, chamando nossa atenção para as causas subjacentes para estas aberrações morais e sociais, referindo-me neste caso não apenas aos crimes cometidos isoladamente por sociopatas mas também e principalmente os crimes cometidos por grupos, classes sociais, reinos e nações (psicopatia organizada) contra indivíduos, grupos e etnias. Tanto no caso particular do sociopata que vitima a pessoas indefesas, muitas delas crianças menores abandonadas, idosos, mulheres, e estigmatizados socialmente (mendigos, prostitutas, homossexuais e outros), como no caso de instituições nacionais que praticaram genocídios como os nazistas, cujas vítimas semelhantes aos psicopatas (embora este ultimo aja individualmente por fatores psicológicos) foram em primeiro lugar os inválidos, os homossexuais, os doentes, os deficientes, demonstrando que embora este primeiro fenômeno seja de dimensão diferente, singular, isolado e pessoal, o outro plural, abrangente, e social, estão interligados por normas intrínsecas, que afloram à vista do observador atento.  O fenômeno que tentarei demonstrar aqui não é só psicológico como principalmente  antropológico, por isto molda a história do mundo. Este fenômeno que se observa em todos os grupos sociais é a exclusão, expurgo de um elemento “fraco” dentro do sistema social para em muitos casos o aniquilar. Há a projeção neste elemento de todo um espectro negativo do agressor, sendo a eliminação deste alvo teoricamente a solução para os problemas do sistema, daí decorre a analogia com o bode expiatório bíblico. Nesta tensão para destruir o alvo, ou nesta pulsão podemos observar  três fases de um  mesmo ato, a saber: (1)discriminar, (2)segregar e (3)exterminar. Nem sempre uma fase leva a outra, às vezes ficasse só numa estacionado, por diversos motivos. Nem sempre o discriminar leva ao segregar, mas em muitos casos levou. Como também nem sempre o segregar leva ao aniquilar, mas, em muitos casos levou.  A operação de execução do bode expiatório começa por identificar para separar,  depois separar para isolar, e então  isolar para eliminar. Encare as três etapas como se fosse apenas uma ação num crescendo, cada etapa tendo em si o germe da outra.  Robert Greene em seu livro que fala sobre o poder afirma que:


“O uso de bodes expiatórios é tão antigo quanto a própria civilização, e podemos encontrar exemplos em culturas do mundo inteiro. A idéia principal por trás destes sacrifícios é passar a culpa e o pecado para uma figura externa — objeto, animal ou homem —, que depois é banida ou destruída. Os hebreus costumavam pegar um bode vivo (daí o termo bode expiatório) sobre cuja cabeça o sacerdote colocava ambas as mãos enquanto confessava os pecados dos Filhos de Israel. Depois de transferidos esses pecados para o animal, ele era levado para o deserto e lá ficava abandonado. No caso dos atenienses e dos astecas, o bode expiatório era humano, quase sempre uma pessoa alimentada e criada com este objetivo. Visto se considerar que a fome e as pragas eram castigos impostos pelos deuses aos humanos por seus maus atos, o povo sofria não só com a fome e as pragas, mas com a culpa também. Eles se livravam desse sentimento de culpa transferindo-o para uma pessoa inocente, cuja morte tinha intenção de Satisfazer os poderes divinos e banir o mal entre eles” .

outro escritor diz:

"Os atenienses mantinham regularmente uma quantidade de seres degradados e inúteis, e quando acontecia uma praga, enchente, ou escassez de alimento estes bodes eram levados e depois sacrificados, muitos eram apredejados do lado de fora da cidade"  (The Golden Bough, sir James George Frazer – 1854-1941)



Segundo o autor do livro: "Sexo, Desvio e Danação, as Minorias na Idade Média" a expressão usada em nossa época: “caça as bruxas”, significa a busca de bodes expiatórios; o encurralamento de pessoas inocentes para sua destruição posterior, num esforço para erradicar alguma conspiração imaginada (illuminatti, comunista, fundamentalista e etc). No contexto da Idade Medieval, muito religioso, e "ultramaniqueista", com uma forte cresça no sobrenatural, os bruxos foram considerados servos do diabo na Europa Ocidental. Diz o autor, que segundo os medievais "fundamentalistas", os bruxos tinham poderes especiais e realizavam coisas chocantes, como, por exemplo, fazerem parte de uma conspiração satânica de âmbito mundial visando minar o cristianismo. A mesma acusação que faziam aos judeus e mouros. A Bruxaria satânica era assim a imagem reflectida inversa e abrangente do cristianismo, uma fé alternativa. Satanás e seus demônios eram a contra-partida de Deus e os anjos. Os bruxos se tornaram o bode perfeito para a catarse das frustrações em épocas de escassez, pestes e guerras. No mesmo livro diz ele que as pessoas acometidas de lepra ficavam também na mesma situação dos judeus, prostitutas e hereges. Em alguns lugares esperava-se que eles vestissem branco, em outras que usassem uma peça de material vermelho em suas vestes. Na França eles deviam usar cinza ou preto, com a letra L bordada na roupa. Mas, ainda mais significativo e universal que suas roupas era o sinal, o guizo, sino ou trompa através do qual se exigia que anunciassem sua aproximação. Tudo isto simbolizava o fato de o leproso ser membro de uma minoria distinta, uma pessoa a parte. Também houveram surtos de paranóias envolvendo os leprosos, em que eles numa conspiração planejavam envenenar ou mesmo que chegaram a envenenar poços por toda a cristandade, e matar pessoas saudáveis, ou transforma-las em leprosos. Os judeus estavam envolvidos. E toda a conspiração estava sendo apoiada pelo rei mulçumano de Granada, e o sultão da Babilônia.  Ainda segundo o autor deste livro, na Idade medieval as minorias foram perseguidas por dois motivos principais: religiosos e sexuais. Naquela situação qualquer religiosidade alternativa ou praticas sexuais divergentes da ortodoxia eram fortemente censuradas e punidas. O autor destaca na obra seis minorias: Os hereges , os bruxos e os Judeus (dissidência religiosa), as prostitutas, os homossexuais e os leprosos (acusados de delitos sexuais). Os judeus foram duramente estigmatizados e segregados, e exterminados. Os hereges por suas "doutrinas revolucionarias" foram considerados perigosos, por isso foram perseguidos e mortos, mas não sem antes sofrerem torturas atrozes.  São Tomas de Aquino dizia que os hereges “por seus pecados merecem não apenas ser separados da igreja pela excomunhão, mas também do mundo pela morte”. Os bruxos não tiveram tratamento melhor. As prostitutas apesar de serem relativamente aceitas por serem consideradas um “mal menor”, mesmo assim foram marcadas (cordão vermelho) e segregadas em locais específicos, nas zonas de baixo meretrício. Os leprosos apesar de não suscitarem tanto ódio, mesmo assim eram portadores de uma carga de estigma e apartados da vida social e obrigados a portar, como outras minorias, sinais distintivos para serem identificados. Sendo o aparato roupas, chapéus ou sinos. Os homossexuais quando descobertos eram penalizados.

O Psiquiatra M. Scott Peck, em seu livro, “The People of The Lie”, escreveu que o uso de bodes expiatórios está relacionado à origem da maldade humana, o uso de bodes expiatórios funciona através de um mecanismo que os psiquiatras chamam de projeção. Segundo ele as pessoas projetam o mal no mundo exterior. Quando você projeta todos os seus problemas nos outros os transforma em “pessoas más”. Qual é a solução mais extrema? Persegui-los e mata-los, é claro.


TOMO II


“Jogue pela porta os preconceitos e eles retornarão pela janela” - Frederico, o Grande, rei da Prúsia.


Dentro de um sistema social as "partes inferiores" tentam desesperadamente conseguir atingir o patamar da classe superior. Isto é válido em sentido socioeconômico quando os pobres tentam imitar a classe média, estes aos ricos, os ricos aos milionários (a elite dominante) ao passo que esta elite tenta imitar no vestir e se comportar a elite do país metrópole. Vemos assim um esforço ascendente para atingir um padrão ideal, e aqueles na escala hierárquica vão sempre buscando galgar um nível mais elevado.  Isto até que não seria de todo mal, se não fosse o outro lado da moeda .  Não apenas isto, não sendo o movimento somente ascendente em busca do topo, num nivelamento por cima, mas cada segmento da sociedade despreza e procura se distanciar o mais possível daquela camada que está imediatamente abaixo da sua.  Sendo que neste processo a pessoa ou o grupo se enxerga com os valores e a visão de mundo da classe superior.  Este sentimento de desprezar o abaixo ou o igual, vendo aos outros ou a si mesmo com a visão do que esta em escalão acima seria como uma síndrome de Estocolmo  em que a vítima seqüestrada se apaixona pelo seqüestrador, o oprimido que ser igual o opressor, busca uma identificação com o agressor,  como ocorre com vítimas de abusos infantis, que quando crescem revivem estes abusos, só que desta vez eles se colocam no papel ativo, agredindo crianças inocentes em imitação àqueles que consideravam poderosos.  A camada inferior imita por tudo a superior.  


Albert Meme escreveu que:

 “O fenômeno é comparável a necrofobia do negro, ou o anti-semitismo do judeu. Existem negras que desesperadamente procuram alisar os seus cabelos, os quais, porém, voltam sempre a encrespar-se novamente; de igual forma, acabam prejudicando a sua pele, no intuito de branqueá-la um pouco mais. Muitos judeus de forma semelhante se arrancariam a alma, caso o conseguissem, essa alma da qual é dito, ser irremediavelmente maldosa. Ao colonizado tem-se declarado sua música ser semelhante ao miado, miado de gato, e a sua pintura uma espécie de melado açucarado, e ele até repete que sua música é realmente vulgar, e a sua pintura repulsiva. Mas se não obstante, essa música mesmo assim ainda o comove e o emociona mais que as sutis obras ocidentais, que ele acha frias e complicadas, e, se esses conjuntos de cores gorjeantes e ligeiramente ébrias mesmo assim alegram os seus olhos, então certamente o fazem a contragosto. Ele se indigna consigo mesmo, se retrai aos olhares dos estrangeiros, ou afirma tão veementemente o repúdio pelas suas próprias obras, que chega a tornar-se cômico inclusive... As mulheres da Burguesia do lado colonizado preferem bijuterias medíocres de proveniência européia, em detrimento das mais finas jóias provenientes de tradição própria... Enfim, um como o outro, o negro, o judeu e o colonizado, todos eles procuram assemelhar-se sempre aos colonizadores, ou seja: ser não-negro, não-judeu e colonizador. De maneira semelhante como pessoas evitam seus pais pobres, assim também o colonizado, pelo mal decorrente da assimilação, procura esconder as suas raízes, que se tornaram vazias”

Sobre isto podemos dar os "belos exemplos" do Capitão do Mato (negro) e o Kapo (judeu).

Quando acontece o uso do mecanismo do bode expiatório podemos verificar três fases:


1ª  - DISCRIMINAR


2ª - SEGREGAR


3ª - ANIQUILAR



TOMO III



DISCRIMINAR






DISCRIMINAR. V.T. Destrinçar, discernir, separar, diferençar.
DISCRIMINAR. V.T. diferençar, distinguir, discerni. 2. separar
DISCRIMINAR.V.T. (Do latim. Discriminare.) separar / distinguir/ diferença.



No passado em alguns grupos sociais algumas pessoas tiveram que usar roupas diferenciadas ou símbolos para serem identificados no meio da multidão. Na antiguidade muitas prostitutas eram marcadas na testa, para identificação. Mesmo os ladrões e outros criminosos recebiam tatuagens. Em inúmeros casos esta discriminação visava destacar o comportamento daquele que o praticava para coibi-lo ou eliminá-lo. Quem recebia o sinal recebia também a afronta e a infâmia, o desprezo e depois o degredo. Interessante o fato de que em 2001, a milícia fanática do Taliban, que controlava quase todo o Afeganistão tinham editado uma Fatwa (lei religiosa) que obrigava os fieis de outras religiões a usar uma marca identificadora para que estes sejam diferenciados da maioria muçulmana da população. Incrivelmente uma macaqueação dos métodos dos nazistas e "inquisitoriais" da "Idade das Trevas", que compungiam os judeus a usar a roulet (circulo) ou uma estrela-de-davi, para segrega-los do restante da população alemã. Isto é um padrão recorrente na Historia humana. Algumas vezes em alguns locais quem pertencia a minorias marginalizadas , tinha que usar distintivos discriminatórios.


Do exposto acima se pode depreender que este discriminar que falamos tanto é uma ação negativa. É discriminada a diferença, não de forma neutra, mas exprime uma relação de desigualdade. O  estigmatizado vale menos que o agente estigmatizante como asseverou GNILLAUMIN (1995): “A DIFERENÇA É O ESTADO DEFINITIVO, IMUTÁVEL E ESSENCIAL DE QUEM ESTÁ EM POSIÇÃO MINORITÁRIA NUMA RELAÇÃO QUALQUER”. "O discriminador ou racista trata o outro ou a diferença como um excesso, algo exótico, irrepresentável, qualquer coisa fora do lugar da história, da política”.- (GIROVX 1992).   Para Memmi  uma situação de racismo, (ou preconceito em geral) não obstante, só começa com o resultado da interpretação da diferença. “Uma pessoa só se torna racista pelo uso da diferença a fim de tirar proveito da estigmatização” É a exclusão diferencial que motiva a totalidade da superestrutura do discurso racista. “(...) O ódio racista não é outra coisa, é o horror da diferença quando ela se torna a mesma coisa (...)”(SIDONY- 1991)  Ainda podemos decifrar todo o mistério do racismo (e da discriminação em geral) nestas palavras profundamente reveladoras: “O racista é um homem que têm medo. Precisa, então confortar e consolidar o seu eu individual e coletivo, quer rejeitando o outro (...)”.
A pessoa que foi estigmatizada pela discriminação, aos olhos dos demais da sociedade, teve os demais aspectos de sua personalidade obscurecidos e passados para o segundo plano. A partir daquele momento, aquele individuo é visto com suspeita, reservas. São adotadas atitudes hostis para com ele e é excluído das atividades sociais, e assim limitado em suas oportunidades de trabalho e lazer, o individuo é levado para uma associação com outros que apresentam desvio de conduta, e cada vez mais se compromete com essa associação divergente.


