domingo, 5 de abril de 2015

A JANELA SAGRADA DO LESTE


Para missionários cristãos existe um conceito técnico-geográfico no âmbito das religiões, e digo, das grandes religiões da humanidade, que nomeia uma região do mundo que foi menos cristianizada, onde o cristianismo é minoria insignificante, às vezes sujeito a perseguições e discriminações violentas. Onde, na sua visão, é preciso que se lance as redes da pesca de almas para Cristo com mais intensidade. Este conceito dos missionários que agora exponho é a chamada JANELA 10/40, um gigantesco retângulo emoldurando vastas regiões do mundo onde a  religião do Carpinteiro do Universo não teve uma profunda penetração, nem no passado nem agora. É curioso que o cristianismo, originado dentro desta mesma janela, não a tenha dominado como fez no restante do mundo e ido surpreendentemente se instalar em áreas de povos não semitas e sim jaféticos, indo como uma imensa ameba (com todo respeito) fagocitando as culturas e religiões tribais europeias, deixando de fazer o mesmo na Palestina de onde se originou ou nas vizinhas África e Arábias. Existem cristãos nestes lugares, mas são minorias. Não dominando a região onde se originou, deixando isto para o Judaísmo e o Islamismo, o Cristianismo pulou o Grande Mar (Mediterrâneo) e foi sentar bases na Europa definitivamente e posteriormente se espalhado pelo mundo indo de carona nas grandes navegações e com isso tomando de conta das Américas e o resto do mundo, menos a dita janela 10/40 de onde ele saiu.
Não sei e também nunca li em lugar nenhum o motivo de o Cristianismo não ter tomado de conta da Península Arábica e indo avançando em direção ao Oriente. Naquela época inicial não havia o Islã embora o Hinduísmo a época já estava contando milênios. Não arrebanhando o povo de Moisés foi para o norte além-mar. E...é interessante, ele se desenvolveu nos primórdios em volta do Mar Mediterrâneo, depois subiu para o resto da Europa e recuou no norte da Africa, neste caso pelos ataques sarracenos. Veja este vídeo :

A HISTÓRIA DAS RELIGIÕES



Vendo a animação podemos observar um curioso desenvolvimento da expansão do Meme Cristão (concedamos) que simplesmente foi expulso da Janela 10/40 e se espalhou por todo o Globo, menos nesta janela. Missionários não faltaram, foram até mesmo no extremíssimo Oriente e em algumas partes da África advinha quem foi servido no almoço? Mas nesta região das coordenadas 10/40 o Cristianismo simplesmente não pegou. Por que será?


Eu também não sei, mas podemos aventar uma proto-teoria provisória (hipótese). O Cristianismo não fincou raízes no Oriente de onde surgiu porque como o seu fundador mesmo disse, o Cristianismo estava atrás das ovelhas perdidas da casa de Israel (refugos ou extraviados do Judaísmo). Sua cata era individual, buscava pessoas insatisfeitas com suas religiões tradicionais. Ou seja, a rede de arrasto cristã não objetivava uma nação, uma cultura, um aglomerado urbano sólido, subverter uma civilização e transmutá-la. Não fez isto em Israel, nem em nenhuma Civilização Oriental. Estava atrás tão somente da Ovelha Perdida, da moedinha perdida, do filho  pródigo que abandonara instituições milenares e tradicionais, da alma individual que arriscava cair em danação. Cristo ( o médico) não veio procurar os sãos, mas os doentes. Veio recolher os párias sociais, os inadaptados, os rejeitados, os pecadores, os lascados mesmo. Ué, não foi isto o que ele sempre disse? 

Moisés fundou Israel, Maomé fundou a Civilização Islâmica. Jesus não exatamente fundou uma Civilização Cristã. Este não foi o objetivo principal.  Talvez por isto o Cristianismo não vingou na janela 10/40 por ser muito antiga e estabilizada civilizacional e religiosamente. Então, excetuando-se a civilização Romana que o Cristianismo digeriu, ele avançou pelo mundo incorporando todas as CULTURAS TRIBAIS. Transmutando os seus usos e costumes, ritos e cultos pagãos em coisas cristãs, realmente fagocitando  e assimilando tudo. Ao passo que os canibais comiam os missionários, a religião dos missionários comia a cultura do canibais. (Veja um exemplo  disto neste texto aqui que critica o Catolicismo por ter durante milênios absorvido costume de povos que converteu:  

Os Feriados de Origem Pagã e Como Foram Adotados no Mundo Ocidental)

Malvadeza dos católicos? Que tal trocar este sacrifício:






por este?:




Realmente acho que é melhor. Mas retrogradando um pouquinho no que falávamos sobre o Cristianismo veja isto: 


