quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Epistolazinha de Natal


EPISTOLAZINHA DE NATAL


Feliz Natal! Há quantos anos você ouve esta saudação ser pronunciada no mês de dezembro? Tantos quantos são os anos de tua vida consciente não é verdade? É um feriado que não é nacional, que não está circunscrito a um povo só como a Páscoa Judaica (Pessach), a um país como o 4 de Julho americano, o 7 de Setembro brasileiro, mas pertence a uma multidão de povos que se chamam de cristãos, devendo este nome ao fundador desta religião que nasceu em tese neste dia de 25 de dezembro há teoricamente 2011 anos atrás.(2018) Cristãos Católicos, Ortodoxos e Protestantes têem neste dia um marco temporal para seus calendários (judeus, muçulmanos, budistas e etc têem outros calendários). Alguns grupos "cristãos" como as Testemunhas de Jeová não comemoram o natal e na verdade o condenam como um fermento (- tipo um vírus na linguagem evangélica) pagão que corrompeu o cristianismo "verdadeiro". Adventistas  e Mórmons tem também umas idéias heterodoxas com respeito ao natal. Que o natal foi uma cristianização de comemorações pagãs é um dado com sobejantes indícios de ter sido um fato. Como afirma um site batista americano aqui : "Os Feriados de Origem Pagã e  Como  Foram Adotados no Mundo Ocidental" . Em verdade, em verdade vós digo: o natal é muito mais profundo que o cristianismo (em sentido temporal), nesta página aqui o autor afirma que o tema de nascimento de um divindade por volta do solstício de inverno é um arquetipismo recorrente em muitas religiões e apresenta uma corroboração de que o cristianismo tem ressonância em bases profundas da espaço-localização e cosmologia do próprio planeta Terra, algo "astrológico", ou melhor astronomico, uma espécie de evangelho escrito na matéria corruptível, nos céus estrelados. A configuração do sistema solar influencia a natureza que influencia a sociedade e cultura. De que o cristianismo (mais precisamente a narrativa natalícia) seja baseado (ou reflita) os arquétipos profundos ou duplique a fórmula de  cultos de outras crenças não decorre que seja falso ou verdadeiro.

Nascimento e Morte Escritos nas Estrelas
 
Natal de um "mundo paralelo" sem Cristo

Um exemplo de recorrência de algo parecido ao Natal em alguns povos distantes no tempo e no espaço, de uma "Festa de Luzes" por volta do final de Dezembro é o Hanuká ou "natal" judáico


O escritor Max Sussol  disse no interessante  A Mãe de Deus não foi a Única Mãe Virgem? que os elementos do Natal (e do nascimento virginal) estão presente em muitíssimas narrativas míticas ao redor de todo o mundo em povos em múltiplas épocas... (mas ele diz que a história do Natal Cristão é um plágio destas narrativas.

Não seria uma mesma história impressa a ferro e fogo na mente humana pelos linotipos dos arquétipos?

Reverberações e ecos da "HISTÓRIA" ABSOLUTA, que emana da eternidade e submerge no temporal?

Alguém (que não direi o nome, por causa dos mecanismos de busca), afirma sobre os pontos de contatos entre religiões diferentes que: 

"A coincidência do Natal e do Eid-al-Fitr (fim do jejum) muçulmano é uma ocasião para lembrar que os pontos de contato entre as religiões cristã e islâmica - e também a judaica - vão muito além do que as fórmulas de bom-mocismo ecumênico podem sugerir." (Lembrete de Natal)

E sobre comparações entre religiões:

"Muito mais frutífera é a aproximação dos símbolos, que dizem a mesma coisa em linguagens diversas, mas de tal modo que a mente, ao apreender a comunidade de sentido entre elas, não pode traduzi-la numa terceira. Compreendida como disciplina contemplativa, a ciência dos símbolos sacros é uma introdução à clareza do indizível." (Lembrete de Natal)


Shmi  Skywalker e seu filho que nasceu por partenogênese com agente causal de origem sobrenatural.


Estas narrativas mitológicas  e das grandes religiões convergentes condicionaram a literatura e induziram os autores a enxertarem elementos desta "história" absoluta  em suas obras (para atrair apreciadores) como por exemplo fez George Lucas com Anakin Skywalker  (mais aqui) que como Jesus nasceu de uma virgem.

Na monografia Heróis de Areia  o autor explica a trajetória de vários heróis e as similaridades entre elas:

"...Como espero ter demonstrado, mesmo hoje em dia, apesar de toda a nossa nova bagagem cultural, de nossas inovações tecnológicas e   nossas cada vez mais arrojadas perspectivas, as estórias continuam repetindo umas poucas fórmulas clássicas, recombinando-as e as readaptando à nossa época. De uma certa forma, dos valores e símbolos mais profundos, nada é novo, mas sim apenas “renovado". Penso haver uma relação direta entre o sucesso de uma estória e sua capacidade de inovar a roupagem ao mesmo tempo que conserva ou resgata os elementos clássicosVeremos que as mais bem sucedidas sagas heróicas de todos os tempos não diferem muito umas das outras em sua essência..."


Veja também o livro de Joseph Campbell  "O Héroi de Mil faces" que sinteticamente grosso modo termina por dizer que toda historia é a mesma história se metamorfoseando exteriormente por fatores culturais, ambientais e históricos.