Enfim o discriminar enxerga no outro algo que não pertence ao eu, algo deste outro é anormal e por isso todo ele é anormal, e esse outro é visto como uma ameaça ao eu, que para se manter precisa combater esta ameaça. Aí é que começam os problemas... Na dinâmica do mundo real, DISCRIMINAR é RECRIMINAR.
Assim perscrutando desde as camadas mais antigas dos fósseis da discriminação chegamos ao discriminar como ato de marcar para isolar.


TOMO IV


O MOCORONGO


desconte no mais fraco



Catarse- S. F. Purificação; purgação 2. (méd) Evacuação. 3.(Psc.) Método de tratamento que visa eliminar certos sintomas por meio da exteriorização, pelo paciente, de traumas recalcados.

Tudo é culpa minha!

"E Arão têm de por ambas as mãos sobre a cabeça do bode vivo e confessar sobre ele todos os erros dos filhos de Israel e todas as suas revoltas em todos os seus pecados, e têm de pô-las sobre a cabeça do bode e tem de enviá-lo ao ermo pela mão de um homem preparado. E o bode têm de levar sobre si todos os erros deles a uma terra desértica, e ele tem de enviar o bode ao ermo." Bíblia Judaico-Cristã, livro de Levítico capitulo 16, versículos 21e 22.


Cresci numa cidade de pequeno porte no centro do Brasil, a vida social quando menino era intensa, o grupo que convivi na vizinhança de casa era muito grande, como um pequeno exército de curumins. Os folguedos ao ar livro, as pescarias, as "passarinhadas" as brincadeiras eram freqüentes, e o que não faltava eram companhias, mas me lembro nitidamente que no meio de toda aquela diversão e companheirismo havia uma coisa estranha, uma força divisória, um fenômeno que me intrigava. Enquanto todos na maioria queriam ser e ter amigos sempre havia problemas, era inevitável. Estes problemas às vezes acarretavam brigas e intrigas. Estas forças divisórias, que separava o grupo, que causava desconexão me eram incompreensíveis, mas só agora muitos anos depois vim a ter uma definição mais ou menos clara, vejo os seus contornos melhor embora não totalmente. Havia nosso grupo de amigos na vizinhança que fazia parte de outros grupos do bairro, sendo que estes grupos às vezes eram rivais. Nosso grupo do bairro era na grande maioria pacífica, embora muitos ao entrarem na adolescência se enveredaram para a vida delinqüente e criminosa. Muitos não completaram 20 anos. (...)Trago estes fatos à lembrança não como nota biográfica, mas para demonstrar o bairrismo, a luta pelo território tão indelével na nossa espécie.
Bem, nossa pequena turminha de meninos da vizinhança era pacata, gostava de brincar, se divertir não brigar, mas, mesmo naquele relativo paraíso de quietude que às vezes era irrompido por rivalidades, havia um fenômeno que me intrigava e que observei ocorrer por toda a minha vida, sendo que algumas vezes fui também vítima deste fenômeno, mas sempre procurei minimizar a hostilidade para com outros que se tornavam vítimas dele. Dentro do grupo, inconscientemente para todos os demais, um dos elementos do grupo era escolhido por suas deficiências, ou suas fraquezas ou suas dificuldades pessoais, sendo estas físicas, emocionais ou mentais, e passava a ser alvo de zombaria e escárnios, este era o “capro espiatorio” da turma, que desafogavam suas frustrações pessoais sobre o infeliz vitimado, era o bobo da turma, o mocorongo com é conhecido nas instituições militares. As gozações freqüentes alvejando este elemento fraco do microssistema formado pelo grupo de amigos me intrigavam e me perguntava vez após vez se aquilo era necessário. Por que ao invéz de o massacrarem emocionalmente não o ajudavam, me indagava. Felizmente o “boi de piranha” só tinha que suportar o achincalhamento e levar as coisas na esportiva, e se juntar aos outros “avacalhando” quando outro bobo da corte fosse eleito pela turma. E se tivesse maturidade emocional suficiente superaria esta fase e se tornaria um adulto equilibrado.
Curioso é que eu me sentia deslocado por não ter este sentimento de punir outro pelos meus problemas. Das vezes que isso aconteceu a outra pessoa realmente tinha culpa. Será que tinha mesmo?
Infelizmente este pequeno fenômeno observado por mim não estaria restrito a vida infantil e adolescente, mas acompanharia a vida adulta, e não só grupo de petizadas, mas povos e nações, sendo que no caso destes últimos as piadas não teriam a mínima graça, nem inocência, nem serem de forma alguma inócuas. Na história da humanidade muitos, mas muitos mocorongos foram estigmatizados, banidos, exilados, e eliminados. Justamente por esse motivo eu percebi a lógica no meio da loucura e sempre evitei apelidar, e dar termos rotulares aos estigmatizados, pois se discriminar é a primeira fase do taigetizamento (sacrifício ritual do bode) rótulos e apelidos são a primeira fase do discriminar. Por isso mesmo temos que parar a agressão na fase verbal seja escrita ou oral, o linguajar deve ser "politicamente correto".(Que me perdoe O. de C.).
Quando estava no exército havia dois colegas de farda que faziam as coisas erradas, como marchar com a perna esquerda enquanto todos os outros levantavam a direita, todos avançarem numa direção e só ele para outra. Todos pararem ao mesmo tempo e ele continuar ainda uns três passos.(obs: não era eu hein!). Estes eram alvejados pela critica de forma  insistente que às vezes eles revidavam fisicamente.
Na sala de aula, quem se não lembra do valentão da escola? E quem é que ele sempre provocava? O tímido, o desenturmado, o impopular, o CDF, o nerd. Isto tem até um nome, é Bullying... “O termo Bullying, não existe na língua portuguesa. Ele significa formas de agressões intencionais repetidas por estudantes, que causam angústia ou humilhação a outro. Compreende, pois, todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivações evidentes, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. O Bullying se encontra presente, possivelmente, em variadíssimas situações, tais como, colocar apelidos (estigmatizar), ofender, zoar, gozar, sacanear, humilhar, discriminar, excluir (segregar), isolar, ignorar, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar, agredir (um porcentagem passa para o exterminar), bater, chutar, empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences, etc”. A vítima, por outro lado, costuma ser a pessoa mais frágil, com algum traço ligeiramente destoante do modelinho culturalmente imposto ao grupo etário em questão, traço este que pode ser físico (uso de óculos, alguma deficiência, não ser tão bonitinho...) ou emocional, como é o caso da timidez, do retraimento...”. “Vítima costuma ser uma pessoa que não dispõe de habilidades físicas e emocionais para reagir, tem um forte sentimento de insegurança e um retraimento social suficiente para impedí-la de solicitar ajuda. Normalmente é uma pessoa retraída e com dificuldades para novas amizades ou para se adequar ao grupo. A vítima é freqüentemente ameaçada, intimidada, isolada, ofendida, discriminada, agredida, recebe apelidos e provocações, tem os objetos pessoais furtados ou quebrados. No ambiente familiar a vítima apresenta sinais de evitação, medo ou receio de ir para escola, mas, não obstante, como dissemos, não procura ajuda dos familiares, professores ou funcionários da escola.” “Tudo isso acaba fazendo com que a vítima troque de escola freqüentemente, ou pior, que abandone os estudos. Nos casos mais graves a vítima contumaz acaba desenvolvendo uma severa depressão, podendo chegar a tentar ou cometer o suicídio. ” (Psiqueweb).


Especialistas afirmam que o Bullying está na gênese de muitos dos assassinatos em massa, como os que aconteceram em Columbine e aquele do coreano alucinado. Presumo que nestes casos o autor se identifica com o bode, com aparte fraca, e tenta se vingar no sistema, na parte forte. Ele inverte a seta. A desgraça é que ele acaba se tornando um algoz de inocentes, de pobres crianças, professores, que nada tem haver com o peixe. Muitos nestes casos pagam por uma minoria de idiotas (os que causam bullying). 
Isto também acontece no emprego (onde o novato é o alvo), onde se estabelece uma perseguição freqüente, repetida e sistemática (mobbing).


Somente dentro da família e nos laços consangüíneos e que vejo esta força ser minimizada, muitas vezes anulada.


...

Mas ficou gravado o seguinte: 


“DENTRO DE UM SISTEMA SOCIAL AS FORÇAS CONTIDAS FAZEM OS DEMAIS ELEMENTOS DO SISTEMA, DITO FORTES, SE VOLTAREM PARA A PARTE DO SISTEMA DITO FRACA, A PARTE VULNERÁVEL E PROCURAR DIMINUIR ESTA PARTE OU ELIMINÁ-LA”. 

Muitos experimentos demonstraram que os indivíduos frustrados deslocam a agressão para grupos minoritários, pois estes têm menos probabilidade de se vingarem da agressão.
Este alvo na sociedade em geral que é vítima de agressão psicológica e até mesmo física, por diversos motivos geralmente são os negros, os enjeitados, os índios, os destituídos, os judeus, os marginalizados, os ciganos as mulheres, os retirantes, os homossexuais, os bóias-frias, os garimpeiros, os bêbados, os peões, os mendigos, os roceiros, os juquireiros, os serventes de pedreiro, os picolezeiros, os analfabetos, os drogados, os aidéticos, os doidos “de todos os gêneros” os indigentes, os inaptos, os doentes, idosos, crianças, o vendedor de panelada, espetinho, saladeiro, catador de papel, de lata, o menino que vigia os carros, os favelados,  e etc.


Lê-mos no livro "Aspectos cognitivos do Preconceito" : "que imputar os erros pessoais e dificuldades a outrem, um concorrente, um vizinho, uma minoria interna ou uma nação, um instituição, permite-nos suportar melhor uma situação penosa. Atribuir os nossos insucessos privativos ou públicos, desportivos ou profissionais à deslealdade do adversário desculpa as nossas próprias carências...Em face desse panorama o outro é constituído, reinventado, segundo as necessidades do actor racista. E como se viu, se por um lado o outro é rejeitado, também cumpre uma função importante ao constituir-se como bode expiatório dos males e inseguranças do actor racista."


O sociólogo e ensaísta Robert Kurtz, autor de “O colapso da civilização” (Ed. Paz e Terra) afirma que esta tendência em procurar culpados por nossas desavenças com a vida faz a sociedade criar figuras arquétipas para serem punidas. Em nossa época segundo ele, houve a figura fantasmagórica do especulador responsável pela crise financeira, o terrorista como uma ameaça difusa a civilização, e mais recentemente a figura do pedófilo, rondando seres impúberes e formando redes na internet, aliciando, contrabandeando e sacrificando os pequenos em rituais satânicos. Embora estas figuras realmente existam e atuem no mundo, o imaginário os faz crescer em importância e os fazem ser a culpa pelos males do mundo. O pior é quando a agressividade se desloca de seres imaginários, para inocentes minorias que são culpadas de tudo de maligno.

Quando você projeta o mal nos outros, você não mais os vê como pessoas, os vê como coisas. Isto torna mais fácil para a consciência o crime de matar. 


O Escritor René Girard diz que todas as sociedades têm suas estruturas montadas sobre a matança de inocentes, culpados de todos os males universais pela turba enfurecida que exige sangue para ser aplacada.  


(...)


Por que está agressividade é lançada sobre o diferente, e principalmente sobre o “mais fraco” é o que vamos tentar responder.


TOMO V




SEGREGAÇÃO






Segregar -v. t. Expelir, produzir (secreção): secretar. 2. Pôr de lado, separar. P.3. Afastar-(se); isolar(-se) .


(...)

Infelizmente, é preciso que se diga, na história grupos humanos foram encarados como sujeiras a serem limpas, e deram mais valor a objetos que as vidas destas pessoas. O que se fez foi exatamente à inversão da moralidade. Homens foram usados como animais de tração, de carga, como coisas, posses e pior algumas vezes como patos de tiro ao alvo, germes a serem saneados. Tivemos o regime de escravidão na antiguidade, entre os egípcios, os hebreus, os romanos, e muitos povos, tivemos a escravidão negra nos séculos seguintes, e temos a força de trabalho que em muitos casos foram abusivas no passado. 


Embora "homem tenha dominado homem para seu prejuízo", existe um fenômeno pior do que este. Este fenômeno é o Genocídio, ou a tentativa de destruir todo um povo sob o argumento de ser inferior, infra-humano, como uma mancha, uma nódoa que precisar ser limpa, o primeiro passo neste processo é a discriminação, seguida pela segregação, o confinamento social das pessoas classificadas como subumanas. 


No livro Mein Campf, Adolf Hitler, culpa todos os Judeus pelos infortúnios de seu povo, e a partir das diretrizes do partido nacional-socialista é elaborado todo um plano estratégico de segregação e por fim massacre dos judeus. Infelizmente, desgraçadamente, as primeiras vítimas do nazismo foram os inaptos, doentes mulheres, idosos e crianças, (Adolf Hitler queria criar um teórico reino que duraria mil anos, governado pelos super-homens, os alemães arianos, um empecilho seriam minorias dentro da Alemanha e territórios ocupados, o resultado foi uma industria de morte como nunca se registrará na história, as baixas foram terríveis)
Com uma grande margem de probabilidade posso dizer que os motivos que levaram a este fatídico episódio de nossa história permanece vivo, não só no coração dos neonazistas, mas de todos, só esperando o bode expiatório para descarregar seu ódio.
Durante os processos de abolição da escravatura nos estados Unidos da América surgiu um grupo radical que foi impregnado por uma espécie de mácula pegajosa, a Ku Klux Klan , que se pudesse expurgaria a América dos negros e outros. (A Klan era uma organização de "extrema direita" racista fundada por brancos reacionários em 1867, por ex-soldados do sul dos USA, que serviram na guerra contra a abolição que queria impedir pessoas de cor e outros de terem sua cidadania assegurada). 