"Tanto o Judaísmo quanto o Hinduísmo possuem meios de exteriorização de sua tradição, para que o indivíduo possa vê-la e assimilá-la posteriormente. Isso é algo que o Cristianismo não dispõe. Todas as sociedades cristãs foram modeladas temporalmente pelos costumes locais. A Europa Medieval espiritualmente foi moldada pelo Cristianismo, mas temporalmente as instituições não se originavam do Cristianismo. Há uma descontinuidade entre o Cristianismo enquanto religião e as sociedades cristãs. As sociedades são arranjos provisórios para facilitar a vida cristã dos sujeitos dessas sociedades. É como um quarto de hotel: você até pode adaptar uma coisa ou outra para sua estadia, mas o quarto não será a expressão da sua personalidade, como seria uma casa, por exemplo. É isto que Cristo quis dizer com "Meu Reino não é deste mundo...". (Fonte)

Tendo isto em vista fica mais suave entender porque era tão difícil para o Cristianismo inicial (e mesmo hoje) penetrar e dominar as sociedades antigas, de instituições sólidas, como os vizinhos Egito e a Babilônia. O Judaísmo escaneou o Cristianismo e passou o antivírus. Imagina a antiquíssima Ìndia. Só não entendo por que o Cristianismo não dominou a península tribal arábica contando com 630 anos de vantagem no páreo. (Páreo de Pégasos alados para ficar mais honroso)


Continuando a citação:


"Só tinha um meio de ter uma amostra do que é Cristianismo e por que deveria ter aquilo: os exemplos de santidade. Cristo não propõe a seus discípulos imediatos (apóstolos) meios de regenerar a sociedade. A história do Cristianismo não é a história das sociedades cristãs, mas é a história dos santos. Também não é a história dos padres, bispos e papas. Como ser cristão é uma realidade interna, e não externa, há um meio diferente para identificar quem é cristão: amar-vos uns aos outros como eu vos amei. Por isso não há "maus cristãos", mas "falsos cristãos".(Fonte)

Tendo isto na mente a impenetrabilidade da janela 10/40 fica mais fácil de ser entendida e o sucesso do Cristianismo face as culturas tribais de todo o mundo, menos Roma. Ao reboque dos governos e instituições imperialistas/colonialistas que se espalharam pelo mundo o Cristianismo foi se expandindo junto com o Estado nacional do qual era "aliado". As citações acima também elucidam o motivo, o  por quê de  o Cristianismo não ter dominado a Índia mesmo o fato de a Inglaterra cristã a ter dominado e ocupado por uma longa duração de tempo. Sendo muito difícil uma Cristianoformação do ambiente cultural da India, que tinha uma atsmosfera espiritual muito densa para uma religião cujo "reino não fosse desse mundo", o Cristianismo logrou sucesso nas Américas em tribos culturalmente mais rarefeitas e fragmentárias. Talvez se constantino não tivesse oficializado o Cristianismo em Roma seu destino teria seria outro. Não teria conseguido assimilar a cultura romana.  E se a mensagem cristã fosse dar a Deus o que é de Deus e dar a Deus mesmo o que é de Cézar, o como fez Maomé (Mohamed?)  sendo um lider secular e religioso unificando as tribos árabes , quase com certeza o Cristianismo teria conquistado a Penísula Arábica e quem sabe, não haveria hoje homens-bomba, maridos pedófilos, rostos desfigurados por ácidos, decapitações, apedrejamentos, etc.

Continuemos:

"Para entender o Cristianismo, é necessário entender os cristãos, e não suas sociedades. Quem julga o Cristianismo pelas sociedades não entendeu o que é Cristianismo. Quem não cumpre o critério para ser cristão não é discípulo do Cristo, ponto. Se há aqueles que dizem ser cristãos, mas não o são, é pelo motivo que é impossível em uma sociedade excluir os maus. Judas Iscariotis é o primeiro deles, e uma espécie de símbolo da presença de falsos cristãos em meio dos cristãos." (Fonte)

Sim, é muito interessante, prossigamos: 

"Quando Moisés resumiu o Judaísmo, ele fez isso pelos Dez Mandamentos, que são normas rígidas, precisas. Quanto Cristo resume o Cristianismo, ele o faz no Sermão da Montanha, mas não são normas rígidas, exteriormente falando. É uma diferença muito grande em relação às outras religiões: o Cristianismo não é uma proposta social ou civilizacional, mas uma proposta pessoal, para o qual há o testemunho da História de que ele funciona." (Fonte)

Xeque-mate na explicação de porque o Cristianismo não consegue vencer a maciça janela 10/40 civilizacionalmente .