Natal idem


E este o ponto que quero chegar com respeito ao natal:

1)O verdadeiro natal é o aniversário de Jesus embora aja outros que são uma cava para este aqui ser encaixado.

2)A nossa civilização teria algo parecido ao natal por estas épocas mesmo que não tivesse havido a encarnação do Verbo Divino. (Esse negócio de Papai Noel, renas voadoras   não tem muita coisa haver com aquela cena do presépio). O "Papai Noel" é o prótese  ou engaste cultural para a jóia do Presépio. Retirado a jóia o engaste pode permanecer.



***


A despeito de o que digam religiões para-evangélicas e cientistas creio no natal como algo que tem haver com Cristo, com o seu nascimento.  É como um núcleo afetivo e psicológico  que dá o DNA de nossa civilização, que dá sentido, coordenadas  as nossas vidas. O nascimento (vida e morte) de Jesus é a história matriz de todas as histórias, é o âmago cultural da civilização Ocidental (Judáica-Cristã) (ainda). 

Talvez por diversos motivos alguém não goste do natal. Quem sabe tenha sido criado em uma família disfuncional, tenha sido muitíssimo pobre, sei lá, ou fora criado em lar não-cristão no ocidente (mesmo nestes, a maioria comemora mesmo que seja apenas culturalmente e não religiosamente) e por isto o Natal não traga boas lembranças e então aparecem os velhos Scrooges  e Grinchs sem o "zeitgeiste" natalino (o mais profundo ou cosmológico-cultural ou o  mais  recente (relativamente falando) com o verniz do manto cristão).


Nestas épocas então ocorre um fenômeno anômalo... 

Há muitos anos venho percebendo-o e não é mistério algum, existe uma bibliografia até considerável sobre esta manifestação, mas antes delas eu já vinha percebendo em primeira mão, por testemunho direto, este fenômeno psico-sociológico de final de ano. É muito conhecido pelo pessoal da área da psicologia e a partir de agora falo sério. Posso fazer uma comparação dele com as palavras de Jesus registradas em Marcos 4:24-25:


"Aos que muito tem mais será dado, mas aos que pouco tem, até aquilo que eles tem ser-lhes-á tirado"


Estas palavras magoaram a alguns, escandalizaram outros (os fizeram tropeçar , no evangelês) mas apresentam um principio de analogia de um  círculo vicioso e outro virtuoso,  aparentemente injusto, mas não sendo nem um pouco se consideramos como um dado elementar da própria vida.   Por exemplo, um alterofilista  ao se exercitar fica cada vez mais musculoso, um pessoa sedentária enfraquece e atrofia cada vez mais. Posso também usar uma analogia térmica para tentar explicar esse fenômeno. Posso dizer que na época de Natal o que está dentro que é quente, esquenta mais ainda e o que está fora que é frio, fica mais frio ainda. Pessoas muito identificadas com a civilização cristã nesta época sente se consolidarem suas estruturas simbólicas e sentem um certo conforto e segurança, dentro das Igrejas, nas famílias influenciadas pelo cristianismo. Nestes tempos os valores que estavam submergidos e meio que disfarçados ao longo do ano vêem mais a tona.  Lembranças de velhos Natais e de parentes distantes outrora reunidos são recordadas e a fé pela influencia grupal é reforçada. Quem é religioso ou simpatizante se sente no lugar certo, locado (ao contrário de deslocado). Pelo menos psicologicamente. Em contrapartida nestas épocas, apesar do clima de solidariedade e confraternização, pessoas para quem o Natal não tem o menor significado, a nem mesmo cultural, se sentem meio desenturmadas, pessoas solitárias, solteiras, sem filhos, sem parentes ou de poucos amigos  constatam-se mais solitárias e depressivas do que no resto do ano. Assim como Lima Barreto que próximo ao aniversário da perda de sua mãe era internado em sanatórios, pessoas com problemas mentais pioram nestas épocas, o que era sólido se consolida, mas o que era trincado, se racha, e as vezes esmigalha. Acontecem muitos suícidiosrebeliões em presídios (a) são comuns próximos a este período, o consumo de álcool e demais drogas aumentam consideravelmente, brigas domésticas onde parentes cobram dívidas afetivas dos outros parentes são comuns nos dias anteriores por volta  ao 25/12, os furtos e roubos multiplicam-se, ocorrem muitos homicídios. No caso destes, o ruim mesmo não é nem o número é a qualidade destes assassinatos (homicídios qualificados). Elementos que estão longe do núcleo quente afetivo de uma vida comum e normal   ao cair "a temperatura" nas frias noites do final do ano cometem os piores crimes que se tem notícia, os mais hediondos. Indivíduos desajustados cobram da sociedade e da vida a carência que se acham no direito de suprir e cometem barbaridades contra as ovelhinhas que eventualmente se colocam temporariamente fora do aprisco e do aconchego social. Esta é a hora de ficar perto da fogueira e vigilante sobre os entes queridos, porque lá fora as trevas se adensam quase ao ponte de serem apalpadas e a temperatura desce a 1000 graus sub-zero, e os lobos famintos rondam as ovelhas amadas...

Feliz Natal!

ABSOLUTUM