(...) 

O preconceito é uma coisa antropológica, parece-me que o cérebro é preconceituoso em si. Um bebê quando nasce não tem uma visão do universo abrangente, uma visão como Einstein a tinha, da relatividade, da física quântica. O bebê conhece seus pais, a casa, a rua, o bairro, a cidade, o estado, o país..., sua mente vai se expandindo, e enquanto ele não conhecer e aprender a gostar de partes cada vez maiores de universo, ele vai ter medo, suspeita, até ódio(se for ensinado), do que for ainda incompreensível.


(...)

PRECONCEITO-Aversão àquilo que vai contra a minha maneira de ser, de pensar, o medo do desconhecido. Considerar a existência de outra pessoa um incomodo, e negar a esta pessoa o direito de existir é insano, mas isto foi feito, e não poucas vezes. No ato preconceituoso existe uma recusa a conversar com o estigmatizado, exponenciam-se suas características piores, minimizam-se ou aniquilam-se as características boas, bloqueia-se de determinados ângulos e formas os relacionamentos, manobra-se para que existam apenas determinadas formas de relacionamentos específicos.
Este preconceito origina-se da busca de um bode expiatório, que por sua vez é conseqüência da divisão do mundo entre o eu/nós do bem contra o ele/eles, o outro, que é do mal, que tanto é ruim, como é responsável pelos nossos problemas. Isto se chama maniqueísmo.
Como sempre o elemento estigmatizado, marcado como rejeito, descartável, desumanizado, é o alvo do ódio destruidor. O índio Pataxó queimado em abril do ano de 1997 em Brasília, (Antônio José Galdino). O Homossexual linchado pelos Skin Heads, e os dois garotos mortos numa estação de metro são exemplo disto. Preconceito em ação.
Estes atos não são apenas manifestações de explosões emocionais abruptas, mas são o resultado de uma atitude e expectativa, ou mesmo conceitos predeterminados (pré-conceitos) sobre o alvo da hostilidade, poderíamos avançar mais ainda e dizer que estes são precedidos por ideologias que pregam que as minorias são um peso para os demais.Pensamentos estes que legitimam ações de destruição. E não são só Grupos Neonazistas e extremistas que nutrem estas idéias. Em suas formas mais brandas poderíamos citar do passado os escritores H. G. Wells e George Bernard Shaw eugenistas que afirmavam que os comportamentos eram hereditários e os criminosos e os degenerados deveriam ser esterilizados ou castrados.


(...) 




Segregar é por à parte aquela parcela da população que não atingem o ideal, a parte estigmatizada. E como vimos, primeiro se marca (discriminação) se isola (exclusão), depois... E conforme argumentou Izidoro Blikstein: “O nazismo não morreu em 45 e ele deixou os seus prolongamentos, mesmo por que ele existiu- o nazismo já existia antes do próprio nazismo e existiu durante...” 


(...)

O sinônimo de segregado é excluído, socialmente ou de outras formas. No ritual do bode expiatório, segregados são os que estão recanteados nos guetos, prisões, favelas, apartados geograficamente da maioria, aguardando a próxima etapa, que pode vir ou não, dependendo das condições históricas e políticas.


TOMO VI

O JUDEU




"Exterminaríamos definitivamente esse parasita da Europa. Lancetamos o tumor judaico, como todos os outros. O mundo futuro nos ficará eternamente agradecidos" - Adolf Hitler.


E disse-lhes: “Vós bem sabeis quão ilícito é para um judeu juntar-se ou chegar-se a um homem de outra raça; contudo, Deus mostrou-me que eu não chamasse nenhum homem de aviltado ou impuro”.(Atos 10:28).


Dentre todas as minorias que foram segregadas na história, o povo judeu merece um capítulo à parte, por ter sido um dos mais demonizados na mente de seus agressores. Segundo o livro sagrado dos judeus conhecido por nós como velho testamento a primeira tentativa de genocídio contra eles se deu no Egito antigo, onde um faraó ordenou que todas as crianças israelitas do sexo masculino deveriam ser mortas ao nascer. Moisés, um dos nomes mais famosos na história do povo hebreu, foi um sobrevivente desta tentativa de extermínio. Ainda segundo a Bíblia os judeus foram feitos cativos no Império Babilônico, tendo sua capital destruída.
No tempo de Éster houve nova tentativa de aniquilação, tendo a interferência dela impedido tal ato.


"Ainda que no começo da Idade Média os judeus vivessem livremente entre os cristãos, vestissem as mesmas roupas e falassem a mesma língua que os seus vizinhos cristãos, eles eram potencialmente vulneráveis à perseguição e à busca de bodes expiatórios. Pois continuavam a ser uma minoria racial e religiosa distinta que se alimentavam com uma comida diferente, obedecendo a leis diferentes, praticavam serviços religiosos distintos e educavam suas crianças separadamente. Estavam intimamente associados tanto medicina quanto a “magia”, duas praticas temíveis e suspeitas. Uma combinação de circunstancias que viria a orientar o antagonismo contra eles e inaugurar uma longa, amarga e trágica crônica nos anais do ódio humano”- (Jeffrey Richards, 1993). 


Durante toda a Idade Média o povo judeu foi discriminado entre as nações cristãs onde viviam. Podemos dizer que muito disse se deve ao fato de os Judeus carregarem comunalmente a responsabilidade pela morte de Jesus Cristo, adorado nos países da Cristandade. Se esquecendo os racistas que Jesus o fundador do cristianismo também era Judeu, bem com os apóstolos Pedro, Paulo, João, etc.


Conta-se que Martinho Lutero disse que: "Suas sinagogas... deveriam ser queimadas" "Suas casas deveriam ser demolidas e eles deveriam ser amontoados sob um único teto ou num estábulo, (segregados) como ciganos, para que eles entendam que não passam de prisioneiros miseráveis" "Seus Talmuds e livros de orações deveriam lhes ser tomados" "Seus rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte" "Os judeus devem pagar por terem recusado Cristo e seu evangelho; não merecem a liberdade e sim a servidão".

Na idade média, o bode símbolo de devassidão, era retratado como o animal favorito do Diabo, e os judeus eram comumente representados montados sobre bodes. Assim como o Diabo tinha um cheiro característico de enxofre e virago, também os judeus, acreditava-se, emitiam um odor desagradável e característico (foetor judaicus), em oposição aos santos e homens santos que emitiam o “odor de santidade”. O foetor judaicus só podia ser removido através do batismo cristão. Este foetor judaicus se assemelha muito a referencia tradicional preconceituosa hodierna de que os negros são fedidos.

(...)

Outra comparação que podemos fazer aqui neste capitulo referente aos judeus com os negros, é que igual aos judeus que foram associados a satã no medievo, os negros até meados do século passado eram humilhados com a comparação que faziam de que o demônio era negro. Na literatura de cordel no nordeste brasileiro quando se retratava o Diabo a figura era a de um negro. Interessante essa variação, pois a figura tradicional do diabo vermelho de chifres e rabo, às vezes asas, é bem forte no imaginário católico.



Ainda no medievo os judeus foram associados à magia, bruxaria, feitiçaria e como já falado ao Diabo, naquela época ultrafudamentalista, isto era um perigo para eles. Seus rituais religiosos contribuíam para isto, pois a eles se atribuía motivos místicos-esotericos, Foram acusados de tentarem envenenar a população, e quando ocorria uma epidemia, eles eram os primeiros bodes expiatórios e eram então penalizados.
Muitos foram queimados vivos na idade média, por motivos puramente imaginários. No século XII foram acusados de assassinatos rituais, principalmente de crianças. A partir do século XIII no esforço de identificar e isolar os judeus, foram estabelecidas leis que proibiam casamentos mistos ou de praticas sexuais inter-raciais. Acusavam os semitas de todas as formas de devassidão sexual, incesto, orgias e outras variações, como homossexualismo. Deste o começo do século XIII, os judeus eram obrigados a vestir roupas distintivas de modo a evitar que se misturassem livremente com as pessoas cristas. Tal imposição foi prescrita pelo conselho Lateranense de 1251 e equiparou os judeus as prostitutas, aos mouros, aos leprosos e aos hereges arrependidos. Richard diz que em 1500, depois de 400 anos de hostilidade e violência crescentes, os judeus haviam sido eliminados de boa parte da Europa ocidental. Eles foram completamente removidos da Inglaterra, Espanha e França. Dado que a Alemanha e Itália ainda não estavam unificadas, os judeus conseguiram se manter em algumas áreas: Veneza, Nápoles e nos Estados papais. O Sacro império Romano nunca os baniu inteiramente, mas as comunidades judaicas sofreram ali explosões regulares de hostilidade popular.
Desde a diáspora dos judeus (135 d.C.) uma secular discriminação se abateu sobre eles. A História nos tem mostrado que desde a antiguidade passando por todas as eras os judeus foram um grupo estigmatizado e segregado, durante a Idade média os judeus já moravam em guetos (superpovoados e alguns com altas mulharas) e eram obrigados a usar roupas que os distinguiam , ou mesmo distintivos costurados nas roupas comuns, muitos foram torrados nas fogueiras, morreram pela espada, nas cruzadas, que matavam os mouros no exterior e de quebra se voltavam contra o semitas, com se os semitas fossem uma quinta coluna dentro da cristandade. A Santa inquisição derramou, infelizmente, algum sangue hebreu.
No final da Idade Média, o grosso da população judaica da Europa havia sido empurrado em direção ao Oriente, para se estabelecer principalmente na Polônia e na Rússia. Não demorou muito e começaram os pogrons e as campanhas anti-semitas, que culminou no que vamos mencionar infra.
A imagem do Judeu no inconsciente coletivo foi associada à de Judas (Judeu) Iscariotes, que ardilosamente vendeu seu instrutor espiritual aos seus inimigos por trinta moedas. Em diversas obras artísticas, fábulas, contos, e mais recentemente filmes da época nazi o judeu foi visto como ganancioso, interesseiro, capitalista. Assim todo uma minoria foi ESTIGMATIZADA como fonte de tudo o que era má, iníquo, perverso, com planos até de dominar o mundo, conforme se divulgou no fictício protocolo dos sábios de Sião.
Na Alemanha nazi criou-se o mito da DOLCHSTOSS (punhalada pelas costas), que supostamente teria sido desferido pelos Judeus, socialistas e comunistas contra o "invencível" exercito alemão, o REICHSWEHR.O judeu passou então a ser encarado como UNTERMENSCH (subomem) ou Unmensch (não-homem).
Dizia-se pela década de 30: “Os judeus são nossa desgraça".
Desde o século XI os judeus eram segregados na Alemanha, sendo o clímax atingido quando o Fuhrer executou sua Solução Final sobre os judeus. O Historiador João Ribeiro Júnior perante este quadro afirma que: “O anti-semitismo nazista deixa de ser um vulgar ódio ao judeu, para se transformar num maniqueísmo religioso, onde o judeu deixa de ser pessoa para se transformar num protótipo do Mal cósmico. Como disse Hitler: "...entre o nosso povo a personificação do diabo, como sendo o símbolo de tudo o que é mau, assumia a aparência e a figura do Judeu." (Main Kampf) "
Assim sendo criou-se um ressentimento sem razão do povo alemão contra o povo judeu e segundo o filosofo nascido na antiga Prússia F
riedrich Nietzsche o ressentimento possui determinadas características, a saber:

O ressentimento nunca é difuso; dirige-se contra alguém, alguma coisa, alguma entidade.

Há um contencioso entre o ressentido e o objeto do ressentimento. O ressentido tem contas a ajustar.


O ressentido acredita que sua infelicidade resulta no erro de outra pessoa.


O ressentido atribui todos os erros ao outro e permanece agarrado a acusações perpétuas. Ele não consegue aguardar em silêncio o momento de acertar as contas.


Explode freqüentemente em amargas reprovações; Para se sentir um homem bom o ressentido precisa acreditar que os outros são maus.


Não parece esta descrição acima com Hitler dando seus memoráveis discursos atacando os judeus?


Esta discriminação abusiva foi institucionalizada, legalizada, sendo a partir de 1935 criados leis para segregarem em todos os níveis os israelitas. Sancionaram-se as leis de Nuremberg, que proibiam o casamento e o contato sexual de alemães com judeus, o casamento de pessoas com transtornos mentais, doenças contagiosas ou hereditárias. Para casar era preciso obter um certificado de saúde. As leis foram ficando cada vais mais restritivas e rigorosas. Mas infelizmente esta discriminação e segregação não ficaram só nisso.
Esta estigmatização gerou mortes. Houve os Progons na Rússia, e discriminações e segregações em todo o mundo, sendo os Judeus confinados aos Guetos, e vitimas de agressões e homicídios. Ora, quando havia alguma pressão sobre um país que abrigava uma comunidade hebréia esta pressão repercutia nesta comunidade. O povo judeu já era discriminado em volta de todo globo, já eram segregados, a mira estava direcionada, o alvo travado, o próximo ato não demoraria, e a História registrou o que ocorreu na Alemanha Nacional-Socialista por volta do ano 1942. Um dos momentos mais tenebrosos da humanidade, deveras a negação de toda a humanidade e civilidade que foi o Holocausto Judeu. O ódio em operação.  Dos 20 milhões de mortes na 2. Grande Guerra, 6 Milhões foram Judeus. Mais da metade do povo judeu da Europa, um terço do povo judeu de todo o mundo. Vale também dizer que os judeus eram uma minoria insignificante na época, um grão de poeira se comparado a todo o resto da Alemanha, mas a propaganda Nazista inspirada por Paul Joseph Goebbels (ministro de Hitler), satanizou e maximizou, hiperdimensionou a importância do povo de Moisés, assim ficou fácil para o Fuhrer realizar sua semitoectomia no organismo “doente” da Germânia . 


O bode sacrificial já tinha sido identificado no meio do aprisco (a discriminação) depois foi amarrado (as leis e os guetos) e imolado, (isto ficou a cargo dos esquadrões de fuzilamento, dos campos de concentração, das câmaras de gás.). 