Ainda:

"A primeira e segunda geração do Cristianismo (os primeiros 50 anos), quatro tipos de pessoas se convertiam: (1) os judeus que tinham consciência de ter pecado em abandonar sua relação pessoal com Deus, (2) as camadas mais pobres da população do Império Romano, isto é, pessoas com forte senso de privação, (3) membros da aristocracia romana que estavam cientes da decadência da sua classe e (4) pensadores e filósofos virtuosos de cunho helenista, que possuíam uma forte sensação de estarem separados do objeto de seu conhecimento, uma forte sensação de isolamento." (mesma fonte)

Cristo foi colhendo o dracma, a ovelha perdida e o filho pródigo sem o objetivo de Cristianoformatar a sociedade e instuições, mas sim as almas individuais. Sim, está claro isto ai...

Sendo assim, foi por isto que civilizacional e em alguns casos populacionalmente...

Cristo, o Deus encarnado...

Perdeu para Maomé ( um homem apenas, mas talvez enviado pelo próprio Deus para segurar as pontas espiritualmente enquanto o Cristianismo tomava de conta de outras áreas continentais):
Perdeu para Sidarta Gautama (Ghotama?) (Que prometeu não a Salvação que só Cristo pode dar, mas a Iluminação através de um monstruoso sacrifício  e renúncia pessoais. Sendo o Budismo uma religião muito parecida com o Cristianismo em muitos aspectos como o fato de não ter vingado no seu Pais de origem e também assim como fez Constantino, ter o Rei Assoca institucionalizado o Budismo como religião oficial possibilitando seu aumento.)


Perdeu para o Hinduísmo, que fagocitou e diluiu qualquer tentativa de aproximação do Cristianismo o tratando como mais uma forma de expressão do Sanatana Dharma, Lei Eterna.:

Mas Deus é onipotente, e sabe o que faz. Já ouviu falar da  FATOR  MELQUISEDEQUE?  


Continua...
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DIGITANDO


terça-feira, 24 de março de 2015

DISTOPIA - HISTÓRIAS DISTÓPICAS

Um dia desses comprei um DVD pirata na feira com o filme de título: DIVERGENTE. O filme conta a história de um grupo de pessoas que não se enquadram numa determinada sociedade totalitária ou autoritária (este tipo de filme geralmente é ambientado no futuro, mas não sempre) e lutam contra ela numa tentativa de revolução e libertação. Este resuminho sintético (seria isto uma redundância?) do filme classifica ele (classifica-o) como uma DISTOPIA.
Distopia é o inversamente simétrico de Utopia. Os dois são irreais e não existem no nosso mundo não-ficcional (Talvez um pouco de  cada um). Ao passo que a Utopia possa ser reconhecida como um lugar de sonhos, de prazer e felicidade absolutas (lugar nenhum) a Distopia como o prefixo salienta (dis- dificuldade,  privação, negação) pode ser encarada como um lugar ruim, opressivo, manietador. Embora as histórias distópicas variem infinitamente em detalhes todas possuem as características que falei no começo. (Sobre as características de livros e filmes de distopia veja estes textos interessantes aqui: distopia 01, distopia 02 e  o melhor que achei aqui : distopia  03 ).
Diante destes textos supralinkados só posso acrescentar pouca coisa. Este gênero de romance e filme foi ( e ainda é ) um dos meus preferidos e não deixo passar batido quase nenhunzinho sequer sem assistir ou ler quando algum passa pelo radar de meu horizonte de consciência. O primeiro livro deste tipo que li foi o Admirável Mundo Novo e depois 1984. Se fosse me lembrar (lembrar-me) de todos os filmes e livros distópicos que já assisti e li levaria muito tempo para escrever a lista. É isso, eu gostcho muito deste genêro e fazendo uma retrocognição não sei (ainda) por que aprecio este tipo de história... 
Mas gostaria de acrescentar, ao mencionar distopias ainda algumas coisas.
Para mim um filme ou livro para ser considerado distópico precisa ter dois ingredientes que o caracterizam inconfundivelmente como uma distopia. Uma população controlada mental e/ou geograficamente. Ou seja em quase todas as história que eu pessoalmente considero do gênero distopia estão presentes estes dois fatores que na minha visão ampliam o circulo do gênero e fazem conglobar dentro dele mais  alguns filmes e livros que geralmente não são considerados distopias. Dois traços absolutos de uma distopia para mim: Uma sociedade aprisionada em duas membranas:


1) Barreira Ideológica/psicológica.

 2)Barreira Espacial-geográfica.