Jesus Cristo era Judeu... E Alemanha e Itália adoravam uma deidade semita enquanto tinham políticas anti-semitas.


A revista eletrônica Varsóvia On-line, Neonazismo na internet nos revela mais sobre o efeito da propaganda nazista em conexão com o holocausto: “De certa maneira, o que os agentes de Goebbels fizeram não foi mais que traduzir para uma linguagem com forte apelo popular IDÉIAS E CONCEITOS QUE JÁ ESTAVAM ENRAIZADOS HÁ MUITO NA SOCIEDADE, não apenas na sociedade alemã, não apenas na sociedade ocidental, MAS PRATICAMENTE EM TODO O MUNDO. Em suma ao apontar os judeus como inimigos da espécie humana, os nacional-socialistas não fizeram nada mais que DAR VAZÃO E DIRECIONAR UM SENTIMENTO HÁ MUITO PRESENTE ENTRE O POVO EUROPEU....Desta maneira uma vez que o preconceito já existia não foi difícil para o partido reavivá-lo e alça-lo a níveis jamais vistos. (...) que os pontos principais dos ataques raciais, predominantes nas páginas analisadas, fazem parte de toda a história da humanidade. 


Desta maneira podemos concluir que o anti-semitismo não nasceu com WILHELM MARR (1879) e sua liga anti-semita, mas precede em milhares de anos...

(...) Um aparte final. A coisa foi tão feia para os judeus na segunda Grande Guerra, que ficamos com a impressão de que eles foram a única minoria ou grupo perseguido no domínio nazista. Mas juntos com este grupo que era realmente a maioria nos campos, havia comunistas, homossexuais, ciganos, deficientes físicos, doentes mentais, prisioneiros de guerra soviéticos, membros da elite intelectual polonesa, grupos eslavos, ativistas políticos, testemunhas de Jeová, sindicalistas e criminosos comuns. 

(...) 

Eu comecei a me interressar por este assunto que estou escrevendo neste livreto no dia em que vi ainda criança uma foto de uma vala comum, cheia de corpos. Aquilo para mim foi uma das imagens mais forte que já vi, eu simplesmente tinha que saber porque tinham feito aquilo.  


“Que eu nunca venha a olhar para um samaritano” – Talmude. – 






TOMO VII



CRIANÇAS





Não podemos desperdiçar as nossas preciosas crianças. Nem mais uma, nem mais um dia. (Nelson Mandela e Grace Machel)


Numa fria noite de 1993, oitos crianças dormiam na calçada da igreja da Candelária no centro da cidade do Rio de Janeiro.. Nesta madrugada, dois carros pararam próximos e alguns homens saíram atirando. 08 crianças foram executadas sem julgamento ou apelação... De um lado havia militares, homens treinados, vividos, pais de famílias com filhos talvez na idade dos que morreram, do outro lado meninos de rua, "pivetes", "moleques", que teriam anteriormente entrado em atrito com policiais militares. Este caso famoso até internacionalmente, não foi o único. "Oferecer uma criança inocente como vítima substituta era o ato supremo de propiciação, encarado provavelmente como maneira de garantir o bem estar da família e da comunidade” Assim consta na "Enciclopédia da Religião" sobre o que acontecia na Cartago antiga. Estes dois casos distantes no espaço e no tempo, por motivações diferentes, não escapam a lei do mal de que um elemento mais fraco do sistema termina por ser aniquilado para uma possível beneficiência do resto do sistema. 


Um texto chinês do período Qu’in (200 ªC) estabelecia punições para infanticidas, mas ressalvava que matar crianças deformadas não constituía crime. 


Existe aquele velho grito de emergência: "Mulheres e crianças primeiro", isto é claro indicando que no caso de naufrágio os botes devem ser lotados por mulheres e crianças prioritariamente. Honroso. Mas por onde esta mácula pegajosa do mecanismo do bode expiatório grudou, este grito de emergência indica o contrario, os primeiros a serem aniquilados serão as mulheres e crianças, os mais desnecessários, o peso morto, os inúteis. Como dos fracos as crianças são os mais fracos, segundo nossa teoria eles serão inexoravelmente, inapelavelmente em toda situação de extrema pressão, serão, geralmente umas das primeiras vítimas.
Na Cartago mencionada acima uma característica marcante de sua religião bisonha como já mencionado era o sacrifício de crianças. Diodoro da Sicília relara que em 310 AC, durante um ataque a cidade, os cartagineses sacrificaram mais de 200 crianças de origem nobre para apaziguar Baal Hamon. Em 1921 arqueólogos descobriram um lugar que veio a ser chamado de Tofete, por causa da expressão bíblica usada em 2Reis 23:10 e Jeremias 7:31. As escavações revelaram urnas colocadas em vários níveis. Elas continham restos carbonizados de animais usados como sacrifícios substitutos e de crianças bem pequenas, enterradas sob estelas com inscrições votivas. Calcula-se que o “Tofete” contenha os restos de mais de 20.000 crianças, sacrificadas durante um período de 200 anos.



(...)




"Leis" biológicas constituem uma poderosa barreira protetora em volta dos infantes, mas em situações de pressão extrema os mais fracos são vitimados, pois o imperativo biológico recua frente às leis antropológicas e psicológicas.


(...)


 


TOMO VIII


MULHERES E IDOSOS



“Os selvagens da Terra do Fogo, durante as épocas de escassez, matam e devoram as mulheres velhas - por aí vemos o valor que atribuem a seus animais, pois nessas ocasiões eles não matam seus cães, mostrando a quem atribuem maior valor” Darwin, Charles, 1809-1882 Origem das Espécies/Charles Darwin; tradução Eugênio Amando-Belo Horizonte: Vila Rica, p.58.


(...)

 



Na Antiguidade de modo geral e entre os judeus, as mulheres eram vistas como inferiores aos homens. O historiador Flavio Josefo relata que as mulheres podiam dar graças desde que houvesse um homem presente, e que cem mulheres não valeriam mais do que dois homens. A mulher não podia ler as escrituras na sinagoga, mas um escravo homem, podia Certo rabino desconfiavam até que a mulher tivesse alma. No medievo o homicídio de uma mulher pelo marido só era punido se a vítima fosse do interesse do senhor feudal. 


(...)

Segundo as ordenações Filipinas promulgadas pelo Reino de Portugal, o Estado poderia decretar a pena de morte para a adultera e para o amante. Acho que não preciso falar sobre a insana tese da Legitima defesa da honra, que era aplicada no Brasil no século passado legitimando o uxoricídio.


(...)


"As palavras e atos de Deus são bem claros: as mulheres foram feitas para ser esposas ou prostitutas" (Martinho Lutero, "Works 12.94”)


“A mulher é uma ferramenta de Satã e um caminho para o inferno" (São Jerônimo)”.


"Abraçar uma mulher é como abraçar um saco de esterco" (São Odo de Cluny, monge beneditino,


"É Eva, a tentadora, que devemos ver em toda mulher...Não consigo ver que utilidade a mulher tem para o homem, tirando a função de ter filhos" (Santo Agostinho de Hipona, pai da Igreja)


"Não sabes que és uma Eva? O castigo de Deus sobre teu sexo está vivo nesta era. A culpa também necessariamente permanece viva. Tu és a porta do demônio; és aquela que quebrou o selo da árvore proibida, a primeira desertora da lei divina. És aquela que convenceu aquele a quem o diabo não conseguiu atacar. Facilmente destruíste o homem, imagem de Deus. Por causa de tua deserção, o Filho de Deus teve que morrer" (Tertuliano, pai da Igreja, que viveu no norte da África no século III, em "De Culta Feminarum", 1.1) 


"A mulher está em sujeição por causa das leis da natureza, mas é uma escrava somente pelas leis da circunstância...A mulher está submetida ao homem pela fraqueza de seu espírito e de seu corpo...é um ser incompleto, um tipo de homem imperfeito [...] A mulher é defeituosa e bastarda, pois o princípio ativo da semente masculina tende à produção de homens gerados à sua perfeita semelhança. A geração de uma mulher resulta de defeitos no princípio ativo" ( Tomás de Aquino, Summa Theologica, Q92, art. 1, Reply Obj. 1)


Santo Antonino, arcebispo de Florença no final do séc. XV, disse que as "imundas regras" são simplesmente o espelho de uma "alma imunda"


De S.Clemente de Alexandria sobre as mulheres: "A exata consciência de sua própria natureza deve evocar sentimentos de vergonha" (Paedagogus II, 33, 2) 

No século XII, Graciano, especialista em direito canônico, afirmou: "O homem, mas não a mulher, é feito à imagem de Deus. Daí resulta claramente que as mulheres devem estar submetidas a seus maridos e devem ser como escravas"


Talmud: "A mulher é um vaso cheio de imundícies com sua boca cheia de sangue e entretanto todos a desejam" 
(Shabbath 152)

"Quando nasce um menino, todos se alegram mas quando nasce uma menina todos se entristecem" (Niddah 31) 


"As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. E se querem ser instruídas sobre algum ponto, interroguem em casa os seus maridos, porque é vergonhoso para uma mulher o falar na igreja" (1 Coríntios 14:34-35)


(...)



Outro grupo infelizmente também hostilizado são as pessoas idosas

Em uma aldeia no Japão Moto-Mura, se chegou a estabelecer uma idade máxima (cerca de 70 anos) para a pessoa morrer. Atingido o limite, a pessoa tinha que aguardar a morte na montanha Narayana como relatado no romance de Schichiro Fukazawa (que presumo seja baseado na realidade) que deu origem ao filme “a Balada de Narayana”. Em algumas tribos de esquimós é esperado que os idosos se afastem para morrer por serem considerados um peso. Novamente, nos campos de concentração, o procedimento padrão era mandar os velhos, crianças e mulheres para as câmaras de gás primeiro.

(...)

  


TOMO IX


OS HOMOSSEXUAIS.

“O preconceito é uma das doenças mais nojentas que a humanidade já teve"- Luis Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil.


“Nos discursos e acção racista, o outro é, pela diferença que demonstra em relação aos autores daqueles, discriminado, segregado e/ou excluído... (O lugar do outro nos discursos e ações racistas-Paulo Lopes).


Cadê o gay? Cadê o gay? Este grito ecoou dentro de uma sela prisional durante o inicio de uma rebelião. Ao localizarem-no, este infeliz foi brutalmente espancado e tomado como refém pelos companheiros de sela que na confusão e desordem, voltaram a atenção para o elemento mais diferente e frágil do sistema formado pelos presos. Acontece que a escolha deste componente não foi feita durante a rebelião, pois na mente dos demais detentos o homossexual já estava marcado, estigmatizado há muito tempo, inconscientemente ou não. O gay era o anormal, o defeituoso na visão total do grupo. Este fenômeno acontece na visão ética rígida (se faz sentido ética criminosa) para com os Parricidas (assassinos dos pais), Duque 13 (Art 213) estupradores, X-9 (delatores) "cagoetas". É o microssistema agindo para expurgar sua parte mais defeituosa, neste caso dos criminosos, os mais repugnantes moralmente, ou no caso do gay o divergente na preferência sexual e maneira de se comportar. Estes elementos divergentes da maioria carcerária sabendo ou não já estão marcados, só esperando a chispa que detone a agressão. 


(...)

São Bernardino, no passado esbravejava que os “sodomitas” deveriam ser afastados da sociedade “assim como o lixo é retirado das casas, de modo a que não as infecte, os depravados devem ser afastados do comercio humano pela prisão ou pela morte”, “o pecado tem que ser destruído pelo fogo e extirpado da sociedade”, “ao fogo!” gritava para sua assembléia, “eles são todos sodomitas! E vós estareis todos em pecado mortal se tentardes ajuda-los” No século XV houve um dramático crescimento dos processos por sodomia em Veneza. Em Veneza assim como em Florença os homossexuais se tornaram bodes expiatórios para a peste e para o declínio populacional. Richards, no livro sobre as minorias na Idade Media diz que a partir do século XII cresceu um sentimento anti-homossexual, causado por dois fenômenos relacionados. Primeiro havia uma xenofobia exacerbada pelas cruzadas. A propaganda anti-muçulmana ressaltava o predomínio da homossexualidade entre eles e destacava historias de atrocidades homossexuais contra cristãos, crianças e clérigos, O forjado “Apelo do Imperador Oriental” para ajudar a salvar a Terra Santa, que circulou no Ocidente para angariar apoio para a Primeira Cruzada, ressaltava o seqüestro de virgens cristãs e sodomização de meninos de todas as classes. Jacques de Vitry, no seu livro Historia Oriental chegou a alegar que o profeta Maomé tinha popularizado a sodomia entre seu povo. A sodomia também era associada com a heresia. De novo, na era Hitlerista, durante a segunda Guerra mundial nos campos de concentração havia prisioneiros condenados pelo “terrível” crime de serem homossexuais. Presos, algemados, eram conduzidos aos campos da morte. Portavam o "triangulo rosa", como identificação de seus delitos. Esta ligação entre mentalidade nazista ou neonazista e homofobia não mudou. Para exemplificar já no final deste século, precisamente no dia 06 de fevereiro de 2000 esta intolerância sexual fez com que dois Skinheads brasileiros Juliano Filipini Sabino e José Nilson Pereira da Silva assassinarem brutalmente um adestrador de cães Edson Neris da Silva, de 35 anos por que o mesmo era homossexual. Os dois Skinheads pegaram 21 anos de prisão pelo delito. O fato se deu quando Edson passeava de mãos dadas com o amigo Dario Pereira Netto, na Praça da República, região central de São Paulo, onde acabou espancado até a morte por cerca de trinta jovens da gangue Carecas do ABC . Da turma outros dezesseis acusados também devem ir a julgamento. Silva e Sabino receberam a pena por homicídio triplamente qualificado (meio cruel, motivo torpe e impossibilidade de defesa) e formação de quadrilha. Foram absolvidos, entretanto, da acusação de tentativa de homicídio contra Dario que conseguiu escapar da fúria da gangue. (Fonte revista Veja de 21 de fevereiro de 2001)...

(...)