Uma população sob controle ideológico/psicológico e restrita e aprisionada e um território cujo algum individuo e posteriormente um grupo tenta escapar ou sublevar é a minha noção de uma distopia. Sendo assim o filme a VILA que não apresentar nada de tecnológico e apesar de se passar aparentemente dois séculos atrás é um filme distópico clássico para mim. Neste caso a primeira barreira, a da IGNORÂNCIA era a única. A barreira física era mantida pela barreira psicológica do temor D'AQUELES DE QUEM NÃO FALAMOS. Neste aspecto da barreira de ignorância (não sem o complemento até maior da barreira física em alguns casos)o  mesmo posso dizer do filme CUBOMaze Runner: Correr ou Morrer  entre outros. Neste tipo de filme distópico os protagonistas não são nem mesmo enganados por uma cosmovisão falsa ou uma ideologia. Eles não sabem é de absolutamente nada, nadica de nada que seja exógeno a sua sociedade ou micro-sociedade ou agrupamento de pessoas. E isso os mantem presos na distopia. Geralmente o mocinho nos filmes distópicos é o primeiro a remover esta barreira espiritual que aprisiona os membros da civilização ou sociedade distópica. Este é o passo preliminar para que depois se lute fisicamente contra as forças militares (materialização da segunda membrana) que tentarão eliminar ou restringir os protagonistas dentro da distopia. Nenhuma visão, uma visão falsa ou distorcida é o primeiro círculo de constrição que precisa ser rompido para a libertação de uma sociedade distópica (Parece com o Budismo, credo, há há). Neste sentido só não considero o filme o Show de Truman uma distopia porque não há uma sociedade no caso, mas apenas um indivíduo completamente imbecilizado pela ignorância. Se Truman tivesse uma esposa (que também não soubesse de nada) e filhos, para mim o filme já seria uma distopia. Interessante, eu não tinha ainda prestado atenção nisto mas ocorreu-me agora. Encarado desde este ponto de vista de uma distopia ser uma sociedade circunscrita por duas barreiras, uma espiritual e outra física, o filme Matrix é a pior distopia, o limite máximo que os autores de ficção já chegaram (até agora) de uma escravidão humana. Os humanos em Matrix além de terem os corpos aprisionados em casulos, (sem terem nem mesmo usado os olhos verdadeiros para enxergarem) vivem em um mundo de uma fantasia que além de ideológica, psicológica, é neurologicamente, sensitivamente falso. Nas outras distopia pelo menos as coisas materiais são verdadeiramente reais. Somente sua cosmovisão é afetada.  Um outro extremo absurdo é o mundo distópico em O PREÇO DO AMANHàonde os pobres personagens além de serem limitados psicologicamente, e também territorialmente no ESPAÇO, são limitados no TEMPO, ou seja, os mais pobres precisam trabalhar para ganhar as horas de vida para serem usadas no dia seguinte. A tônica do filme é a luta por tempo de vida. 
É engraçado, sempre que assisto um filme comprado em camelô, depois vou deixar  para minha irmã, que tem uma coleção de filmes. Ao entregar para ela divergente, ela olhou a gravura da capa do filme e perguntou :

  - "É filme de : CONTRA O SISTEMA?!" 

Ou seja, ela classifica distopias como filmes contra o sistema. Esta aí uma boa definição. 

Veja um exemplo de distopia em um conto virtual aqui: (ZIGOTO - Inocência Controle Rígido) onde o título já descreve que uma forma de controle da elite distópica é manter os membros subalternos numa espécie de ignorância infantil (embora inocência seja etimologicamente ausência de culpa). Nesta história as duas membranas, digamos assim, estão presentes, a ideológica/psicológica e a que será usada posteriormente caso a primeira falhe que é a territorial, geográfica que acionará o exército ou outra força militar para manter os membros dentro de seus limites:

Neste lista que achei AQUI, existem algum filmes que não considero distopias como por exemplo Guerra Mundial Z ou Robocop pois não apresentam os dois traços que expus acima. Também não considero Laranja Mecânica uma distopia pois neste caso se trata de um grupo de rapazes psicopatas desajustados vivendo numa sociedade normal. Ou seja, é o contrário das duas características acima. O experimento científico é feito com um único indíviduo, não há uma sociedade inteira aprisionada na mente e no corpo.
Embora em quase todas as histórias (distópicas ou não) os dois instrumentos das forças adversas e antagonistas estejam presentes, que são a FRAUDE e a FORÇA (a última geralmente só sendo usada quando a primeira falha) ou a ILUSÃO e a VIOLÊNCIA , nas distopias, para ser uma distopia de verdade elas devem ser usadas contra toda uma população, com uma cosmovisão monocórdia, homogênea e um brutal isolamento espacial dos elementos desta coletividade. A violência e o engodo são institucionalizados para o grupo social completo. Às vezes não há nem mesmo um mundo exterior livre e a civilização é fechada em si mesma com uma visão de mundo que embora seja errada e distorcida seja a única que existe como em THX 1138 por exemplo e FUGA DO SÉCULO XXIIII ou METRÓPOLIS.  Em THX no final, "O Sistema" decide não mais perseguir o protagonista principal
ao concluir que a despesa de ir no seu encalço sairia mais caro financeiramente do que deixá-lo partir. 