Até não muito tempo atrás os códigos penais de vários paises continham leis que enquadravam os homossexuais na categoria de criminosos ou pelo menos degenerados morais. Assim durante toda a história houve sempre uma hostilidade, institucionalizada ou não, contra as pessoas de orientação sexual divergente do esperado. 

(...)

Na Alemanha de Hitler os homossexuais condenados sob a lei do parágrafo 175, foram perseguidos e mortos. De cerca de 50.000 homossexuais apresados uns 10.000 foram executados nos campos de concentração.

(...) 


TOMO X






DEFICIENTES






"Uma seleção muito rigorosa pela eliminação dos fracos de espírito ou dos incapazes - noutros termos, dos resíduos da sociedade, resolveria a questão e permitir-nos-ia desembaraçarmo-nos dos elementos indesejáveis que enchem os nossos hospitais, as nossas prisões e os nossos asilos”.Madison Grandt,The Passing of the great race , 1923 Nova Iorque.


Eu tinha um amigo que gostava de passar trotes nas atendentes da brasiltelecom (102), ele dizia que adorava as vozes de veludo das telefonistas e dizia coisas obscenas para elas, falava que 90 por cento desligava automaticamente, mas havia algumas que prolongavam um pouco mais para satisfação fetichista do meu amigo, daí eu falei para ele que estas mulheres que trabalhavam na empresa eram quase todas deficientes físicas (pelo menos foi o que eu fiquei sabendo) , ele curioso ligou e perguntou, uma atendente confirmou o que eu disse. Ele nunca mais ligou, a mera menção de as atendentes serem deficientes acabou com o tesão dele, joguei areia na farofa do meu colega...


Na nossa civilização utilitária, governada pela orientação racional dos meios e das fontes de energia, onde cada elemento da sociedade funciona como componentes de uma engrenagem, onde todos têm que contribuir, uma pessoa que nasce ou se torna incapacitada para exercer seu papel como dente da engrenagem sistêmica se tornara alvo de preconceito, desconfiança, será encarada como peso desnecessário, como um estorvo, um empecilho, que atrapalha a vida dos outros. Muitos começarão a raciocinar coisas estranhas com respeito a esses inválidos, incapazes, inúteis...


(...)


 Philipps Azziz, no livro Os médicos da morte cobaias aos milhões argumenta que " a idéia do extermínio dos fracos ou dos associais tem sido a julgar pela literatura mundial, um assunto dos mais florescentes, de Platão a Nietzsche...E o século vinte não têm sido o menos pródigo a esse respeito." 

(...)

Voltando no tempo poderíamos citar as leis da XII tábuas, na Roma Antiga, que autorizava os patriarcas a matar seus filhos defeituosos, por entender que tais pessoas eram inúteis à guerra, devendo ser eliminadas.

(...)

“Resta-nos ainda o problema não resolvido das inúmeras minorias (associais) e dos predispostos para o crime. Representam uma terrível carga para a parte ainda normal (...) da população. Por que conservamos nós a vida dessas criaturas inúteis e perniciosas? Por que não procede a sociedade de modo mais econômico com os criminosos e alienados? (...) É evidente que não podemos julgar os homens; no entanto a sociedade deve ser protegida dos elementos perturbadores e perigosos (...) Como se pode fazer isso? Certamente não é construindo cada vez mais maiores e mais confortáveis prisões, tal como a verdadeira saúde não poderá ser favorecida por hospitais maiores e dirigidos por especialistas cada vez melhores. Na Alemanha o governo tomou medidas enérgicas contra o aumento das minorias, dos alienados e dos criminosos. A situação ideal seria que...”. (...) cada individuo desse gênero fosse eliminado quando se tivesse se mostrado perigoso (...).” 

(...)




No livro Espaço Pessoal Coleção Ciências do Comportamento E.p.U. editora pedagógica e universitária Ltda(...) o Autor Robert Sommer na página 120, afirma: “é possível aprender muitas coisas em locais onde a sociedade conserva aqueles que rejeita” e cita o psiquiatra David Vail: “A instituição para doentes mentais apresenta em espelho da vida. Se podemos descobrir com se pratica o mal nesse microcosmo, podemos saber com o mal é praticado no mundo que o cerca. E se sabemos como, podemos saber o porquê. Mais importante ainda se sabemos como o mal é praticado com relação ao espírito humano, podemos algum dia descobrir como será possível eliminá-lo.” Ainda segundo ele: “Os pacientes mais freqüentemente surrados era os fisicamente mais fracos e com personalidades mais fracas”


(...)


Observe esta citação feita por R. Kehl “A campanha de eugenia no Brasil”. (1931) APUD J. Freire Costa, História da Psiquiatria no Brasil. Rio. Editora Campos, 1981: “Nunca foram tão numerosos como hoje os auxílios sentimentais e econômicos que se prestam às enfermidades physicas e sociaes. Os próprios Estados esforçam-se, aumentando as cargas contributivas para fazer viver e triunphar... os degenerados phisicos, physhicos e os criminosos. Em toda parte são criados e prosperam as associações destinados à conservação destes resíduos humanos. Onde existem porém sociedades para proteger e alentar os elementos mais úteis à humanidade? Conhecem-se algumas mas em reduzido número! Muitos dentre os fortes, os sadios, os inteligentes, os honrados, dentre os que estão por si e por sua descendência, mais capacitados para realizar progressos, não encontram apoio útil, devido aos erros sociais que via de regra, os sacrificam à humanidade degenerada” 

(...)

O Instituto de Biologia Racial da Universidade de Uppsala, na Suécia revelou que esta instituição entre 1930 e 1996, tinha um programa de esterilização baseado em teorias eugênicas e princípios de “higiene” social e racial. Para preservar a “pureza da raça nórdica” foram esterilizados a pedido próprio ou sem o seu consentimento, 230 mil pessoas, a maioria esmagadora, 99% mulheres. Em nome do planejamento familiar e da coesão social, esse programa incidiu sobre pessoas de “raça mista”, ciganos, laponios e demais minorias étnicas socialmente marginalizados, e também sobre mulheres consideradas “problemáticas” como mães solteiras ou em tratamento psiquiátrico ou de câncer.


(...)

 
Todo impulso anti-social é discriminatório, toda agressão está carregada de desvalorização da vítima na mente do agressor, caso contrario ele não agrediria. Quem agride já desominizou em sua mente a vítima, para ele o outro realmente é sub-humano, uma não-pessoa...


(...)

Num livro de Robert Sommer há um trecho curioso, onde se afirma que: “A utopia Americana depende da segregação espacial e, a cada passo, inclui argumentos quanto aos direito da minoria, opostos ao desejo da maioria. Não podemos discutir utopias sem os argumentos favoráveis e contrários a segregação. Deve-se notar que o termo que tem um sentido literal de “colocado a parte”, não indica se as pessoas procuram o isolamento ou se estes lhes é imposto (capítulo 10, titulo utopia, pág. 181.) na página seguinte ele alerta :É possível considerar essas anti-utopias como advertência de que a sociedade está no caminho errado. Novamente ideias de desenvolvimento social, progresso, avanço, tendo-se que para isto, discriminar, segregar e até mesmo exterminar. 


TOMO XI


MONGOLÓIDES

“Mais uma vez como se deu em Hiroxima e Nagasaki (armas nucleares) na Coreia e na China (armas bacteriológicas e Napalm), no Vietnã ( produtos tóxicos, quimicos e Napalm) OS ASIÁTICOS SÃO O CAMPO DE EXPERIÊNCIA DOS EUA PARA “APERFEIÇOAMENTO” DE SUAS ARMAS MAIS MODERNAS E SUAS AVANÇADAS TÁCTICAS DE EXTERMÍNIO EM MASSA.”(Saburo Kugai falando sobre o Napalm e Supernapalm no Tribunal Internacional de Crimes de Guerra.)


Lá pelos anos 70 assistia-se filmes de caubóis e índios (...) Os filmes de Faroeste emocionavam, torcia-mos pelos mocinhos, que no caso era o vaqueiro, ou o xerife, ou similar. Tinha também a cavalaria com seus uniformes azuis. Tinha os cara-pálida e os peles vermelhas O vilão geralmente era o índio, o outro. (...) mas não podemos deixar de notar a demonização que se fazia do povo indigena, nestes filmes de "bang bang" os Apaches ou Cheroquees, ou outro povo, atacavam as carruagens, roubavam os pertences, raptavam as mocinhas. Sabemos hoje que a verdadeira história era outra. Que os desapropriados de suas terras, que os exterminados e terem tido suas mulheres violentadas foram sim os indígenas. 


(...)


TOMO XII


OS POBRES E OS NORDESTINOS.


"O nordeste já é uma espécie de gueto, onde vivem hoje mais 30 milhões de pessoas, praticamente inúteis para o resto do país. Se houvesse uma catástrofe ou epidemia que matasse metade da população, provavelmente não sentiríamos a mínima falta, porque essa parcela da população não trabalha para nenhum setor industrial ou pouco contribui” -(Claus Magno Germer, Secretário da Agricultura do Paraná, num boletim informativo- citado no Livro de Martiniano J. Silva, Racismo à brasileira - Raízes Históricas.)


Esta declaração pode parecer estranha vindo de uma autoridade, ainda mais nacional, do paìs da democracia racial, da terra da tolerância.


 (...)

No mês de agosto do ano de 2004, 06 moradores de rua (mendigos) foram mortos a pauladas, nas imediações da Praça da Sé em São Paulo, suspeitasse que os crimes tenham sido praticados por um “grupo organizado”, que tanto poderia ser um grupo de extermínio formado por militares como possivelmente por um grupo neonazista de Skinheads. 

(...)

O Cientista Social e economista inglês, THOMAS ROBERT MALTHUS (...) em 1798 disse que "a solução para o problema demográfico seria obtida através da supressão de toda assistência do Estado aos pobres, além da abstinência sexual."

 (...)   

  


TOMO XIII


OS NEGROS
















"RACISMO-Sistema que afirma a superioridade racial de um grupo sobre outros, pregando, em particular o confinamento dos inferiores numa parte do país (segregação racial)” - Petit Larousse, Dicionário.


A essência do pensamento racista é que as raças são quase espécies, sem ligação entre si. Muito se falou, se debateu, se lutou, se publicou, sobre este tema polêmico. Os negros são um grupo extremamente discriminado, onde, quando e como sabemos. Se mais ou menos que outros grupos deixamos para os analistas sociais. Nosso objetivo é descobrir o pôrque desta discriminação. Mas antes um resumo: Já antes das grandes navegações tinha-se conhecimento de povos estranhos que habitavam o desconhecido continente Africano, estes povos eram meio homem meio animais, outros tinhas duas cabeças e outras deformações. Isto é claro no imaginário do europeu. Na Ilíada e na Odisséia os etíopes (negros) eram retratados negativamente, associados às idéias de relaxamento moral, ociosidade e frivolidade. Na Bíblia, lê-se que Miriam e Arão reprovaram Moises por causa de sua esposa etíope. O tempo avançou e se iniciou a escravatura, (ou reiniciou) onde o negro era considerado infra-humano, que para se tornar humano deveria ser civilizado, catequizado. Afirma-se que o trafico de escravos atingiu por volta 20 milhões de africanos. A sua pele escura e seu modo de vida em homeostase com a natureza, creio eu, foi o catalisador que detonou toda esta injustiça, usado como braço sustentador de todo uma sistema econômico, e negro sobreviveu. Ao ruir a escravatura o negro nem assim teve a liberdade, passou a não ser aceito como trabalhador remunerado.
Com o tempo o Afroamericano e o Africano Nativo foram vítimas das piores injustiças. Aqui no Brasil fomos o último país a abolir a escravatura.
Muitos explicavam e legitimavam a escravatura devido a passagem na Bíblia onde Cam, um dos filhos de Noé, teria visto o seu pai nu, o que segundo a terminologia Bíblica “ter visto a nudez de seu pai” equivaleria a Cam ter encestado seu pai. Mas aconteça o que tenha acontecido, se tiver acontecido, que se Cam e seu filho Canaã, eram filhos de Noé, então eles pertenciam a mesma raça. Como de uma geração para outra, uma raça é criada e amaldiçoada?


(...)

Na África do Sul tivemos o Regime de Apartheid, (palavra do holandês sul-africano que significa literalmente “separação”) que durou de 1948 a 1994 (46 anos) “paraíso dos racistas”, onde o racismo foi institucionalizado, legalizado, e a maioria negra ficou sob severas restrições. Apenas depois de muitos anos, em 1991, o governo da África do sul. Aboliu a lei que mantinha o apartheid.
A escravatura negra durou 400 anos, e esse legado se tornou tão forte que para nós, parece que esta escravidão foi a única da História, somente a dos povos negros africanos. Igualmente pensamos que o holocausto foi só dos Judeus

(...) Segundo Hans Von Henting, ocorreram 3.693 casos de linchamentos de negros nos EUA (de 1889 a 1929). 
(...) A idéia por trás da segregação é que se deve isolar o que é ruim, vergonhoso e temido pela sociedade. O termo raça apareceu na literatura científica em 1775, empregada pelo Alemão Johan Friedrich Blumenbach um dos fundadores da Antropologia, baseados em conceitos inspirados na teoria evolucionista.

(...)

...a Klan intimidava também em menor escala brancos que ousavam se associar com negros, além de Judeus, católicos, hispânicos e qualquer forasteiro que se posicionasse de forma contraria aos interesses da aristocracia sulista.


(...)


As testemunhas de Jeová crêem que Deus ira destruir em breve os maus numa guerra santa chamada Armagedon, logo posteriormente a essa guerra irá restaurar um novo mundo perfeito, onde não haverá deficiência física, doenças, velhice ou morte, todos terão vida eterna numa sociedade perfeita governada por Deus desde os céus. Então certo dia conversando com umas Testemunhas de Jeová, uma disse zombando da outra que no Novo Mundo, não haveria baixinhos como ela, pois isso era uma imperfeição que seria corrigida por Deus, no paraíso. Outra testemunha, não sei se falou serio ou não, disse que no paraíso, todos seriam brancos, pois os morenos e negros foram queimados pelo sol, começando após o dilúvio universal, e que antes do dilúvio o sol era mais fraco e não tinha negros, e que Deus também iria corrigir esta “injustiça” no seu tempo devido. Na hora eu não sabia se ria ou chorava!