Creio que uma das principais mensagens das distopias seja que quem controla as informações controla o fluxo dos acontecimentos e a sociedade. No filme O DOADOR DE MEMÓRIAS podemos ver que até mesmo as emoções são controladas. (da mesma forma que em THX ). Como se um braço coletivista-estatal tentasse penetrar na subjetividade individual controlando-a. No enredo deste filme todas os pensamentos associados a emoções negativas são apagados nas pessoas. Alguns indivíduos são escolhidos para armazenar estas informações negativas e passar para a próxima geração, mas, escondido da população em geral, quem não sabe nem mesmo o que é uma guerra.
Em Fahrenheit 451 é simbolicamente saliente o fato de um grupo de servidores estatais denominados Bombeiros, ao invés de extinguirem incêndios como a denominação nos faria achar, sua profissão é localizar e queimar livros. Algo que é proibido nesta distopia. Controle de informação é um elemento da barreira ideológica psicológica de uma distopia, se esta falhar... porrada. É parecido com o que faria um maníaco sexual. Primeiro ele tenta seduzir a vítima fêmea com uma conversa falsa. Se esta falhar ele poderá usar algo como um "boa-noite-Cinderela" (um controle químico como o Soma de Huxley), então se tudo falhar ele pega à força mesmo. Assim fazem as elites distópicas com a sociedade delas.

Já existiu alguma sociedade distópica?  Creio que não, mas acho que a União Soviética e a Alemanha Nazista foram as que mais se aproximaram deste ideal. Na verdade Orwell o criador de 1984 criou sua distopia inspirado na URSS. Acho que alguns países islâmicos são como distopias. Com toda certeza sei que alguns que lerem isto automaticamente suscitarão, dialeticamente, a contraditória oposta ideologicamente: Não foi a Cristandade medieval uma distopia? Está de sacanagem... Primeiro, fisicamente, qualquer um poderia sair dos territórios ocupados por ela a qualquer momento que quisesse. Talvez houvesse é verdade um certo controle cognitivo e afetivo. Mas acreditava quem quisesse, quem ficasse calado não chamaria a atenção. E o controle era na maior parte apenas sobre doutrinas religiosas e pecados. Exercendo uma influência (ainda que avassaladora) e não um controle nos demais aspecto da sociedade. Cristo rachou qualquer germe de uma distopia cristã quando disse:


 Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus (Mateus 22:21 

Na cristandade o Estado sempre foi laico, embora em certos trechos de sua história isto não fosse muito reconhecível. Mas houve abusos é verdade. Por falar nisto acho que algumas seitas religiosas realmente se aproximam de uma distopia conforme as duas características que mencionei, principalmente quando se retraem em comunidades isoladas. Já assisti um filme quando mais novo, um  episódio de Amazing Stories    onde em uma distopia havia uma punição para criminosos que consistia de uma tatuagem no meio da testa que identificava o infeliz como um "homem invisível", (creio que este era o nome do episódio). Ele simplesmente, enquanto portasse este estigma, não poderia se comunicar, nem mesmo ser encarado por qualquer outra pessoa desta sociedade. Isto o colocava numa situação dificílima para sobreviver. Nem mesmo enfermeiras em hospitais poderiam atendê-lo. Ao avistarem a marcar paravam imediatamente de falar com ele e o tratavam (tratavam-no) como se ele  não existisse. A marca era removida quando ele cumprisse os anos da pena. (Você poderia  me dizer o nome deste episódio ou localiza-lo para mim?). Bem, você sabia que existe um grupo religioso que criou de fato e de direito esta instituição? É um grupo cristão denominado Testemunhas de Jeová que criou para sim um Mundo Orwelliano onde a pena máxima é a desassociação. Um desassociado não pode ser encarado por uma Testemunha e não pode receber nem um simples oi. Esta pena geralmente é aplicada até mesmo aos parentes Testemunhas. Mas qualquer um pode sair desta religião quando quiser... nas distopias isto seria mais difícil. Pelo que eu sei a única religião que mata os dissidentes é aquela do crescente e da estrelinha. (Tá bom, eu admito que os sacerdotes católicos sapecaram alguns em século atrás)
Terminando creio que a verdadeira utopia seja o Paraíso e a distopia real seja o Inferno. 
Nos vivemos num meio termo com dores e prazeres, liberdades e privações. 

Absolutum


Adendo: Um amigo localizou para mim o episódio da distopia que mencionei, não era Amazing Stories e sim Além da Imaginação. O nome do episódio era : Para ver o Homen invisível. Assista aí:
Sem tirar nem por é exatamente isto que as Testemunhas de Jeová fazem com ex-membros, digite no Google:desassociação testemunhas de jeová, e saberá o que este grupo quase distópico inventou. (Já fazem 17 anos que saí desta m...)  Obrigado Marcus, matei a saudade desde episódio. 

sexta-feira, 20 de março de 2015

A BÍBLIA NA BIBLIOTECA.

Ontem  eu estava na Biblioteca pública municipal. Vi um magote de livros dentro de um saco plástico transparente. Era uma doação de alguém para a Biblioteca. Entre eles havia um livro que sempre quis. Fui protestante desde muitos anos atrás e ao me converter ao catolicismo nunca tinha conseguido uma escritura sacra que fosse de origem católica. Na verdade só li os 66 livros que formam o cânon protestante e nunca li os livros que os protestantes dizem que não fazem parte das escrituras inspiradas. Tipo um tal de Tobias, Macabeus etc. Para ser sincero nem sei o que estes livros contém. Agora tardiamente é que vou lê-los. Uma curiosidade que eu quase  não sábia é que as Bíblias Católicas, Protestantes e Ortodoxas têm alguns livros que  estão presentes em uma religião e ausentes na outra. Algumas igrejas cristãs na Africa e outras cristãs orientais tem uns livros incluídos na Bíblia no  cânone oficial  que nem o nome eu já tinha ouvido, tipo: Livro do Jubileu e outros. Quer dizer: A Bíblia não é a mesma para todos os cristãos do mundo, uns tiram outros colocam alguns livros. Somente os quatros evangelhos estão presentes em todas as Bíblias de toda a cristandade. Que conclusões podemos tirar disso? (Eu mesmo não sei...). Os Judeus só tem uma parte da Bíblia do ponto de vista cristão ( o Antigo Testamento). São mistérios...

Mas voltando à biblioteca, quando vi o monte de livros e vi esta Bíblia no meio, disse a bibliotecária que já tinha muitos livros na biblioteca, estava abarrotada,  e tendo isto em vista perguntei se ela não poderia me dar aquela Bíblia velha (Edição de 1977, papel amarelado pelo tempo). E ela : - Pode levar! Agradeci expressamente.  Deus atendeu um desejo antigo meu? Pode ser. Na verdade nunca expressei este desejo em oração. Pode ser ou pode não ser. Prefiro que tenha sido...

Obs: Sem pôlemicas religiosas por gentileza.

Bíblia Sagrada Edição Popular

Um quilo e seiscentas gramas na moleira.

Até... 

quarta-feira, 18 de março de 2015

PITAIA

Um certo dia quando eu era menino, creio que tinha uns 09 anos se não  me engano quando vinha de um banho em um córrego  não muito próximo de casa, mais alguns amigos, observei uma certa frutinha vermelha que nascia em uns mandacarus ou xique-xique (uma espécie de cactus). O pessoal da região nunca come este treco pensando, eu acho, se tratar de uma flor ou algo não comestível. Como achei pela cor e formato que aquilo deveria ser um fruto e talvez ser de um sabor agradável, experimentei. Até que o gosto não foi ruim. Desde então sempre que vejo um pé de mandacaru carregado com estas frutinhas vou lá colhe-las e levo-as para casa. O pessoal às vezes estranha. Tenho o hábito de experimentar frutas e outros alimentos exóticos pois acho que a língua está para os alimentos assim como os olhos estão para as formas e cores (leituras incluso) ou os ouvidos estão para os sons (música clássica incluso). Sempre que faço compras no supermercado ou vou no mercado público, fico procurando por surpresas gastronômicas ou novas "informações linguais" (há há). Já comi jacaré frito em óleo de banha de sucuri, rã (que aqui a gente chama de GIA) e outros animais que o Ibama não aprovaria. Quando vou no supermercado e tem aquela sessão de frutas exóticas quando vejo uma que ainda não degustei, levo uma unidade para conhecê-la. Levo uma unidade porque realmente é só o que consigo comprar pois elas custam os olhos-da-cara. Depois do primeiro episódio com a frutinha vermelha do xique-xique passaram-se um, dois, três anos... e mais uma, duas, três décadas e então um dia desses, eu já com meus quarenta anos redondos vi esta semana no supermercado uma fruta inédita (Para mim pessoalmente, é claro). 