(...)

 Somente uma mente muito preconceituosa para considerar o surgimento de outras raças, como decorrência e conseqüência indireta do pecado original, onde, após o paraíso ser restabelecido, as pessoas serão novamente, alvas, loiras, belas, e sem me esquecer, também altas! 

Os racistas tanto podem recorrer ao Darwinismo social quanto ao fundamentalismo Bíblico para fundamentar suas teses protonazistas, deixando os contraditores sem argumentos para se defenderem...

(...)

Recentes técnicas que reconstituem a projeção do rosto de pessoas mortas demonstrou que o faraó mais famoso do Egito Antigo, Tutancâmon que morrerá aos 18 anos, tinha feições predominantemente negróide, pulverizando outro argumento dos racistas, de que os negros nunca formaram uma civilização avançada, que só viviam em tribos primitivas. 

(...)

O senador Theodore G. Bilbo do Mississipe (um dos estados mais racistas que já existiram no universo) disse gloriosamente em 1947:
“Se nossos prédios, nossas estradas, e nossas ferrovias fossem quebradas, nós poderíamos reconstruí-los. Se nossas cidades fossem destruídas, de suas ruínas nós ergueríamos novas e maiores. Mesmo se nossa força armada fosse vencida, nós poderíamos gerar filhos que iriam restaurar nosso poder. Mas se o sangue de nossa raça branca ficar corrompido e misturado com o sangue da África, então a presente grandeza dos Estados Unidos da América seria destruída e toda a esperança de civilização para um América negra seria tão impossível como seria a redenção e a restauração do sangue do homem branco que foi misturado com aquele negro”.


Para finalizar este pequeno capítulo deixamos as reflexões para o naturalista Darwin, que visitou o Brasil escravista:


“No dia 19 de agosto, deixamos afinal a costa brasileira. Graças a Deus, nunca mais terei de visitar um país escravista. [...] Perto do Rio de Janeiro eu vivia ao lado de uma senhora idosa que mantinha em casa um instrumento para esmagar os dedos de seus escravos homens. Hospedei-me em outra casa em que um serviçal mulato era insultado, surrado e perseguido dia e noite com insistência suficiente para quebrar o espírito do mais inferior dos animais. Vi um menino pequeno, de seis ou sete anos, levar três chicotadas na cabeça nua (antes que eu pudesse interferir) por me ter servido água num copo que não estava perfeitamente limpo. Seu pai tremia ao mero encontro dos olhos de seu senhor. [...] Aqueles que olham com brandura para o senhor de escravos e com o coração frio para o próprio escravo, parece que nunca se colocam no lugar deste último; que triste destino, sem qualquer esperança de alteração! Procure imaginar a possibilidade sempre presente de ter sua mulher e seus filhos pequenos”. –”. objetos a que a natureza faz mesmo o escravo se apegar – arrancados de sua companhia e vendidos como animais a quem der o primeiro lance! E essas façanhas são praticadas e toleradas por homens que afirmam amar o próximo como a si mesmos, que crêem em Deus e rezam para que seja feita a Sua vontade sobre a terra!" [Charles Darwin, A viagem do Beagle (1839)]


“A descoberta do clarinete por Mozart foi uma contribuição maior do que toda a África nos deu até hoje” - Paulo Francis, jornalista.


TOMO XIV



PRISIONEIROS


“Só podem contar o que viram, Deus, a policia e os presos, eu ouvi apenas os presos-“ Drauzio Varela- Livro Estação Carandiru - Filme Carandiru.


Estas palavras acima foram escritas no livro do médico Dráuzio Varela, que conviveu por muitos anos junto com a população presidiária da Casa de Detenção de São Paulo. Palco do famoso episódio em que a tropa de choque armada ao conter uma rebelião matou 111 presos. Ninguém sabe qual foi a faísca que detonou o extermínio. Será que entre as minorias segregadas poderíamos mencionar um grupo que seja mais segregado do que os presos ? O sistema que eles fazem/faziam, parte os considerou incapacitados para conviverem com os demais membros do sistema. Diferentemente das outras minorias, o motivo da discriminação e conseqüentemente segregação dos presos, na maior parte é por motivos políticos (nas épocas totalitárias), legais-juridicos, mesmo éticos e morais. Isto que dizer que na maioria das vezes, os encarcerados o são por causa do seu comportamento. Em grande parte as outras minorias são perseguidas pelo que são, os prisioneiros em grande parte pelo que fazem, é sua conduta que os fazem alvo da segregação. Plenamente justificada. É claro que um grande número da população carcerária é composto pelas demais minorias. Esta segregação é uma exceção as outras. Neste caso a proteção dos elementos do sistema exige o isolamento dos criminosos, pois se deixados livres, causariam dano até não poder mais, matando, roubando, estuprando, etc. Precisam ser coibidos. 


(...)



TOMO XV


DEMAIS MINORIAS


“Nenhum país ficaria isento dessa praga: o estrangeiro, o diferente, o minoritário é detestado (...) o planeta parece ter entrado no tempo do ódio do outro”.-GILES LAPOUGE. O Ódio é um velho conhecido da humanidade. O estado de S. Paulo. São Paulo, 20 junho de 1993.


Ciganos - Até meados do século passado, ciganos eram vendidos como escravos em alguns países dos Bálcãs, foram duramente perseguidos durante a "Inquisição" católica. Durante a 2ª Grande Guerra pelos menos de 600 mil à 1 MILHÃO de ciganos foram eliminados pelos nazistas, hoje são perseguidos em vários países do ex-bloco soviético, são discriminados no emprego, a ponto de em algumas áreas, o índice de desemprego entre eles chegar a 90 %. Rejeitadas nas escolas comuns, crianças ciganas ficam sem estudo ou acabam em colégios para alunos deficientes. Na Romênia são ciganas três de cada quatro crianças recolhidas aos orfanatos. Por toda a Europa há medidas de segregação adotadas pelas autoridades nas pequenas cidades. O País europeu com a maior população de ciganos é a Romênia 2,5 milhões. No mundo todo são por volta de 10 milhões, povo sem pátria que vive de forma nômade zanzando pela face da terra (...) Ao longo da história os ciganos, gitanos, zíngaros, foram (...) marginalizados e forçados a acampar apenas na periferia dos povoados e proibidos de entrar até para comprar suprimentos ou buscar água. Na Idade Média ouviam-se rumores de que os ciganos roubavam crianças para fins antropofágicos(...) Os romãs eram obrigados por lei a cozinhar ao ar livre. Isto porque qualquer um que desejasse podia examinar o que havia em suas panelas. Essa verificação muitas vezes era feita por se derramar no chão, o alimento do dia. Não é de admirar que alguns romãs roubassem comida para sobreviver.


Mangrebinos -Na França, os imigrantes mangrebinos (vindos da Argélia, do Marrocos e da Tunísia), cerca de 1,2 milhão de pessoas são tratados como bandidos perigosos.


Albinos - (...)A NOAH (Organização Nacional para Albinismo e Hipopigmentaçao Americana) através de seu presidente Michael McGowan, declara que desde 1960, contabiliza-se 68 filmes onde albinos são representados como vilões resquícios de uma crença antiga de que eram amaldiçoados (Exemplos: Matrix e o Código da Vinci) –Fonte, revista Veja 14-06-2006. 


CURDOS – 25 MILHÕES de Curdos vivem espalhados por 06 países sonhando com a independência e sendo constantemente hostilizados.


TURCOMANOS - (...)


(...)




TOMO XVI 


ESTÉTICA ARIANA


“Se existisse chapinha na Jovem guarda, vocês nunca teriam visto os meus caracóis” - Roberto Carlos –Cantor.



Na Índia, terra de origem do termo ariano a sociedade é (era) dividida em muitas castas, sendo que na hierarquia temos desde as castas mais altas, os Brahmas até a base com os Sudras e abaixo já fora da pirâmide, os intocáveis. A castas mais altas Têm tradicionalmente a pele mais clara que as castas inferiores, existem até lendas, sendo uma parecida com a de Cinderela, em que no final a recompensa da heroína foi ter sua pele embranquecida (...)  o padrão de beleza conforme já mencionei é a derma clara, isso virou uma obsessão indiana, esta característica é símbolo milenar de status social na Ásia, do inicio do século para cá clinicas de estética que oferecem serviços de clareamento de pele tornaram-se tão comuns como os salões de beleza nestas terras brazucas. (...) aumentou em 65% a venda de produtos que clareiam a pele neste período mencionado. Nota-se que até os homens são consumidores destes produtos. Assim como a expressão “boa aparência” nos anúncios comerciais (no século passado) exigiam subtendidamente brancos para os empregos, lá, as agencias matrimoniais na índia usam “pele clara” como um atributo de valor mais que positivo nos anúncios. Na índia a cor da pele segue gradualmente o status social ou castas que são milhares e multiplique por elas as subcastas. A antropóloga americana Sarah Lamb, da Universidade, Brandeis, nos USA, especialista em cultura hinduísta diz que “o padrão de beleza da industria cultural americana influenciou as indianas” as atrizes mais invejadas na Índia são as de pele mais pálidas. (...) José Eduardo Barella, articulista da revista Veja brinca que se as coisas continuarem assim e com os produtos químicos sendo usado em larga escala a Índia será um pais (...) do mundo, repleto de sósias de Michael Jackson, que pesadelo!!


No passado os povos conquistadores impunham aos povos dominados, suas leis, sua língua, pesados tributos, exigiam que muitas vezes adotassem seus costumes e sua religião. Trazemos a herança de impérios conosco até hoje, incluído a filosofia, técnicas, leis, língua e outras coisas, que recebemos de nações que "invadiram" a nossa e outras. 


(...)

... e o padrão estético, padrão de beleza. Este padrão seria o de pele clara, cabelos escorridos, olhos claros...

(...)

... conforme argumenta Carlos Rodrigues Brandão no livro Identidade e Etnia construção da pessoa e resistência cultural, Editora Brasiliense, falando sobre os índios em relação ao branco: “DE TANTO SUBMETER-SE AO SISTEMA DE VALOR DO DOMINADOR O DOMINADO APRENDE A DEFINIR-SE ATRAVÉS DELE...”

(...)

Na Bíblia há uma pergunta assim: "Pode o leopardo mudar suas listras ou o Cuxita (etíope) mudar sua cor?" Muitos séculos anos depois que esta palavras foram escritas originalmente, veio a resposta: Sim, pode! MICHAEL JACKSON. De sua carreira precoce nos Jackson Five, (anos 70) onde seu cabelo no estilo black Power combinava com seus traços negróides e sua cor retinta, este cantor famoso dos Estados unidos metarmofoseou-se em uma outra pessoa uma versão branca de si mesmo 

(...) 

... a industria de cosméticos mundial ganha somas astronômicas em cima das mestiças, pardas e negras, principalmente da América Latina. Compare os penteados das novelas dos anos 70, 80, 90 com os deste século XXI, perceba que gradualmente os cabelos ondulados e encaracolados mesmos os das atrizes brancas gradualmente terem saído de moda, dando lugar aos cabelos lisos, até as apresentadoras de telejornais aderiram a esta moda do cabelo liso, ou será que a seleção natural está em operação conduzindo a um tipo característico de aspecto físico? 

(...)

...o positivismo deu uma capa de cientificidade ao anseio de brancura nacional, para se realizar este branqueamento nacional foram abertos as portas para a imigração, alguns afirmaram que em 2020 o Brasil seria totalmente branco. 

(...)






... no Japão estudantes fazem plástica nos olhos para os tornarem mais ocidentais...


(...) 

Existe uma explicação biologia sobre essa preferência pela tez clara. A teoria da NEOTENIA, afirma que os bebes geralmente são mais claros e os cabelos idem, esta compulsão em clarear a pele e oxigenar os cabelos seria então um esforço de parecer mais jovem, para atrair a atenção. Os bebes teriam então estas características para que os adultos se sentissem enternecidos por eles e os ajudasse nas suas necessidades, um imperativo evolutivo. Os adultos de nossa espécie apercebidos disto procuraria imitar esta estética, só não entendo o que isto tem haver com alguns quererem acabar com as outras estéticas num forno crematório! 
 

(...)

Os desenhos animados japoneses tem todos os olhos grandes e redondos, será isto uma compensação para os olhos puxados


Uma ultima história para fechar o capitulo. Na região onde fui criado quando nascia um bebê, à noite no aconchego dos lençóis quentes a mãe ou parentes próximos aqueciam os dedos polegar e indicador na chama da vela ou lamparina e apertava o nariz da criança para ficar “afilado” queriam moldar a força o rosto da criança no padrão ariano.






TOMO XVII


Na meada incolor da vida corre o fio vermelho do crime, e o nosso dever consiste em desenreda-lo”, isola-lo e expô-lo com toda a sua extensão” – Sherlock Holmes, personagem de Artur Conan Doyle.


A sociedade é constituída em camadas que se subdividem, assim como na sociedade temos a cultura geral que é formada por várias subculturas.


 (...)

 As pressões  no sistema fazem com que este pressione também os subsistemas imediatamente inferiores na hierarquia do sistema, a pressão percorre um circuito (...) em que conforme diz o ditado popular, a corda sempre quebra do lado do mais fraco, ou seja, o elo mais frágil da corrente se quebrará. Os componentes do sistema quando frustrados se voltam para algo, interno (...) tentam expurga esta parte. 

Na sociedade espartana, as crianças deficientes eram condenadas à morte ao nascerem, eram jogadas do alto do monte Taígeto, pois se precisava de guerreiros fortes e saudáveis e toda fragilidade era expurgada. Quase o mesmo aconteceu na "civilização" nazista da época de Hitler quando começou-se o processo de Eugênia, em que deficientes físicos e mentais, bem como criminosos, homossexuais, ciganos, objetores de consciência e outros foram sistematicamente eliminados. Hitler apesar de ser fascinado com a Grécia e ter Atenas como fonte de inspiração, buscou em Esparta o modelo para o III Reich. O mito da raça ariana pura, o pangermanismo, criou um modelo...



 (...)

O fenômeno de se estigmatizar determinado grupo ou pessoa conforme já mencionamos ocorre dentro do próprio sistema carcerário, é notório o fato de estupradores, parricidas, infanticidas, serem brutalmente linchados dentro das cadeias. Estes são os segregados dos segregados, os excluídos dos excluídos, 


(...)


A tendência de se escolher um bode expiatório e deste bode expiatório sempre pertencer a uma minoria indefensável faz parte dos grupos humanos e dos homens individualmente, lembre-se do trabalhador que foi demitido, ou está endividado, que chega em casa embriagado e agride a esposa ou os filhos, abusando de sua autoridade como chefe de família, ele descarrega sobre sua própria família, no mecanismo de catarse (...)seus traumas, frustrações e problemas existenciais, atribuindo aos seus (...) a origem de suas contrariações e adversidades, o mesmo acontece com patrões com empregados, muitos passando seus contratempos aos seus subalternos de forma injusta e descomedida.

(...)

Alguém disse certa vez que “uma opressão suscita o desejo de oprimir no oprimido” (...) sendo que o oprimido oprime aquele que esta logo abaixo dele na escala hierárquica de poder. 

(...)

... terem a tendência de formarem dentro de seu pequeno grupo um modelo em miniatura do sistema maior de que fazem parte, sendo assim todo grupo excluído terá dentro de si aqueles que também serão excluídos.

(...)

...ainda lembrando-nos dos pichados nas penitenciarias, que são escolhidos para morrer, notamos que os presidiários os escolhem por seus crimes serem os mais abomináveis na escala moral e então os detentos passam a desprezar e odiar os mesmos, chegando a consumar a eliminação dos desafetos, não sem antes os ter discriminado e segregado...

(...)

...o expurgo que a civilização têm feito de sua parte deficiente e frágil, numa limpeza étnica, social, etc. não é algo que aparece de vez em quando do nada mais está entranhado na espécie humana, cravado fundo em sua raiz constitucional, sendo que a EUGÊNIA é apenas a intelectualização de um desejo impulsivo.

(...)

O SER HUMANO TÊM NECESSIDADE DE RESPONSABILIZAR, UM ALVO HUMANO POR TODOS OS SEUS PROBLEMAS, A ENERGIA CRIADA PELA FRUSTRAÇÃO PRECISA DE UMA VÁLVULA DE ESCAPE QUE SERÁ, UMA SAÍDA MAIS FÁCIL, UMA QUE NÃO PODERÁ REVIDAR, ASSIM COMO O RIO ESCOLHE O CAMILHO MAIS FÁCIL, OU SEM OBSTÁCULOS, ESSE ALVO PRECISA SER PENALIZADO PELO DANO QUE SUPOSTAMENTE CAUSOU AO AGRESSOR. 


(...)




“Nestes tempos de globalização onde temos como pricipal problema o econômico, apontou Gilles Lapouge acertadamente que : “Aí sem dúvida, localizamos a raiz mais primitiva do racismo. Na origem, o comportamento de exclusão tem sua fonte no medo do outro(...) A passagem ao racismo é automática: passa-se a detestar este outro que nos causa temor. Ora o que acontece em tempos de crise reproduz de maneira alucinada este espetáculo de grupos primitivos que na floresta detestam tudo que não lhes pertence. O emigrado, o outro, aquele que têm uma religião diferente, cujos cabelos são crespos, aquele que não come batatas, aquele cuja pele é parda, passa subitamente a ser visto, quando a luta pela vida torna-se mais dura, como predador, o ladrão, aquele que vive em sua terra ou que invade seu solo, que toma seu emprego, etc. “


(...)




TOMO VIII




VACINA CRISTÃ PARA A DOENÇA DO BODE EXPIATÓRIO
Portanto, a mulher samaritana disse-lhe: “Como é que tu, apesar de ser judeu, me pedes de beber, quando eu sou mulher samaritana?” (Porque os judeus não têm tratos com os samaritanos.)-João 4:9




"Os judeus copiam na Palestina a meleca germânica, e os pretos já começam a bater no peito com demonstrações ostensivas de orgulho racial, nostálgicos talvez do tempo em que, faraós no Egito, desciam o chicote no lombo semita. É o troca-troca sangrento a que denominamos, higienicamente, História. Entre vítimas de hoje e carrascos de amanhã, fico eu com o Apóstolo Paulo: “Todos pecaram e estão excluídos da Glória de Deus.”.  O. de C. em O Futuro do Pensamento Brasileiro.



***

"QUASE TODAS AS COISAS SÃO PURIFICADAS COM SANGUE” -Hebreus 9:22


Lá pelo ano de 1978 um teólogo católico Raymund Schwager propôs uma teoria chamada Teoria do Bode Expiatório. Segundo se diz, ele rejeitou o conceito de que Deus iria “exigir olho por olho”, Ele encarava o sacrifício de Cristo como um tipo de CATARSE (purificação) que permite que a sociedade humana dê vazão-e daí se livre de suas inatas tendências violentas... O interessante é que várias passagens da Bíblia parecem confirmar esta Teologia soteriologica expiatória, senão, vejamos: “Cristo nos livrou da maldição da Lei por meio duma compra, por se tornar maldição em nosso lugar, porque está escrito: “Maldito é todo aquele pendurado num madeiro”.(Gálatas 3:13)  Aqui diz que ao ser pendurado na cruz, Jesus se tornou amaldiçoado conforme a lei mosaica, amaldiçoado pelos nossos erros. Talvez sugerindo que ao invez de projetarmos nossos erros em bodes inocentes, nas minorias, deveríamos projetar nesta cena tétrica, e que os nossos erros e o mal que projetamos de nós mesmos para o exterior, estaria morrendo ali, junto com o Messias.


(...)


 ... Cristo ali, se tornou o bode sacrificial perfeito, como a própria Bíblia diz, vez após vez, e que a partir daquele momento, este mecanismo deveria cessar, pois o amaldiçoado supremo pelos pecados do mundo seria o ungido nazareno, sem necessidade de mais culpados pelos nossos erros. Que fosse cessado toda transferência de culpa, que em todos os lugares e em todas as épocas todo bode expiatório fosse substituido por este sacrifício.

“Mas ele estava sendo transpassado pela nossa transgressão; estava sendo esmigalhado pelos nossos erros. O castigo intencionado para a nossa paz estava sobre ele, e por causa das suas feridas tem havido cura para nós”. (Isaías 53:5)



“Ele mesmo levou os nossos pecados no seu próprio corpo, no madeiro, a fim de que acabássemos com os pecados e vivêssemos para a justiça. E “pelos seus vergões fostes sarados”. (1 Pedro 2:24)


  “Vai pelas ruas estreitas e vielas e trazei para o meu banquete os coxos, os surdos, os mudos”. (Evangelho de Mateus e Lucas)

(...)


O pensador Friedrich Nietzsche, no seu “O Anticristo” afirma sobre o cristianismo que: “Não devemos enfeitar nem embelezar o cristianismo, ele travou uma guerra de morte contra este tipo de homem superior, anematizou todos os instintos mais profundos desse tipo, destilou seus conceitos de mal e de maldade personificada a partir desses instintos- o homem forte como um réprobo como ‘degradado entre o homens’.  O cristianismo tomou o partido de tudo o que é fraco, baixo e fracassado, forjou seu ideal, a partir da oposição a todos os instintos de preservação da vida saudável; corrompeu até mesmo as faculdades daquelas naturezas intelectualmente mais vigorosas ensinando que os valores intelectuais elevados são apenas pecados, descaminhos, tentações. ...a compaixão contraria a inteiramente a lei da evolução, que é a lei da seleção natural. Preserva tudo que está maduro para perecer; luta em prol dos desterrados e condenados da vida; e mantendo vivos malogrados de todos os tipos, dá a própria vida um aspecto sombrio e dúbio”.


 “Mas essa violência funda-se, essencialmente, numa ilusão. O sacrifício não tem, por si, o poder de gerar efeitos benéficos. Se estes acabam por se produzir, é por intermédio da crença generalizada que despeja os ódios sociais no inocente e aplaca uma sede de vingança irracional que a sociedade atribui a um deus, mas que vem dela mesma. Esta crença, por sua vez, vem do desejo mimético, que, se escolhe por objeto uma miragem, pode se satisfazer igualmente com uma miragem de causa quando se trata de explicar a origem dos males humanos. Assim fecha-se o sistema: o mimetismo causa a insatisfação, a insatisfação causa os ódios, os ódios ameaçam a ordem social, a ordem social se restaura mediante o sacrifício do inocente, que então vira mais um deus no panteão do engano universal. O ciclo sacrificial só é rompido uma única vez na História, com o advento do cristianismo. Cristo proclama a inocência das vítimas, a inocuidade dos sacrifícios, a falsidade dos deuses vingativos: "Todos os que vieram antes de Mim são ladrões." Ele substitui a vingança social pelo arrependimento individual, restabelecendo o nexo racional entre os atos e as conseqüências, antes nublado pela mitologia sacrificial. Da desmistificação do sistema antigo nasce não somente a consciência moral autônoma, mas a possibilidade do conhecimento objetivo da natureza: Cristo inaugura a primeira civilização - a nossa - que sabe haver mais justiça no perdão do que na vingança, mais verdade no nexo impessoal de causas e efeitos do que na atribuição de um poder maligno àqueles que desejamos matar. "







TOMO FINAL


"Erradicar um preconceito é doloroso como extrair um nervo" PRIMO LEVI (1919-1887) Escritor Italiano.


“E mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito”- Albert Einstein.


Antes de fecharmos o texto (...) antes de atingirmos o clímax, gostaria de mencionar de passagem, dois desdobramentos que a pesquisa desta monografia nos apresentou. Uma não foi uma descoberta dessa pesquisa, mas um insight do Livro de Robert Richards, Sexo, Desvio e Danação, as minorias na Idade Média: nela ele nos apresenta a tese de que as minorias são acusadas não só das mesmas coisas que os primeiros cristãos foram acusados, como do que todos os outros povos, sejam pagãos ou não, acusaram os outros satanizados, ou seja, de ORGIAS, INCESTO, CANIBALISMO E INFANTICIDIO...

... estas práticas sendo a última barreira que nos separaria dos animais irracionais. Os "preconceituosos" satanizam então o outro ideal, com o que de pior pode haver no espectro moral, sendo estas coisas, um padrão recorrente nas acusações, no livro acima mencionado as minorias que tiveram acusações paralelas foram, os hereges, os bruxos, as prostitutas, o leprosos, os homossexuais e os judeus, sem falar nos mouros. O interessante é que no raiar da cristandade quando os bodes expiatórios eram os cristãos, eles antes de serem jogados aos leões, eram acusados de realizarem orgias, comerem crianças após sacrifícios hediondos e terem sexo interparentais. Lembro aqui novamente da acusação de que os comunistas comiam criancinha, um patente uso disto que estou me referindo. Sobre esta quadra terrível, ou seja, canibalismo-infanticidio-incesto-orgias, que se nos apresentou como sendo, se fossem praticas institucionalizadas, o último estágio na desagregação social e na destruição da raça humana, no mínimo, de seu caráter ontológico, não na sua biologia, mas em sua esfera cultural como HOMO SAPIENS SAPIENS. Estas acusações extremas nos revelaram que o bode expiatório é no fundo uma ameaça virtual a civilização, no imaginário do perpetrador...

(...)

... eu poderia aventar a hipótese de que este sonho, não seja apenas meu mas um sonho do inconsciente arquétipo coletivo dos homens e que seu temor ao outro, e o ódio ao outro e sua conseqüente satanizaçao e eliminação seja um medo atávico de que um dia isto realmente possa vir a acontecer numa humanidade futura e distante, onde o id governe soberano, os impulsos do tanatos sejam supremos e a cultura nada valha, onde os tabus, barreiras-pilares da civilização contra o incesto, as orgias, o canibalismo e o infanticídio tenham sido demolidos e com ela nossa humanidade. Sendo assim, seria o bode expiatório e sua destruição, uma destruição da ameaça a nossa humanidade, ou nossa civilização, numa falsa mitologia sacrificial. Esta realmente uma “ameaça fantasma”, ameaça esta que estaria dentro de nós mesmos, mas que projetamos nos outros...

(...)



... as épocas de destruição sistemática e não esporádicas, como geralmente acontece, em épocas de penúrias, dos bodes expiatórios, foram as em que um sistema superfechado de dominação estava no poder, quando o totalitarismo imperava, que foi o que aconteceu (...) nos paises fascistas na era nazista, nas ditaduras fundamentalistas islâmicas e no reinado de Stalin...

  (...)


... Íris Chang que escreveu um livro sobre o massacre Japonês na cidade chinesa de Nanquin (THE RAPE OF NANKING) concluiu a partir de sua pesquisa que a civilização é fina como um lenço de papel. “Algumas distorções na natureza humana permite que até os mais inconcebíveis atos de maldade se tornem banais em alguns minutos, contanto que ocorram suficientemente longe para não serem ameaça pessoal” 
   




(...)



Em um vila, ou cidadezinha com um determinado número de habitantes, existem três criaturas que controlam a cidadela. Todos vestidos de preto (as criaturas). A primeira trás um carimbo e uma almofada de tinteiro nas mãos, ela percorre a cidade examinando os habitantes para ver se eles se enquadram num determinado perfil já predeterminado, ela olha do alto a baixo cada habitante, se ele passar no texte é liberado, se não, recebe um carimbo na testa, um estigma, um selo de desaprovação, e já é tratado de forma diferente pelos demais cidadãos da cidadezinha. A segunda criatura parece mais um policial, toda armada, com algemas e cacetetes, porém não usa arma de fogo. Ela então não precisa examinar as pessoas, ela só precisa olhar na testa e levar aqueles que foram carimbados. Esta segunda entidade então leva estes estigmatizados para um bairro separado, todo murado, de difícil acesso. Por último a terceira criatura tem um serviço árduo, se a primeira parecia um secretário, a segunda um policial, esta terceira parece um carrasco, com um capuz e um enorme machado, bem afiado nas mãos, ela começa o seu serviço cedo e só termina de tardezinha, quando ela não dá conta de sua cota de extermínio num dia deixa um bom número amarrado para o dia seguinte. Seu serviço é dar cabo ao serviço começado pelos outros dois individuos. Acho que não é dificil indentificar estas criaturas. Sabendo-se que a vila representa o mundo e as três criatura seria pela ordem em que foram apresentada: A DISCRIMINAÇÃO, que vai marcando aqueles que fogem do padrão esperado, A SEGREGAÇÃO, que seria separar, apartar aqueles que já seria discriminados, e por último a ANIQUILAÇÃO, que viria consequentemente sobre aqueles que já estavam segregados.