Me chamou a atenção por parecer uma flor e ao manuseá-la de perto ela me lembrou da fruta do mandacaru. Li na plaquinha: PITAIA. O gosto era parecido com o Kiwí e as frutinhas que eu degustava quando menino. Ao chegar em casa pesquisei no onisciente Google sobre pitaia é não é que minha indução estava certa! A fruta que incorporei ao meu banco de dados gustativo era parente da mesma frutinha do cactus. Ela também nascia em cactus. Que curioso há há. Desde as regiões da multiplicidade e diversidade infinita manda mais outra Senhor Jesus!


quinta-feira, 12 de março de 2015

O MAIS IMPORTANTE É O AMOR

Você se lembra de um livrinho que era distribuído gratuitamente por uma tal de liga bíblica mundial contendo o Novo Testamento em português cujo título é O MAIS IMPORTANTE É O AMOR? Acabei de lê-lo depois de décadas vendo ele jogado por todo canto e nunca me interessar por sua leitura. Numa linguagem quase  coloquial, num português mais simples, quase uma paráfrase dos Evangelhos, o livrinho transporta os antigos pergaminhos cristãos para uma linguagem de nossa época. Poderá adquirir um exemplar neste endereço aqui: O mais importante é o amor.



Até...

KINGSMAN - SERVIÇO SECRETO


Para quem gosta de filmes de 007, o James Bond,  Kingsman - Serviço Secreto foi talhado para agradar a tais pessoas. O filme é uma homenagem humorística, uma paródia de filmes de agentes secretos e espiões com menções e alusões a tais filmes. Os personagens bebem para caramba as bebidas mais chiques e caras, assim como 007 fazia. Os ternos indefectíveis são outra lembraça do James Bond.  Há uma menção também ao Maxuel Smart, o Agente 86 e seu Sapatofone. O vilão, Valentini com sua língua presa é fantástico, e como sempre seu plano de dominar o mundo é levado em frente com a ajuda da tecnologia mais moderna. (Não vou contar mais para não estragar a surpresa.). Tecnologia está que também salva todos os agentes secretos em todos os filmes. 



O vilão Gênio do Mal com trajes meio que Rappers e e fala do Patólino




A cena que mais me perturbou, me fez não entender mais nada do filme e que mais fez-me rir às gargalhadas e ao mesmo tempo a mais chocante foi uma que não vou contar para não estragar a surpresa do filme mas se você já quer adiantá-la poderá ver aqui:    CENA DA IGREJA FUNDAMENTALISTA

Tudo sobre o filme veja na internet. Mas me chamou a atenção neste caso três coisas:



1) O Vilão como Gênio do Mal ou cientista louco. Cuja alguma reflexão sobre este fenômeno você poderá ver aqui: O Gênio do Mal, A Ameaça do Gênio e O Gênio da Lâmpada  que foi de onde extraí esta analise sobre os Gênios do Mal:





"Vejamos outro ponto de vista sobre o cientista louco. É que os grandes vilões fictícios costumam ser criados de modo a serem os únicos responsáveis por todo o mal que causam. Diferente de, por exemplo, os grandes ditadores, tiranos, gangsters, que naturalmente dividem a responsabilidade de seus atos com seus comparsas, subordinados, seguidores etc.
Acontece que um indivíduo sozinho jamais poderá ser capaz de causar uma ameaça à sociedade em si, não sem compartilhar objetivos e ganhos com associados. Portanto, para que uma só pessoa possa ser considerada um grande vilão capaz de por em risco a própria humanidade, ele deve ter um grande poder em especial, e é aí que entra a "ciência", como uma espécie de porta para o domínio da natureza, promessa de realizações que tragam tecnologias superiores capazes de subjugar uma civilização. Poderiam ser magos, bruxas, ou super poderes, mas no caso, só o "super cientista" seria capaz de feitos similares.
Antes de funcionar como uma desculpa, essa percepção apenas agrava a noção de que o conhecimento seja apenas um instrumento para a obtenção do poder, com objetivos escusos, como se alguém que fundamentalmente é um candidato a ditador, ou um psicopata qualquer, fosse capaz de penetrar nos domínios do conhecimento aplicado para realizar essas pulsões primitivas. Ou seja, ao invés de achar que o Conhecimento, a Ciência em especial, necessariamente levará ao Mal, pensasse que o Mal é capaz de promover e produzir Conhecimento avançado.
Ocorre que a única coisa que de fato resulta no desenvolvimento do saber é a busca do saber em si mesma, algo mais próximo da curiosidade do que da mera utilidade. Quem faz pesquisa, em geral, faz porque gosta! O filósofo investiga o pensamento, na maioria das vezes, por prazer. A cientista estuda a natureza por vocação. Ninguém entra em qualquer um desses campos para ganhar dinheiro, conquistar parceiros ou ficar famoso. É claro que isso pode acontecer e ninguém se opõe, pois é possível unir o útil ao agradável, mas o talento necessário para ser um cientista, um intelectual ou pensador em geral, é mais específico. É seguramente mais fácil ficar rico e famoso cantando funk do que se envolvendo com a produção de saber."