(...)

  
O pai da psicanálise, Sigmund Freud disse certa vez:


“...já que o direito a desprezar povos estrangeiros (sobre os romanos) as compensa pela injustiça que sofrem dentro de sua própria unidade. Não há dúvida de que alguém pode ter sido um plebeu infeliz atormentado por dívidas e pelo serviço militar, mas, em compensação, não deixa de ser um cidadão romano com sua própria quota na tarefa de governar outras nações e ditar suas leis. Essa identificação das classes oprimidas com as classes que a dominam e exploram é contudo apenas uma parte de um todo maior. Isso porque, por outro lado, as classes oprimidas podem estar emocionalmente ligdas a seus senhores; apesar de sua hostilidade para com eles, podem ver neles os seus ideais. A menos que tais relações de tipo fundamentalmente satisfatório subsistam, é impossível compreender como uma série de civilizações sobreviveu por tão longo tempo, malgrado a justificável hostilidade de grandes massas humanas”

(...)


... "todos nós temos nosso lado mau, com suas deficiências, perversões, manias e etc. Acontece que nós ocultamos de nossa consciência este lado mal. Mas ao ocultarmos, estes desequilibrios, distorções, essa energia não desaparece, ela é projetado em alguém, que supomos representar tudo aquilo que detestamos (o bode), projetamos nosso lado mau, sombra, e o homem que não reconhece sua face sombria é um homem que só conhece uma “face da moeda”, é um ser unilateral, falsamente iludido sobre a natureza humana, e por isso, presa fácil do mal, adepto do recurso de projetar no outro, no mundo as qualidades que não reconhece em sim. A sombra representa o arquétipo do bode expiatório, do “outro”, sobre o qual é lançada toda a culpa, toda a maldade do individuo que ele não reconhece como sua. Através do recurso do bode expiatório o homem nega sua sombra, o bode expiatório presta um serviço ao seu acusador, na medida em que ele carrega para esse, o fardo de sua sombra feia, inadequada ao “padrão de beleza ético” que o ego idealiza."


(...)

A sombra reprimida e relegada ao inconsciente torna-se um potencial de energia que será liberada sobre o pobre bodinho. 

(...)





 Como disse Charles Darwin: “..uma destruição considerável inevitavelmente incide sobre os mais jovens e sobre os mais velhos...”





 (...)


Eis a explicação  por que se precisa deste bode expiatório. Por que através dele é reafirmada nossa autoridade, é realizada nossa auto-estima, somos reconciliados conosco mesmos, somos propiciados, somos redimidos, somos expiados, somos comprados para o lado bom, somos resgatados de sentimentos de inferioridade. Ao preço de extravasarmos nosso ódio contra o inferior. Assim a penitência, o castigo, é executado sobre o responsável por nosso infortúnio. Somo reparados, emendados, satisfeitos, desprofanados, purificados.



(...)




... onde o poder lhes acaricia o ego...

(...)


Freud que disse que os ímpios “tem uma imensa mancha na alma (ferida narcísea) que não pode ser mostrada, nem mesmo em sua forma de pensar”. Certos gestos não devem ser compreendidos, pois em algumas situações compreender o mal, significa às vezes justificá-lo. O escritor Primo Levi, sobrevivente do holocausto, mas que terminou por se matar anos depois, em seu livro Si c’est um homme, conta que “Não podemos nem devemos compreender a motivação de certos atos violentos sob pena de nós nos identificarmos com aqueles que o praticam ou nos vermos um dia no lugar daqueles que o sofrem" (Primo Levi;1964, p.58). Paul Ricouver disse que "o mal exige uma explicação. Mas como o Tempo, o Mal não pode ser completamente explicado. Há um ponto para além do qual o mal pode ser apenas contando, narrado, descrito por intermédio da história, dos mitos, da ficção”. Isso soa como na mitologia da Medusa, mulher horripilante com cabelos de serpente que petrifica (escandaliza) quem  a olhá-se nos olhos diretamente... 
...no Judaísmo temos a mesma condição de escândalo conforme se dá com a mulher de Ló, que advertida pelo anjo destruidor de Sodoma e Gomorra para não olhar para traz, mesmo assim o faz e converte-se, no ato, numa “coluna de sal”. 



Assim é o mal profundo, ele não pode ser contemplado diretamente, pois assim seremos petrificados por ele, sucumbiremos a ele, e nos tornaremos nos malignos que acusamos. As tarjas negras da censura não existem por acaso. É para se evitar escândalos. Que na Bíblia é o nome que traduzimos para pedra de tropeço. Originalmente esta pedra era uma usada numa armadilha de laço. Na fraseologia bíblica significa a contemplação de um ato mal que nos faz desviar do caminho do bem, tropeçar.

(...)


...assim como muitos pepinos do mar quando são atacados soltam suas entranhas para serem devoradas e fugir ileso, do mesmo jeito que o polvo solta um jato de tinta para desviar o carnívoro, da mesma forma que alguns lagartos soltam a cauda que fica mexendo distraindo o predador enquanto ele foge, do mesmo jeito que algumas pernas de arranham quebram facilmente e continuam se debatendo por algum tempo ludibriando o atacante, semelhantemente a alguns pássaros que repentinamente soltam uma maça de penas, assim a sociedade humana sacrifica uma parte sua para aplacar ou fugir dos perigos...

(...)




...no Gênesis lemos a história da criação do mundo e dos primeiros humanos. Lá se afirma que Deus criou Adão e Eva e os colocou no jardim do Éden, o Paraíso. Segundo o relato Deus os deixou naquele lugar aprazível e deu uma única proibição. Que não comecem de certa árvore. Eles desobedeceram esta lei. Quando Deus foi pedir o relatório do que tinha acontecido, Adão logo culpou Eva, que a culpa não era sua era de Eva. Esta disse que também não tinha sido sua culpa de comer do fruto proibido, tinha sido culpa da serpente. O ponto interessante deste relato é que vemos o protótipo do que aconteceria por todas as eras. Os homens projetando seus erros nos outros, suas mazelas nos outros. O mecanismo do bode expiatório. E assim como Adão acusou Eva a mais fraca (bem, não tinha outro, mas ele poderia assumir sua culpa), durante a História este padrão se repetiu. A culpa dos problemas geralmente foi de uma minoria. Por que? Jeffrey Richards afirma que: “As minorias tem sido notoriamente suscetíveis à estereotipagem. Os estereótipos são um meio de dar sentido a um universo desordenado, impondo ordem, definindo o eu, personalizando os temores. Como escreveu Sander L Gilman: todos criam estereótipos. Não podemos funcionar num mundo que não disponha deles. Eles nos amortecem contra nossos temores mais urgentes através de sua ampliação, permitindo-nos agir como se sua fonte estivesse além do nosso controle. Estereótipos são um conjunto rudimentar de representações mentais do mundo. Eles perpetuam um sentido necessário de diferença entre o eu e o outro”.

(...)

O ódio esta intimamente associado a esta projeção, se os homens visasem os erros em si mesmos, e não projetassem estes erros, a coisas seriam melhores.
Ao invés disso eles se negam a ver os seus próprios erros, e ampliam e visam estes mesmos erros jogando-os nos outros. Alguns são culpados de tudo aquilo que acusam os outros.
Imagine uma bolha transparente e lustrosa flutuando no ar, como uma bolha de sabão, só que de material mais resistente. Se você olhá-se para este globo etéreo poderia ver do outro lado. Imagine que esta bolha seja a alma humana de uma pessoa normal. Se esta alma se postasse em frente a um espelho poderia ver todo o seu conteúdo interior e sua superfície exterior. Se dentro dela contivesse detritos, impurezas, sujeiras, etc, ela poderia se ver assim. Desta forma é a pessoa que não obscurece sua personalidade com os mecanismos de defesa. Esta alma não é perfeita, tem seus defeitos, mas sabe lidar com eles, reconchece-os, admite-os. Já aqueles que são perversos, são como uma bolha em que na sua superfície grudou um material pegajoso, uma mácula. Que obnubla a superfície impedindo de verem seu próprio interior, e ao cometerem seus erros não vêem, não sabem o quanto imperfeitos são, e começam a acusar os outros por mínimos erros, e depois os assassinam e dizem que mereciam isto. Este orbe se torna como uma personalidade danificada, um ego ferido, possuidora de emoções negativas e inconscientes para consigo própria, mas que é lançada nos outros. Como acontece este dano na esfera?

(...)
  

...de tudo  exposto neste texto é provável que as assertivas  tenham foros de verossimilhança, porquanto o testemunho dos documentos apresentados e a recorrência de citações paralelas de diversos autores confluindo para o mesmo tema  surgem com um coeficiente probatório de ampla valoração... 

(...)




 INDENTIFICAÇAO COM O AGRESSOR -Mecanismo de defesa isolado e descrito por Ana Freud (1936): o individuo, confrontado com um perigo exterior (representado tipicamente por uma crítica emanada de uma autoridade) identifica-se : com seu agressor, ou assumindo por sua própria conta a agressão enquanto tal, ou imitando física ou moralmente a pessoa do agressor, ou adaptando certos símbolos de poder que o designam. Segundo Ana Freud, este mecanismo seria predominante na construção da fase preliminar do superego, pois a agressão mantêm-se então dirigida para o exterior e não se voltou ainda contra o individuo sob a força da auto-critica. 

(...)


 "Todos os que vieram antes de Mim são ladrões." ( João 10:8) Ele substitui a vingança social pelo arrependimento individual, restabelecendo o nexo racional entre os atos e as conseqüências, antes nublado pela mitologia sacrificial. (O. de C.)


"...pois a agressão mantêm-se então dirigida para o exterior e não se voltou ainda contra o individuo sob a força da auto-critica." Ana  Freud 


É só o cara reconhecer que é um pecador maldito exercendo uma auto-crítica consciencial e penitentemente se arrepender com honestidade de seus escorregões e vaciladas e parar de se fazer de vítima quando na verdade é o autor dos delitos colocando a culpa em inocentes vulneráveis. Para isto o cristianismo é uma técnica excelente.


ABSOLUTUM

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Sorriso Transcendental

Vejam esta linda menina. Ela nasceu há mais de cem anos atrás na França. Provinda de uma família muito católica aos quinze anos suplicou aos pés do Papa da época para que permitisse que entrasse em um convento para ser freira. Em sua breve trajetória dedicou-se a vida religiosa apenas. Morreu aos 23 anos de idade em decorrência de tuberculose que lhe ocasionou uma morte agonizante. (Morreu sufocando e cuspindo sangue). Muito mais poderia ser escrito sobre ela, como por exemplo o fato de ter sido literalmente aureolada como santa pela Igreja. Ela também foi considerada, assim como Santo Tomás de Aquino, Doutora da Igreja. Seu livro HISTÓRIA DE UMA ALMA é famoso no mundo ocidental e católico. Ela foi proponente da pequena via ou o caminho da infância espiritual. Um método religioso de simplicidade e renúncia. Embora muita coisa poderíamos escrever sobre ela numa perspectiva espiritual (e a internet está cheia com considerações acerca dela) vamos porém tecer alguns comentários sobre ela tendo em vista seu aspecto físico. Se como dizem, o corpo é o espelho da alma, reflete o psiquismo, vamos olhar para este reflexo mais atentamente. Assim como uma cebola, que é composta de várias camadas sucessivas comecemos nossa contemplação amorosa desta santinha francesa pela superfície brilhante e externa de sua existência, suas características físicas.
Aparentemente ela já tinha nascido predestinada à santidade e seu semblante sempre mostrou isto. Nas suas fotos ela não sorri mas ao mesmo tempo está sorrindo, uma coisa curiosa que chama a atenção e que escrevi algo sobre isto aqui: O Sorrisinho da Bem-Aventurança ou da Felicidade Final. O que me atraiu a atenção foi a semelhança deste sorriso com o o sorriso de Mona Lisa do quadro famoso. (leia a postagem). 



La Gioconda
Santa Terezinha

Agora, para as camadas mais profundas do ser dela leia os escritos que ela deixou e absorva seus pensamentos como você está absorvendo suas tênues imagens transitórias do passado.

Eu fiz a comparação do sorriso dela com o de Mona Lisa. Achei por acaso um texto de uma conferência de 47 anos atrás do senhor Plínio Corrêa de Oliveira (extremista radical fundamentalista dirão alguns) de título Sede de Almas onde ele tece umas considerações sobre Santa Terezinha no mesmo diapasão e compara o sorriso dela com o de... Mona Lisa!:

O sorriso

"Numa parte mais delicada da análise, percebemos que a boca é reta, com os lábios finos e muito firmes. É uma firmeza na qual não existe uma gota de amargura. Pelo contrário, há um certo sorriso indefinível. Falam tanto do sorriso da Gioconda, mas isto é que é sorriso! Ela não está nem um pouco sorridente, mas há um sorriso indefinível nos lábios dela. Há qualquer coisa nela que sorri, sem que se possa propriamente dizer que ela está sorrindo" (Sede de Almas)












Com certeza a mais bonita das Santas (não me venha com mini-blasfêmias!).

Todo sábado vou na Igreja da Paróquia Capela Santa Terezinha no Setor Santa Terezinha próximo de casa:

Imagem da igreja que frequento.



Santa Terezinha rogai por nós!