2) Por que nós filmes de espiões um capanga do vilão tem que ter alguma deformação que suprida por uma prótese o torna mais ameaçador ainda? Como por exemplo um ajudante de vilão de um dos filmes do 007 que tinha uma mão decepada e que era compensada por um gancho ou outra arma manual. Havia outro também que tinha dentes de metal, você lembra?


 














Estas deformações às vezes aparecem no Vilão principal também, seria uma simbolização física de deformações morais?






















Mas por falar nisto a terceira coisa que me chamou a atenção no filme foi que a capanga de Valentini que tinha as pernas mutiladas e substituídas por duas armas perigosíssimas . Descontando o fato de ser vilã e a deformação física das pernas, ela é linda, nunca a tinha visto nem a conhecia mas fiquei apaixonado e até procurei por ela no Face para adicioná-la. A Gazelle no filme, a atriz Sofia Boutelli. No filme ela parte o coração de um agente, mas literalmente quando o parte bem no meio com suas pernas letais:



 Sofia Boutelli:



Algumas imagens do filme:





Vou assistir mais uma vez.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

GRAVOSFERA

GRAVOSFERA



Como desde a minha infância gostei de ler e estudar amadoristicamente, cheguei a ler uma quantidade de livros considerável e acho que aprendi algumas coisas neste passatempo. Por isso resolvi escrever neste blog algumas das idéias, conceitos e outras coisas mais que me vieram à cabeça. Considerando o tempo transcorrido desde o primeiro post do blog e a data atual (26/novembro/2007 à 26/janeiro/2015) deveria haver centenas de postagens e não apenas as 55 que tem. Acontece que escrevo neste blog também amadoristicamente sem preocupação com números ou com o reino da quantidade. Doravante após este pequeno balancete tentarei ser mais assíduo nas postagens  do blog e também tentarei terminar as postagens incompletas.



GRAVOSFERA



O nome Gravosfera foi uma constrição ou compactação do antigo nome do Blog: ATMOSFERA DENSA, GRAVIDADE DOBRADA  , que após se tirar o adjetivo DENSA e o advérbio DOBRADA, ficou ATMOSFERA  + GRAVIDADE. ou GRAV + SFERA = GRAVOSFERA, que também pode-se dizer que é uma esfera de gravação.



A primeira postagem foi a de um conto de Ficção Científica que escrevi, uma distopia, tema que gostava muito no passado: 




Aqui também temos o mesmo conto noutro formato:





Dois anos depois postei este rascunho de um Ensaio que  vislumbra uma classificação moral nas almas:




Depois continuei escrevendo esparsamente e falei sobre a influência da política na violência aqui:





Posteriormente falei sobre um reflexo das tipologias das castas na produção de entretenimento, sendo a base da pirâmide social representada por anões gêmeos em muitas criações fictícias:






Na sequência discorri sobre uma curiosidade que detectei em um dos  meus filmes prediletos:






Falei um pouco sobre ontologia e transcendência em :







Expus uma recorrência que constatei em filmes e livros aqui:






Fiz uma brincadeira com os Elementos aqui:






Fiz outra brincadeira sobre o Graal e a Copa do Mundo aqui:





Sobre ética e ontologia discorri um pouco aqui:





Tentei demonstrar a relação entre o pensamento mágico e o racional aqui:







Algumas observações sobre o Natal expus aqui:






Sobre a configuração do mundo físico e sobre a consciência aqui:






A parte dois deste texto acima, coloquei aqui:






Uma anamnese afetivo literária, fiz aqui:






Sobre algo transcendente veja aqui:






Uma dinâmica acerca dos reptéis e mamíferos residuais em nós, clique aqui:






Sobre alguns simbolismos, da cruz por exemplo, veja aqui:





Algumas reflexões sobre o Mestre e sobre o Mestre do Mestre, neste local aqui:





Sobre alguns tipos de Paraísos clique aqui:




Sobre o corpo humano e como as religiões tratam de como se deve tratá-lo  veja aqui:





Na sequência sobre Drogas e Meditação veja aqui:





Prosseguindo, sobre o Jogo que é a Vida, veja:







Sobre o que uma fila tem haver com filosofia dê uma olhada aqui:




E mais algumas recomendações de leituras e filmes veja alhures no blog. Bom, foi isto que escrevi nestes 7 anos. Muito pouco. Mas é só um passatempo despretensioso. Pelo menos é o que eu acho. 


Absolutum em 29 de janeiro de 2015.